2 de novembro de 2010
OS DESAFIOS DE DILMA – O BRASIL E A ORDEM MUNDIAL
30 de setembro de 2010
A TENTATIVA DE GOLPE NO EQUADOR – OU O GOLPE?
15 de agosto de 2010
Chomsky: “Os EUA são o maior terrorista do mundo”

O morro El Bosque, um pedaço de vida natural ameaçado pela riqueza aurífera que se esconde em suas entranhas, desde a semana passada tem uma importância de ordem internacional. Essa reserva, localizada no centro da cidade de Cauca, muito próxima ao Maciço colombiano, é o cordão umbilical que hoje mantêm aos indígenas da região conectados com um dos intelectuais e ativistas da esquerda democrática mais prestigiados do planeta.
Noam Abraham Chomsky. Quem o conhece assegura que é o ser humano vivo cujas obras, livros ou reflexões, são as mais lidas depois da Bíblia. Sem duvida, Chomsky, com 81 anos de idade, é uma autoridade em geopolítica e Direitos Humanos.
Sua condição de cidadão estadunidense lhe dá autoridade moral para ser considerado um dos mais recalcitrantes críticos da política expansionista e militar que os EUA aplica no hemisfério. No seu país e na Europa é ouvido e lido com muito respeito, já ganhou todos os prêmios e reconhecimentos como ativista político e suas obras, tanto em linguística como em análise política, foram premiadas.
Sua passagem discreta pela Colômbia não era para proferir as laureadas palestras, mas para receber uma homenagem especial da comunidade indígena que vive no Departamento de Cauca. O morro El Bosque foi rebatizado como Carolina, que é o mesmo nome de sua esposa, a mulher que durante quase toda sua vida o acompanhou. Ela faleceu em dezembro de 2008.
Em sua agenda, coordenada pela CUT e pela Defensoria do Povo do Vale, o Senhor Chomsky dedicou alguns minutos para responder exclusivamente a Semana.com e conversar sobre tudo.
Quê significado tem para o senhor esta homenagem?
Estou muito emocionado; principalmente por ver que pessoas pobres que não possuem riquezas se prestem a fazer esse tipo de elogios, enquanto que pessoas mais ricas não dão atenção para esse tipo de coisa.
Seus três filhos sabem da homenagem?
Todos sabem disso e de El Bosque. Uma filha que trabalha na Colômbia contra as companhias internacionais de mineração também está sabendo.
Nesta etapa da sua vida o que o apaixona mais: a linguística ou seu ativismo político?
Tenho estado completamente esquizofrênico desde que eu era jovem e continuo assim. É por isso que temos dois hemisférios no cérebro.
Por conta desse ativismo teve problemas com alguns governos, um deles e o mais recente foi com Israel, que o impediu de entrar nas terras da palestina para dar uma palestra.
É verdade, não pude viajar, apesar de ter sido convidado por uma universidade palestina, mas me deparei com um bloqueio em toda a fronteira. Se a palestra fosse para Israel, teriam me deixado passar.
Essa censura tem a ver com um de seus livros intitulado ‘Guerra ou Paz no Oriente Médio?
É por causa dos meus 60 anos de trabalho pela paz entre Israel e a Palestina. Na verdade, eu vivi em Israel.
Como qualifica o que se passa no Oriente Médio?
Desde 1967, o território palestino foi ocupado e isso fez da Faixa de Gaza a maior prisão ao ar livre do mundo, onde a única coisa que resta a fazer é morrer.
Chegou a se iludir com as novas posturas do presidente Barack Obama?
Eu já tinha escrito que é muito semelhante a George Bush. Ele fez mais do que esperávamos em termos de expansionismo militar. A única coisa que mudou com Obama foi a retórica.
Quando Obama foi galardoado com o prêmio Nobel de Paz, o quê o senhor pensou?
Meia hora após a nomeação, a imprensa norueguesa me perguntou o que eu pensava do assunto e respondi: “Levando em conta o seu recorde, este não foi a pior nomeação”. O Nobel da Paz é uma piada.
Os EUA continuam a repetir seus erros de intervencionismo?
Eles tem tido muito êxito. Por exemplo, a Colômbia tem o pior histórico de violação dos Direitos Humanos desde o intervencionismo militar dos EUA.
Qual é a sua opinião sobre o conceito de guerra preventiva que os Estados Unidos apregoam?
Não existe esse conceito, é simplesmente uma forma de agressão. A guerra no Iraque foi tão agressiva e terrível que se assemelha ao que os nazistas fizeram. Se aplicarmos essa mesma regra, Bush, Blair e Aznar teriam de ser enforcados, mas a força é aplicada aos mais fracos.
O que acontecerá com o Irã?
Hoje existe uma grande força naval e aérea ameaçando o Irã e, somente a Europa e os EUA pensam que isso está certo. O resto do mundo acredita que o Irã tem o direito de enriquecer urânio. No Oriente Médio três países (Israel, Paquistão e Índia) desenvolveram armas nucleares com a ajuda dos EUA e não assinaram nenhum tratado.
O senhor acredita na guerra contra o terrorismo?
Os EUA são os maiores terroristas do mundo. Não consigo pensar em qualquer país que tenha feito mais mal do que eles. Para os EUA, terrorismo é o que você faz contra nós e não o que nós fazemos a você.
Há alguma guerra justa dos Estados Unidos?
A participação na Segunda Guerra Mundial foi legítima, entretanto eles entraram na guerra muito tarde.
Essa guerra por recursos naturais no Oriente Médio pode vir a se repetir na América Latina?
É diferente. O que os EUA tem feito na América Latina é, tradicionalmente, impor brutais ditaduras militares que não são contestados pelo poder da propaganda.
A América Latina é realmente importante para os Estados Unidos?
Nixon afirmou: “Se não podemos controlar a América Latina, como poderemos controlar o mundo”.
A Colômbia tem algum papel nessa geopolítica ianque?
Parte da Colômbia foi roubada por Theodore Roosevelt com o Canal do Panamá. A partir de 1990, este país tem sido o principal destinatário da ajuda militar estadunidense e, desde essa mesma data tem os maiores registros de violação dos Direitos Humanos no hemisfério. Antes o recorde pertencia a El Salvador que, curiosamente também recebia ajuda militar.
O senhor sugere que essas violações têm alguma relação com os Estados Unidos?
No mundo acadêmico, concluiu-se que existe uma correlação entre a ajuda militar dada pelos EUA e violência nos países que a recebem.
Qual é sua opinião sobre as bases militares gringas que há na Colômbia?
Não são nenhuma surpresa. Depois de El Salvador, é o único país da região disposto a permitir a sua instalação. Enquanto a Colômbia continuar fazendo o que os EUA pedir que faça, eles nunca vão derrubar o governo.
Está dizendo que os EUA derruba governos na América Latina?
Nesta década, eles apoiaram dois golpes. No fracassado golpe militar da Venezuela em 2002 e, em 2004, seqüestraram o presidente eleito do Haiti e o enviaram para a África. Mas agora é mais difícil fazê-lo porque o mundo mudou. A Colômbia é o único país latinoamericano que apoiou o golpe em Honduras.
Tem algo a dizer sobre as tensões atuais entre Colômbia, Venezuela e Equador?
A Colômbia invadiu o Equador e não conheço nenhum país que tenha apoiado isso, salvo os EUA. E sobre as relações com a Venezuela, são muito complicadas, mas espero que melhorem.
A América Latina continua sendo uma região de caudilhos?
Tem sido uma tradição muito ruim, mas, nesse sentido, a América Latina progrediu e, pela primeira vez, o cone sul do continente está a avançando rumo a uma integração para superar seus paradoxos, como, por exemplo, ser uma região muito rica, mas com uma grande pobreza.
O narcotráfico é um problema exclusivo da Colômbia?
É um problema dos Estados Unidos. Imagine que a Colômbia decida fumigar a Carolina do Norte e o Kentucky, onde se cultiva tabaco, o qual provoca mais mortes do que a cocaína.
Fonte: Agência de Notícias Nova Colômbia. Original em espanhol.
Imagem: Luis Ángel Murcia, Semana
13 de agosto de 2010
¿Dónde será la guerra?

ALAI AMLATINA, 09/08/2010.- En las últimas semanas hemos presenciado una serie de hechos que no son lo que aparentan, sino que forman parte de los preparativos de una acción militar de gran envergadura destinada a ponerle término al gobierno constitucional de Venezuela. Como señalamos la semana pasada, Estados Unidos está aplicando su vieja estrategia del Track 1 y el Track 2, que implica derrocar a un gobierno desestabilizándolo hasta provocar su caída en términos ?constitucionales o derrocarlo por la fuerza si eso no es posible.
En Venezuela se ha estado aplicando el Track I desde que el presidente Hugo Chávez ganó las elecciones presidenciales en 1998 y al asumir la presidencia de la república en 1999 puso en práctica un programa de gobierno que no le gusta ni conviene a Estados Unidos, que ya el año 2002 logró que un grupo de militares lo secuestrara y anunciara que el mandatario había renunciado.
Mientras tanto, Chávez era llevado a un recinto militar desde el cual lo iban a sacar del país en una avioneta con registro estadunidense que, según se informó, era de propiedad del grupo venezolano Cisneros, dueño entonces de Venevisión y de Ediciones América. Cualquier parecido con lo sucedido en Honduras no es casual y en ambos casos las renuncias de los presidentes nunca existieron.
El próximo 26 de septiembre habrá elecciones parlamentarias en Venezuela y el Pentágono y el Departamento de Estado se están moviendo por toda América Latina para crear las condiciones que justifiquen un golpe de estado si la oposición venezolana vuelve a perder los comicios, así como perdió los comicios y referendos realizados los años 1998, 1999, 2000, 2004, 2005, 2006, 2008 y 2009. El único revés del gobierno venezolano, y relativo, fue el de la reforma constitucional del 2008.
Las encuestas le dan ventaja hasta ahora al gobierno del presidente Chávez para las elecciones parlamentarias de septiembre y Estados Unidos quiere revertir esa situación y, si no puede, hay todo un engranaje militar que sugiere una intervención armada, de lo que es parte lo dicho por el ya ex presidente colombiano Alvaro Uribe sobre la supuesta presencia de guerrilleros de las FARC en Venezuela.
Intervencionismo político latinoamericano
En el intento por lograr que el presidente Chávez pierda esta elección parlamentaria hay sectores políticos latinoamericanos involucrados y dinero estadunidense y europeo. Pero empecemos por la intervención política.
El 26 de junio el diario chileno El Mercurio informó que el lunes 21 de ese mes, habían llegado a ese país 16 dirigentes de la oposición venezolana que pertenecen a la llamada Mesa de Unidad Democrática, para participar en "un programa especial de trabajo", con personeros de la Concertación de Partidos para la Democracia, que gobernó Chile desde la salida de Pinochet hasta el triunfo del actual presidente, cuyo período de inició en marzo de este año.
Los opositores al gobierno venezolano buscaban que los chilenos les dieran "capacitación", por las semejanzas que según ellos habría "entre la realidad venezolana y la de Chile de fines de los años 80", cuando surgió la Concertación, que derrotó al dictador Pinochet en un plebiscito. Los "instructores" fueron altos ex-funcionarios de gobiernos de la Concertación, pertenecientes a los distintos partidos que la integran.
Estuvieron, entre otros, el democristiano Mariano Fernández, último canciller de la presidenta Bachelet y ex-embajador en Estados Unidos; el socialista Enrique Correa, ex Secretario General de Gobierno del ex-presidente Aylwin y Sergio Bitar, dirigente del Partido por la Democracia, quien fue senador, ministro de Educación en el gobierno de Ricardo Lagos y de Obras Públicas en el de Michelle Bachelet. Bitar fue también ministro de Minería del Presidente Allende.
Esto provocó críticas en sectores del partido Socialista en particular, mientras otros concertacionistas se unían a la derecha para cuestionar al presidente venezolano y sus parlamentarios se autodesignaron observadores electorales para septiembre próximo, creando un conflicto que llegó a niveles gubernamentales hasta que el presidente chileno relegó el asunto al parlamento.
El detalle es importante, porque si bien no aparece involucrado José Miguel Insulza, sí lo está su amigo y colaborador en la Secretaría General de la OEA Enrique Correa, al que generalmente designa como observador de ese organismo en las elecciones de la región. Insulza fue responzabilizado por el canciller ecuatoriano de la ruptura de relaciones entre Colombia y Venezuela, por no haber postergado, como se lo pidió, la sesión en la que Colombia formuló sus cargos.
Dinero y preparativos militares
Como es habitual en estos casos, Estados Unidos destina fuertes cantidades de dólares a financiar sus acciones intervencionistas en otros países. Contra el presidente Allende invirtieron muchos millones, como documentó el congreso estadunidense y en Venezuela están haciendo lo mismo, aunque los concertacionistas chilenos no lo quieran recordar
La Fundación Nacional para la Democracia, NED por sus siglas en inglés, fue creada por Ronald Reagan para legalizar lo que antes se hacía sólo bajo el ropaje de la Agencia Central de Inteligencia. El dinero, que se aprueba en el congreso, se reparte a través de las fundaciones republicana y demócrata, y de organismos empresariales y sindicales del país del norte a sus similares de los países a desestabilizar.
En 1999, la NED repartió en Venezuela un millón 273 mil 408 dólares, según se lee en su página de internet. Pero eso no es lo único que se ha enviado, de acuerdo a un informe del instituto FRIDE de España, también se da financiamiento por medio del Movimiento Mundial para la Democracia, creado por la NED.
A esto se agrega lo que se manda por medio de la Agencia Internacional para el Desarrollo, USAID, de Estados Unidos;la Freedom House, la Comision Europea y las fundaciones Konrad Adenauer y Friederich Ebert de Alemania, cada una ha girado alrededor de 500 mil euros anuales a los partidos venezolanos de oposición. La embajada de Estados Unidos en Venezuela usa la valija diplomática para otros envíos y todo se lavaba en el mercado paralelo, lo que determinó que el gobierno venezolano dictara una nueva legislación cambiaria.
Si todo esto que hemos descrito no conduce a una derrota electoral del gobierno del presidente Chávez en Septiembre, todo indica que el plan "B" está en marcha. A Costa Rica, el país ?"in ejército", llegarán este año 43 barcos de guerra estadunidenses artillados. En las calles de Panamá ya se encuentran militares estadunidenses uniformados incluso, lo que no se veia desde que se cerraron las bases de EU el año 2000. Dicen que van a combatir el narcotráfico a través de 15 nuevas instalaciones militares.
En Colombia son 13 las bases estadunidenses autorizadas por Uribe. En Perú se acaban de realizar ejercicios navales con participación de diez países sur y centro americanos encabezados por Estados Unidos. ¿Dónde será la guerra?
- Frida Modak, periodista, fue Secretaria de Prensa del Presidente Salvador Allende.
Imagem: Latuff
7 de março de 2010
Retomando

7 de dezembro de 2009
NYT investe contra Evo Morales

Azenha, ao inserir ótimos comentários no meio do texto, auxilia na leitura de mais uma "obra" desrespeitosa, mistificadora, preconceituosa e mentirosa, muito bem acolhida pelo NYT, cultuando seu ódio de classe.
E não podemos esquecer, que este jornal divulgou a mentira das armas de destruição em massa no Iraque, bem como artigo de Larry Hoter que chamou o Presidente Lula de bêbado.
O texto abaixo serve como exemplo da cobertura tosca, sem pé nem cabeça e cheia de preconceitos que a mídia americana faz da América Latina. Aí eles lá em Washington ficam sem entender porque a grande maioria vota em Evo Morales:
Na Bolívia, uma força pela mudança persiste
por SIMON ROMERO e ANDRES SCHIPANI, no New York Times
Published: December 6, 2009
LA PAZ, Bolivia — Apesar dos slogans e posters de Che Guevara, não estamos em Havana, 1969 ou Manágua, 1979. Em vez disso, o fervor nos escritórios do vice-ministro de Descolonização só poderiam existir na Bolívia do presidente Evo Morales, que parece navegar para a vitória nas eleições de domingo.
Os escritos em uma parede, literalmente em dois idiomas nativos -- Quechua e Aymara -- oferecem sinais de um movimento político que chacoalhou as instituições dessa nação empobrecida.
“Jisk’a Achasiw Tuq Saykat Taqi Jach’a P’iqincha", diz a mensagem na sala de Monica Rey, que explica que se trata de Aymara para o nome do novo escritório que ela dirige, a Diretoria para a Luta contra o Racismo.
"Estamos no processo de conquistar as mentes de nosso país e, ainda mais desafiador, seus medos", diz Rey, listando uma variedade de projetos, inclusive com a troca dos retratos que aparecem na moeda da Bolívia, tirando os homens brancos que sempre governaram para colocar heróis como Túpac Katari e Bartolina Sida, líderes de um revolta contra os espanhóis no século 18.
[Nota do Viomundo: Aqui o jornal espanta os leitores americanos com referências à -- horror!!! -- troca de homens brancos por índios na moeda boliviana.]
Com uma oposição profundamente enfraquecida e sua conexão visceral com a maioria indígena -- que representa mais de 60% da população -- Morales, 50, é provavelmente o mais forte líder nacional em décadas.
Ele venceu facilmente a reforma constitucional deste ano que deu a Morales o direito de concorrer a um novo mandato de cinco anos. Agora as pesquisas mostram Evo e seus apoiadores bem adiante na eleição de domingo. Está próximo de obter sólidas maiorias legislativas que dariam a ele o poder de moldar a nação como o primeiro presidente indígena.
A votação parecia transcorrer em calma na maior parte da Bolívia domingo, de acordo com entrevistas com eleitores aqui e reportagens de rádio nos centros de votação. "Evo deve ficar para terminar o que começou", disse Juan Carlos Garcia, 24, um vendedor ambulante de El Alto, o bairro pobre que cerca La Paz, antes de votar em uma seção eleitoral na manhã de domingo. "Os que não concordam devem ceder à vontade da maioria", ele acrescentou.
O sr. Morales votou no domingo de manhã na vila 14 de setembro, uma comunidade em Chapare, nas florestas centrais da Bolívia, uma região de plantio de coca que é um bastião de apoio ao presidente. Ele disse que os eleitores tinham o direito de decidir entre "o processo de mudanças ou o neoliberalismo", o termo que ele usa para atacar as políticas econômicas de mercado.
[Índio que tem apoio onde se planta coca!!! Perigo!!!]
Mas o domínio de Morales deu a ele alguns rivais inesperados, além das faces da oposição das elites tradicionais das terras baixas do leste. A crescente influência de Evo também parece opressiva para uma coleção de líderes políticos indígenas que estão tentando emergir da sombra de Evo.
[Evo, a sombra ameaçadora!!!]
"Esse governo existe para gastar dinheiro nas campanhas de Evo às custas do resto de nós", diz Felipe Quispe, 67, um índio Aymara que entrou na política depois de liderar uma insurgência guerrilheira nos anos 80 e de ser preso nos anos 90. "Evo é um índio vestido com roupas chiques, cercado por homens brancos e mestiços".
O icônico Quispe, que lidera um grupo radical com uma pequena porcentagem de eleitores, diz que os Aymaras, que representam um quarto da população da Bolívia de 9,8 milhões, deveriam rejeitar a ideia de a Bolívia formar uma Nação com os povos que falam Aymara do planalto do Peru. "Devemos nos desbolivianizar", ele disse.
[Os autores deixam implícito que Evo Morales seria o autor da ideia de juntar os Aymara da Bolívia e do Peru!!! Índio, cocaleiro e traidor da Pátria!!!]
Ricardo Calla, um antropólogo e ministro para assuntos indígenas em um governo anterior [Ops, que "governo anterior"? O do FHC], disse que assim como o sr. Quispe estava à esquerda do presidente, líderes indígenas emergiram em todo o espectro ideológico, sugerindo uma classe política mais variada do que a apresentada pela mídia estatal daqui.
No centro, por exemplo, está Savina Cuéllar, um governadora de província do sul da Bolívia. À direita está Victor Hugo Cárdenas, um ex-vice-presidente cuja casa foi atacada por uma multidão pró-Morales este ano. Ainda mais à direita está Fernando Untoja, um intelectual Aymara que disputa o Congresso na coalizão de Manfred Reyes Villa, um ex-capitão do Exército que está bem longe de Evo Morales, em segundo lugar na disputa.
[O New York Times acaba de se desmentir. Primeiro o jornal tentou nos convencer de que Evo fazia sombra a outros líderes indígenas. Depois, apresentou líderes indígenas de todos os partidos, nenhum dos quais fantoche de Evo!!! Mas só faz isso para poder culpar a mídia estatal boliviana -- que é minoritária -- de distorcer a realidade!!! Nem Ali Kamel faria melhor]
"O Evo em si", disse o sr. Calla, o antropólogo, "poderia ser considerado de esquerda autoritária". Contribuindo para essa classificação, ele argumentou, está a resistência de Morales em cooperar com outros partidos, ameaças de prender adversários e a celebração de seu governo em publicidade paga. O sr. Calla chamou a exuberante demonstração das conquistas de Morales "um culto à personalidade" em andamento.
[Simon Romero, o Cesinha da Bolívia: o índio cocaleiro e apátrida, insuflador da rebelião indígena, é um novo Stalin!!!]
Cambio, um jornal diário controlado pelo estado como o Granma em Cuba, criado por Morales este ano, oferece um exemplo dessa fanfarra. No principal artigo deste domingo, descreveu Porto Evo Morales, uma acampamento pioneiro no norte do país. Num caderno à parte um gibi contava "Evo: Do Povo e para o Povo", mostrando a ascensão de Evo da pobreza.
[O cara tirou o Granma do arquivo!!!]
Há razões concretas para a popularidade de Morales. [Os dois parágrafos seguintes explicam tudo!!!] O maior pode ser o crescimento sustentado da economia da Bolívia, aplaudido por economistas que estão impressionados com as reservas de mais de 7 bilhões de dólares em moeda forte, apesar do país enfrentar persistentes níveis de extrema pobreza.
Apesar da crise financeira e de uma queda nos ganhos com a exportação de gás, a economia da Bolívia deve crescer até 4% este ano, uma das taxas mais altas da região, ajudada pelo estímulo dos gastos em programas sociais para crianças, muheres grávidas e os mais velhos.
"Até o FMI está feliz com a economia da Bolívia; imagine a ironia disso", afirmou Gonzalo Chávez, um economista educado em Harvard [Isso acalma o leitor americano], se referindo às duras críticas de Morales às instituições multilaterais de Washington, como o Fundo Monetário Internacional.
Ainda assim, as tensas relações diplomáticas de Washington com o sr. Morales podem ser as piores do hemisfério, com exceção de Cuba, mesmo com o novo governo Obama. A Embaixada dos Estados Unidos aqui permanece sem embaixador depois da expulsão no ano passado de Philip S. Goldberg e as operações conjuntas para combater as drogas foram suspensas quando o sr. Morales acusou a Drug Enforcement Administration de espioná-lo.
O sr. Morales passou boa parte de uma entrevista coletiva com jornalistas estrangeiros esta semana criticando o acordo militar do governo Obama com a Colômbia e o apoio dos Estados Unidos às eleições presidenciais em Honduras. E ele parecia cético quanto a uma reconciliação, dizendo que um encontro com o presidente Obama seria "desejável mas não decisivo".
[Alguém já viu um candidato elogiar os Estados Unidos em véspera de eleição???}
A marca do sr. Morales na sociedade é evidente na cidade de Warisala, onde outro experimento, a universidade indígena Túpac Katari, se descortina no planalto da Nação.
[Índio cocaleiro, apátrida e ditador, faz "experimentos"]
O campus, com sua linda vista do pico Illampu coberto de neve, enfatiza a instrução em Aymara e ecoa o sentimento do partido do sr. Morales, o Movimento pelo Socialismo. Colocada em uma porta, uma nota diz que é compulsório para integrantes da equipe acadêmica e administrativa participar de um curso sobre "O Capital", de Karl Marx; correm o risco de serem punidos se não participarem.
[Onde é que já se viu estudar? Índio cocaleiro, apátrida e ditador, quer forçar as pessoas a estudar e ainda mais em um idioma exótico!!! Pelo banimento de Marx, já!]
"O que foi trazido pelos invasores europeus e seu sistema colonial", perguntou David Quispe, 37, que dá um curso sobre a visão de mundo andina.
"A exploração capitalista e racista", um grupo de estudantes responde em coro, tendo nas mãos o livro didático "Tese Indígena", de Fausto Reinaga.
"Aqui jovem indígenas estavam acostumados a ficar em silêncio", o sr. Quispe disse depois da aula. "Agora é hora deles começarem a falar".
[Nota do Viomundo: Antes do climax desse artigo os gestores do site correram para se esconder embaixo da cama. Chamem o general Custer]
Imagens: Evo Morales por Javier Mamani/EFE e George Armstrong Cluster por Mathey Brady.
25 de setembro de 2009
Chargistas amestrados
Ao contrário do que era feito durante a ditadura civil-militar, onde, muitas vezes, a charge era a única voz dissonante na unanimidade da imprensa de então, os chargistas de hoje parecem estar mais interessados em agradar o patrão, do que exercer o seu senso crítico.
Não se encontrou uma charge sequer, entre as que abordaram o tema Honduras e que foi a maioria delas, onde os golpistas fossem denunciados como tal. O que se viu, foi um humor rasteiro emoldurado por um reacionarismo à toda prova.
Zelaya é apresentado como preguiçoso, quando não um fantoche nas mãos de Chávez e Lula. Ou como um problema para o governo brasileiro. Falar da ação golpista das velhas oligarquias e dos EUA nem pensar!
Definitivamente, os chargistas não parecem entender que os acontecimentos em Honduras são um balão de ensaio para toda a América Latina. A consolidação desse golpe atiçará os saudosistas das quarteladas, sempre prontos a impedir avanços políticos nessa parte do mundo.
Como se vê, os golpistas de Honduras "devem" muito aos chargistas brasileiros pela manutenção do seu projeto de classe no poder. Certamente, esses lacaios da mídia corporativa serão reconhecidos, através da criação de alguma comenda a ser distribuída pelos "bons serviços prestados".
Seguem as charges postadas no dia 24/09, pois elas não ficaram armazenadas na página. Hoje, aguardemos a nova leva com igual teor.

24 de setembro de 2009
Declaração sobre democracia é aprovada no Rio por aclamação
RECONHECENDO:
- que a democracia traduz-se em patrimônio dos povos latino-americanos;
- que o desenvolvimento das nações, por meio de transformações sociais, com transições lentas, por vezes dolorosas, legitima o processo democrático ainda em curso em vários países, inclusive nos da América Latina;
- que tais países vivenciam os efeitos da transição de Estados de fato, outrora vigentes;
- que é inegável que os períodos de ditadura produziram um passivo negativo caracterizado por um legado de dividas jurídicas, éticas, políticas, sociais e culturais a seus povos, inclusive regionalmente;
- que os Estados devem, permanentemente, reprimir as práticas de tortura, sob todas as formas de que pode se revestir o fenômeno;
- que os mecanismos e iniciativas voltados à reparação do legado de violação a direitos humanos devem ser combinados com políticas públicas para a memória e a educação, sem perder de vista a necessidade de feitura de justiça para a plena consolidação do Estado de Direito;
- o valor da dignidade da pessoa humana como sustentáculo das democracias e que estas não se efetivarão plenamente enquanto não forem supridas as necessidades básicas dos cidadãos, sejam alimentares, de saúde, educacionais, ambientais e de segurança;
- que as políticas sociais preventivas de segurança, aliadas às legitimas políticas repressivas do Estado, garantem o direito social fundamental à segurança e o aperfeiçoamento da cultura democrática, com desenvolvimento social;
- por fim, que os debates e reflexões realizados no seminário em questão, certamente direcionarão o necessário processo de materialização efetiva de Estados Sociais Democráticos de Direito,
DECLARAM:
- Repúdio às novas formas de subversão, inclusive terroristas, que atentam contra os valores democráticos e soberanos na América Latina;
- O crime organizado transnacional e o poder de corrupção que lhe dá vida constituem ameaça ao desenvolvimento das nações;
- Sejam reconhecidos os avanços sociais e de enfrentamento à criminalidade, com foco no desenvolvimento sustentável, por meio do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do Brasil, e outras experiências regionais exitosas, referências de boas práticas a serem seguidas pelos países da América Latina;
- Seja reconhecida a necessidade de articulação e trabalho conjunto dos entes nacionais, sob a concepção inovadora de gabinetes de gestão integrada;
- Seja estabelecida a concepção de que as fronteiras entre os países são elementos de integração e reforço da soberania;
- A necessidade de permanente e integrada efetivação de políticas transicionais no Continente;
- A criminalidade organizada, que não reconhece fronteiras, somente será enfrentada com o somatório de esforços nacionais, regionais e internacionais, especialmente dirigidos ao tráfico de drogas, de armas, de pessoas e à lavagem de dinheiro;
- Repudiar a politização do crime organizado, desestabilizadora dos regimes democráticos e atentatória à soberania dos países e da America Latina;
ENCAMINHAM:
- Que haja continuidade do diálogo firmado na área da segurança, inclusive pública;
- Que são necessários novos encontros e, por sugestão do Excelentíssimo Senhor Júlio César Alak, Ministro da Justiça, Segurança e Direitos Humanos da República Argentina, que o Segundo Seminário Internacional “Democracias em Mudança na América Latina” seja sediado naquele País.
Rio de Janeiro, 18 de setembro de 2009.
Imagem: Issac Amorim