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11 de fevereiro de 2010

A lição da RBS


Por Elaine Tavares em Palavras Insurgentes

Eu tinha pouco mais de 20 anos quando comecei a trabalhar na televisão. Era uma empresa da RBS em Caxias do Sul. Encantada com o mundo do jornalismo, o qual eu perseguia desde menina, “vestir a camisa” da empresa me parecia a coisa mais certa a fazer. O trabalho passou a ser minha própria vida. Não havia separação. E era comum fazer milhares de horas extras sem ganhar nada, trabalhar nos finais de semana, feriados. Eu amava o Otaviano, meu chefe direto, que era um competente jornalista e me ensinou quase tudo o que eu sei, tinha profundo carinho pelo diretor da TV, o seu Ênio e atuava com companheiros do mais alto gabarito, seja no nível da reportagem (Britto Jr) ou da imagem (Vaderlei, Dino, Luis). Não via qualquer contradição entre capital X trabalho. Era uma alegre e bem comportada funcionária da RBS. Até que um dia, e própria empresa me deu uma lição que jamais pude esquecer.

Dentre os trabalhadores da rede, havia um por quem eu tinha muita ternura. Não vou aqui dizer o seu nome, mas ele atuava na área da engenharia. Era um pouco assim como eu. A empresa era sua primeira pele. Tudo fazia por ela e os colegas diziam que ele tinha trabalhado com Maurício (o criador da RBS) desde os tempos de Passo Fundo. Amava a RBS mais que a si mesmo, mas era totalmente puxa-saco. Como ele vinha muito à Caxias a gente sempre conversava muito e eu, espevitada, me irritava um pouco com aquilo. A gente brigava.

Naqueles dias de 1983 eu já incursionava pelas reuniões de sindicato da cidade, por conta das reportagens e admirava uma mulher, presidente do sindicato dos gráficos, que iniciava a construção do Partido dos Trabalhadores por lá. Foi quando comecei a me enredar nestas coisas da política e a perceber que as empresas capitalistas existem para sugar o sangue dos trabalhadores. Comecei a observar melhor minha relação com a RBS. Entrei para o sindicato dos radialistas e passei a exercer a função de delegada sindical. Tudo mudou pra mim e nas conversas que eu tinha com esse amigo, ele me dizia: “Olha, tu deixa isso pra lá, tu vai te queimar. A empresa te dá um pé na bunda. Larga de política e vai trabalhar”. Óbvio que não larguei, ao contrário, e quem me incentivou a mergulhar nisso foi a própria RBS.

Ocorre que esse meu amigo estava para se aposentar. Ele fazia planos, mas sofria por se saber fora daquele lugar que era a sua vida. E a gente falava muito sobre isso. Então, um dia, sem mais, nem porquê, nos chegou a notícia: o companheiro havia sido demitido. Tinha mais de 25 anos na empresa, a um passo da aposentadoria. Ficou sem eira nem beira, no chão. A RBS era seu mundo. Estava acabado. Cheguei a vê-lo meses depois, um homem arruinado. Então, na aurora do despertar da minha consciência de classe eu percebi: quando a gente vende a força de trabalho para uma empresa capitalista, duas coisas podem acontecer.

1 – Tu luta, e é demitido.
2 – Tu não luta, se esforça, defende e ama a empresa, e é demitido também.

A empresa me ensinou. Nunca mais tive dúvidas. E desde então, onde quer que vá, estou sempre na luta, no sindicato, nos movimentos. Porque o sistema que nos oprime não tem compaixão. O grande jornalista José Martí já educava. Melhor morrer de pé que viver ajoelhado.

No último mês de janeiro deste 2010 vários companheiros jornalistas desta mesma empresa foram demitidos. Muitos deles com mais de 15 anos de casa. Gente que deu seu sangue, sua vida pela RBS. Foram mandados embora assim, sem mais, nem menos. Talvez a empresa os considere velhos, sem criatividade e afinal, há um exército de meninos e meninas à espreita, esperando uma vaga na prima-irmã da platinada. Estes companheiros e companheiras fizeram tudo certinho, trabalharam com afinco e dedicação, raros se meteram em lutas laborais. E esta é paga. Eu aqui me solidarizo com estes companheiros, por quem tenho profundo respeito e admiração. Posso imaginar a dor e a perplexidade, assim como senti naquele longínquo amigo.

Então escrevo essas linhas, para lembrar aos jovens esta triste lição: o trabalho duro e comprometido junto às empresas capitalistas não nos garante qualquer compaixão. Neste sistema perverso só a luta coletiva nos leva a conquistas de vida digna. Só a luta solidária nos aproxima e nos irmana na busca de um mundo novo. Estarmos juntos e em comunhão é nossa única opção contra a rapina do capital*!

*Grifos nossos.

16 de janeiro de 2010

Um causo tipicamente neltairiano

Do blog do Kayser:

Causo contado pelo Neltair Abreu, nosso bom Santiago:

"Grafarianos

Conto-vos que na quinta feira fui ver a convite do meu amigo Paulo Caruso o seu show musical-satírico.
Na saída fui cumprimentar os artistas e eis senão quando aparece a figura do digníssimo engenheiro Alcides Capoani, presidente do CREA, que enveredou em direção à roda onde estavam os irmãos Caruso e o Veríssimo e veio apertar a mão de todos.
Claro que escondi a minha mão e disse bem claro e bem alto pra todos ouvirem "Não aperto a sua mão porque o senhor me botou na rua da revista do CREA!"
O cara meio gaguejou e tentou explicar.
O Veríssimo ficou com uns olhão sem entender!!!
Ficou um climão e logo ouvi que ele tentava explicar pro André Damasceno q era um contrato com o chargista, piriri-pororó !!!!
Na saída passou vermelho e bufando por mim e disse "eu não te conhecia, mas tu é ignorante, não sabe dialogar!!!" .

Santiago
Precisavam ver o terno cor de pinhão-furta- cor da figura!!!!!"

E completa depois:

acho q o cara tem direito de botar na rua, mas eu quero ter o sagrado direito de negar-lhe acintosamente o cumprimento!!!
santiago
é claro q ele tem direito de demitir, mas o correto era ter uma pesquisa de opinião entre os CREANOS dizendo q não gotavam da charge!!

16 de janeiro de 2009

A mentira das demissões

Do blog do Eduardo Guimarães, Presidente do Movimento dos Sem Mídia:

Pode-se dizer qualquer mentira contando parte da verdade, e é isso o que está fazendo a mídia na questão do nível de emprego no Brasil. Com finalidades políticas, a mídia tenta fazer o consumidor parar de consumir, de forma que, com queda nas vendas, os empresários demitam. E com demissões e quebradeiras, a popularidade de Lula finalmente cairia, beneficiando politicamente os autores dessa insanidade.

Tentou-se, pelas duas vias (empresários e trabalhadores), induzir a crise. Com os empresários, não está funcionando. Eles gostam de dinheiro, não querem crise, menos aqueles grandes empresários que mamam nas tetas do Estado, que Lula não está tratando a pão-de-ló ao exigir deles contrapartidas para receberem dinheiro público, tais como não demitir e investir.

A Globo, a Folha, a Veja, em suma, a quadrilha midiática que prejudica o país, que parou de fazer jornalismo faz tempo, que virou mera máquina de propaganda do governador de São Paulo, José Serra, a fim de elegê-lo presidente em 2010, está difundindo um aumento do desemprego que não está ocorrendo da forma que apresentam.

Este blog pretende explicar os fatos a fim de que seus leitores os difundam o máximo que puderem e enquanto é tempo, porque o noticiário está impressionantemente alarmista e já começa a surtir efeito.

Nos jornais e telejornais surgiram, nos últimos dias, fatos e números que são verdadeiros, mas que contam apenas parte da verdade. A questão foi pouco explicada e não estou vendo ninguém explicar a onda de desemprego que dizem que há. Começarei, pois, pelo mais óbvio até chegar à malandragem mais importante e que ninguém está explicando e que Lula até explicou, mas ninguém percebeu.

Esse noticiário começou acenando com milhares de demissões que estão ocorrendo na indústria automobilística, com destaque para 744 demissões na GM. Mesmo dizendo que os demitidos foram trabalhadores contratados em regime temporário, portanto sob expectativa de que tais contratações seriam só para suprir uma situação de aumento momentâneo da demanda, a relevância desse fato não está sendo bem explicada.

Os demitidos foram contratados em caráter temporário bem antes do agravamento da crise no mundo e no Brasil em setembro do ano passado. Havia a expectativa de não serem mais necessários em algum momento, por isso foram contratados temporariamente, mesmo que houvesse expectativa de manutenção de nível de demanda e, portanto, do emprego. As demissões nas montadoras são bem menos grave do que se pensa.

A indústria automobilística está puxando para cima o número de demissões e de queda na atividade industrial. Isso ocorreu por falta de crédito internacional, que financiava as taxas de juro baixíssimas que eram oferecidas na compra a prazo de carros, que era a maior parte dos negócios.

Com a paralisação dos negócios com carros novos por falta de crédito – e não de ânimo do consumidor –, a produção das montadoras parou e as indústrias de autopeças, que entregam a elas grandes volumes e que estão ajustadas para demanda ininterrupta da linha de produção dessas montadoras, passaram a demitir.

Porém, com medidas do governo para suprir a falta de crédito e com renúncia fiscal favorecendo as montadoras, em dezembro a compra de carros novos subiu fortemente e várias linhas de produção serão retomadas. Há expectativas de aumento das vendas depois do primeiro trimestre, por isso as montadoras querem que os trabalhadores aceitem ganhar menos até que elas voltem a ter lucros estratosféricos, pois demitir as colocaria numa situação como a que narrarei a seguir.

Sou representante de comércio exterior de uma indústria que vende a montadoras. Viajo pela América Latina para fechar contratos de exportação. Em novembro do ano passado, com a paralisação do suprimento da linha de montagem das montadoras, o dono da empresa que represento, assustado, demitiu dez por cento dos seus empregados. Precipitou-se, apesar dos meus avisos.

Na primeira quinzena de janeiro, a demanda explodiu, pois a empresa também vende para o mercado paralelo (para atacadistas de autopeças) e este, que também tinha se retraído em outubro, novembro e dezembro, diante dos muitos negócios que perdeu por falta de mercadorias lotou aquela fábrica com pedidos neste mês.

A fábrica demitiu cerca de 30 trabalhadores da produção. Agora, está tendo que trabalhar três turnos e, assim mesmo, não está suprindo a demanda. Os clientes dos clientes da fábrica estão pressionando seus provedores e acabarão cancelando pedidos e indo comprar da concorrência.

Os empresários que embarcaram no jogo político da crise se deram muito mal. Como não estão demitindo a contento, pois as demissões são em setores localizados com esmagadora liderança do setor automotivo, tenta-se agora sabotar a economia pela via do consumidor alarmando-o com o fantasma do desemprego.

O mais trágico disso tudo é que se o consumidor comprar passagem nesse barco furado, acabará perdendo seu emprego. Caindo a demanda, seu patrão demitirá. Mas o noticiário sobre desemprego assusta, mesmo que esteja sendo distorcido a fim de alarmar.

E agora vou explicar a pior das malandragens: a mídia infestou jornais e telejornais com notícias de que as demissões em dezembro foram as maiores desde 1999. É verdade. A mídia só não diz que as contratações também foram as maiores da história, em 2008, de maneira que os números do IBGE mostrarão, em breve, um resultado melhor do que se pensa, ainda que venham a mostrar certo aumento do desemprego.

Esta é minha denúncia. Espalhem-na, por favor. A cada dia de alarmismo, mais estragos são causados. O país está sendo sabotado. Não há um grande aumento do desemprego, mas outros empresários poderão fazer o que fez aquele que mencionei acima, que se assustou e demitiu por conta, pagando, em média, 4 meses de salário para cada demitido, e agora terá que recontratá-los, depois de dois meses (!).

Fico meio exasperado porque não tenho como difundir adequadamente esta denúncia. A mídia bloqueia qualquer coisa neste sentido, qualquer coisa que contrarie os prenúncios das desgraças que ela alardeia a fim de que o eleitorado fique insatisfeito com o governo e vote em Serra em 2010.

Minha família e eu dependemos do meu trabalho. As de vocês - e vocês mesmos –, também. A quase totalidade do país trabalha duro para viver, seja como empresário ou como trabalhador. Não receberá os “brindes” que Serra distribuirá à mídia, se for eleito presidente. Não passam de algumas dúzias os que serão beneficiados pela eventual débâcle econômica do país.

Não se omita. Ajude-me a ajudar o país. Difunda este texto como se sua sobrevivência dependesse disso. E que Deus nos ajude, sendo tão ameaçados por essas máfias midiático-oposicionistas.

Como funciona o golpe das demissões

Abaixo, vocês lerão comentário de um leitor que revela como o tom do noticiário e as manchetes têm um efeito catastrófico sobre a mente dessa maioria. Vejam o diálogo extraído da caixa de comentários deste blog:

[Junior] [Campinas - SP] [Esp. TI] - Edu, a informação atual é de que foram demitidos 650 mil trabalhadores no mês passado, contra a média histórica de menos da metade. Qual sua análize frente a esta informação? Como ela poderia ser dada sem alarmismo e sem esconder os números?

RESPOSTA E. G. : Poderia ter dado o resultado entre contratações e demissões. assim como as dispensas foram as maiores, as contratações foram muito fortes, ainda que tenham caído de ritmo.

[Junior] [Campinas - SP] [Esp. TI] - Edu, espera aí, eu entendi que 650 mil demissões é o saldo final, líquido das admissões. Pelo que você está dizendo, não. Ou seja, se foram admitidos 650 mil trabalhadores em dezembre, então o saldo entre empregados e desempregados é zero. É isso? Se é, então está faltando o número de admissões em dezembro para contrapormos com o de demissões?

RESPOSTA: Exatamente. Foram divulgadas apenas as demissões, que eram de uns 350 mil em dezembro de 2007, e faltou divulgar as admissões.

Essa pessoa, devido ao tom das manchetes ou por ter se informado através de matérias que não contaram a história das demissões direito, ficou achando que o número divulgado de demissões em dezembro era o que seria lógico divulgar, ou seja, o número do saldo final entre demissões e contratações de empregados. Só que não é isso que a mídia escolheu divulgar.

A mídia preferiu divulgar para quanto subiu o número de dispensas num mês de dezembro omitindo ou minimizando o fato de que é um mês de aumento do desemprego, tradicionalmente, e deixando a impressão de que a perda de vagas no mês foi de 600 mil, quando pode ser até que não tenha havido perda. De qualquer maneira, perda, se houver, será de algumas dezenas de milhares de vagas e não centenas de milhares, entenderam?

E só para convencer quem acha que o número de 600 mil vagas extintas divulgado pela mídia é o do saldo entre contratações e demissões, reproduzo, abaixo, trechos de reportagem de hoje da Folha de São Paulo tratando do assunto. O título da matéria é o de que Lula “admite” maior aumento do fechamento de vagas desde 1999. Daí, já se tira uma opinião, entendem? Mas, lendo a matéria, nota-se que, na verdade, o número é das vagas fechadas sem computar as abertas, e de que estas tiveram o maior aumento da história em 2008.

Se falassem de quantas vagas foram realmente pedidas, no saldo final, o impacto seria muitíssimo menor. Leiam os trechos da matéria da página A4 da Folha de São Paulo de sexta-feira 16 de janeiro de 2009.

Lula admite demissão recorde em dezembro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu ontem [...] que o número de demissões em dezembro pode ter batido recorde. [...] Segundo estimativa apontada pelo próprio presidente, "Tivemos uma anormalidade no mês de dezembro, e é importante lembrar que, na série histórica, dezembro é sempre anormal", disse.[...] Embora dezembro seja um mês tradicionalmente marcado pela retração do mercado, os números flutuavam em torno de 300 mil vagas fechadas. Em 2007, o dado ficou negativo em 319.414 postos de trabalho. [...] Segundo Lula,[...]"Chegamos até outubro a 2,1 milhões de trabalhadores contratados e vamos fechar o ano com um saldo positivo de quase 1,5 milhão de empregos novos " [...]