
21 de junho de 2010
Fases
9 de junho de 2010
Sobre patrolas
Agora, lembrem senhora$ e senhore$ que habitam a ALERGS por conta do voto que, além de patrolar a população mobilizada, moradora ou não do Morro Santa Teresa, estarão patrolando a Justiça, como poderá ser lido neste documento aqui, assinado pelo Desembargador Leo Lima, nada mais, nada menos, do que o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul! Um ofício em resposta ao memorial escrito pela Dep. Est. Stela Farias [PT] e Dep. Est. Raul Carrion [PCdoB] e Raul Pont [PT], que pode ser lido aqui.
Tentem imaginar o que será o Morro Santa Teresa com construções como essas, abaixo, em que estudo do economista Mauro Salvo alerta para a evolução do mercado imobiliário de Porto Alegre com vistas a identificar sua vulnerabilidade à ocorrência de ilícitos financeiros no que tange a utilização do setor com intuito de lavar dinheiro de origem criminosa. Ou seja, qualquer precipitação, correria na aprovação de uma lei, que sequer destina as verbas da venda para a descentralizada da FASE, poderá suscitar dúvidas em relação à seriedade de quem "patrola" a população mobilizada riograndense contra essa venda...



5 de junho de 2010
Dia mundial do meio ambiente

Agora, falta esta vitória do povo riograndense!

3 de junho de 2010
Câmara de Porto Alegre é contrária à urgência na votação do Projeto da Fase

A proposição é da vereadora Sofia Cavedon que destacou em seu pronunciamento de que “a cidade de Porto Alegre não pode concordar com o pedido de urgência para votação de um projeto que vende uma área nobre da capital, sem ao menos ser consultada”. “Qual a posição da Câmara de Vereadores? Qual a posição do Prefeito? Qual a posição dos moradores da região? É interesse público da cidade a desalienação desta área pública e a densificação ainda maior daquela região? Que recursos para descentralização da Fase podem ser obtidos se tiver projeto, o que não existe!”, questionou a vereadora.
Sofia lembrou ainda que no local moram inúmeras famílias das comunidades Vila Gaúcha, Vila Figueira, Vila Santa Rita, Vila Ecológica e União Santa Tereza, e também da recomendação do Ministério Público, de imediata retirada do regime de urgência do PL 388, que está para ser votado na próxima terça-feira (08), na Assembleia Legislativa.
O projeto autoriza a Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase) a alienar ou permutar imóvel situado na Av. Padre Cacique.
Fonte: Sofia Cavedon – 9953.7119
Foto: Livia Stumpf/CMPA
Porto Alegre, 02 de Junho de 2010.
Jorn. Marta Resing/5405
Ass. Comunicação
Verª Sofia Cavedon/PT
9677.0941
27 de maio de 2010
Terreno da Fase – Quem foi consultado?

Sofia Cavedon (PT) disse na tribuna da Câmara de Porto Alegre, nesta quinta-feira (27), de que estão vendendo uma grande área pública de Porto Alegre e não perguntaram nada aos moradores da cidade!
A vereadora referia-se à venda, pelo governo do estado, do Morro Santa Tereza, onde está localizado o terreno da Fase. “Qual a posição da Câmara de Vereadores? Qual a posição do Prefeito? É interesse público da cidade a desalienação desta área pública e a densificação ainda maior daquela região? Que recursos para descentralização da Fase podem ser obtidos se tiver projeto, o que não existe!”, questionou ela.
Sofia participou, na quarta-feira (25), da reunião na Promotoria de Habitação e Defesa da Ordem Urbanística do Ministério Público, quando o promotor Luciano Faria de Brasil, informou as comunidades da Vila Gaúcha, Vila Figueira, Vila Santa Rita, Vila Ecológica e União Santa Tereza, que habitam o local, a recomendação do Ministério Público, de imediata retirada do regime de urgência do PL 388, que autoriza a Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase) a alienar ou permutar imóvel situado na Av. Padre Cacique.
Fonte: Sofia Cavedon – 9953.7119
Foto: Tonico Alvares/CMPA
Porto Alegre, 27 de maio de 2010.
Jorn. Marta Resing/5405
Ass. Comunicação
Verª Sofia Cavedon/PT
16 de abril de 2010
Naquele morro...
10 de abril de 2010
Os engenheiros e a FASE

Atento à tramitação do Projeto de Lei na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembléia Legislativa, o SENGE formalizou correspondência ao Deputado Fabiano Pereira, presidente da Comissão de Serviços Públicos daquela casa.
Na manifestação oficial (vide a íntegra abaixo) protocolada na terça-feira dia 6, o presidente do Sindicato José Luiz Azambuja declara que a entidade é, a princípio, favorável à idéia da descentralização das operações da Fundação de Atendimento Sócio-educativo (antiga Febem) a partir da permuta da área situada próxima ao estádio do Internacional.
O SENGE, porém, identifica flagrantes “imprecisões” na minuta do projeto, que não contém, por exemplo, nem mesmo os dados completos de extensão e ângulos internos da gleba, o que impede a identificação e mesmo o mais simples cálculo da área total atingida.
Azambuja considera inexplicável a celeridade no trâmite e defende que seja feita de forma imediata uma real avaliação do terreno e benfeitorias, e que acima de tudo, sejam levados em consideração os aspectos sócio-ambientais e a revitalização que a realização a própria Copa do Mundo trará àquela região da cidade.
Por outro lado, o Sindicato questiona formalmente a ausência no Projeto de Lei do detalhamento dos projetos descentralizados, objetos centrais da permuta. Sem isso, segundo José Azambuja, qualquer avaliação ficará prejudicada.
Íntegra da carta:
Carta nº 087/2010-SG
Porto Alegre, 05 de abril de 2010.
Exmo. Sr.
Deputado Fabiano Pereira
D.D. Presidente da Comissão de Serviços Públicos
Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul
Nesta Capital
Excelentíssimo Senhor Deputado:
O Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio Grande do Sul, entidade civil representativa da sociedade gaúcha, que congrega mais de 50.000 profissionais da área das engenharias, está interessado em contribuir na discussão da implementação do objeto abrigado no Projeto de Lei 388/2009, que autoriza a Fundação de Atendimento Socio-educativo do Estado do Rio Grande do Sul (Fase) a alienar ou permutar o imóvel onde hoje estão situadas suas unidades em Porto Alegre, por áreas localizadas na região metropolitana e em outros locais, no estado, que seriam equipadas para receber os menores hoje hospedados na unidade centralizada.
No exame inicial da questão o Sindicato compreende e tende a apoiar a justificativa da proposta de descentralização da FASE, uma iniciativa que também já recebeu o apoio de inúmeras instituições da sociedade civil, incluindo aquelas vinculadas à solução da violência urbana e de reencaminhamento social dos menores infratores.
A minuta do Projeto de Lei descreve a área de maneira imprecisa, pois não contém os dados completos de extensão e ângulos internos da gleba, o que impede a identificação e mesmo o mais simples cálculo da área total atingida. A mera descrição de extensões, sem um mapa demonstrativo ajustado, pode induzir a êrros de identificação da área em discussão. Pelos recursos que já se tem hoje disponíveis para medição e levantamento de benfeitorias, um procedimento assim não se justifica.
Outro elemento que falta na descrição se refere à área total da gleba a ser dada em permuta, pois a única menção de área de terras contida no documento cita um terreno de pouco mais de 1 hectare. Circulam informações de que se trata realmente de uma área com cerca de 74 hectares.
Aspectos agravantes são levantados para dificultar a definição, e se referem ao patrimônio ambiental da gleba de terras. Haveria no terreno regiões de mata com resquícios de pampa, diversas espécies nativas e nascentes hídricas. Sabe-se de fonte segura que houve um levantamento ambiental recente, executado pela Fundação Zoobotânica, que assevera a necessidade de que porções do terreno sejam impedidas de ocupação para outros fins que não a da simples preservação.
E mais, também haveria construções antigas de conformação importante, e possível presença histórica, das quais se aconselha que igualmente sejam preservadas.
Por último, segundo se sabe, parte dessa área poderia estar sendo ocupada por moradores, alguns há décadas, o que requer naturalmente outro tipo de enfrentamento do problema.
Preocupa a nossa entidade que se faça uma avaliação profissional do imóvel, que por sua privilegiada situação, tendo em vista a topografia e localização à beira do rio, em zona muito valorizada, especialmente com a proximidade da região onde serão realizados jogos da Copa do Mundo, e pelas recentes mudanças nos índices construtivos de ocupação urbana, pode assumir valores muito interessantes como moeda de troca.
Uma operação desse porte e natureza não pode ser feita apressadamente, de modo especial considerando que o Estado tem corpo técnico suficientemente capaz de realizar os estudos necessários a definir as melhores soluções a adotar.
Aspectos essenciais não estão suficientemente apresentados no Projeto de Lei, que não traz detalhamento das ações e nem cronologia, e também não teve juntados os projetos de ocupação para as áreas descentralizadas, o que é uma temeridade para a realização de uma operação deste porte sem o adequado planejamento estratégico.
A ciência das instalações para cuidados hospitalares, de reeducação e mesmo de reclusão, é plenamente dominada pelos profissionais das áreas especializadas, entre esses os engenheiros e arquitetos e tantas outras modalidades profissionais, motivo pelo qual reafirmamos a necessidade de este tipo de proposta ser acompanhada de um elenco de projetos executados com o devido planejamento.
Algumas perguntas, no entanto, precisam ser formuladas pela Assembléia Legislativa, e respondidas pelo proponente Executivo Estadual, antes que sejam tomadas as decisões sugeridas. Questões como as que são a seguir relacionadas:
1) Qual a dimensão e definição geográfica, incluindo as confrontações, da área a ser cedida ?
2) A área a ser cedida na permuta envolve ocupação por terceiros, além das instalações físicas realmente ocupadas pela FASE ?
3) Foi feita uma avaliação regular, por profissionais habilitados, da gleba a ser cedida ?
4) Se é esperado que na permuta a proponente à aquisição deve oferecer em troca terrenos e construções em outros locais, qual o conjunto de necessidades que deverão ser atendidas em cada uma das unidades descentralizadas, por essa permuta ?
5) Existem projetos para as áreas descentralizadas da Fase, que serão dadas em troca pelos adquirentes, pela área a ser cedida ?
6) Estão sendo levantados os critérios para valorar as áreas e benfeitorias que serão dadas em troca ?
7) Há garantias de que haverá concorrência pública para receber propostas para a permuta ?
Para todas as respostas às indagações acima relacionadas deverá haver a identificação dos profissionais legalmente habilitados que aconselham, participam e subscrevam a solução que foi adotada.
O Sindicato dos Engenheiros solicita à Assembléia Legislativa do RS que atue no seu âmbito, no sentido de proporcionar mais tempo à sociedade gaúcha, especialmente às entidades de classe ligadas ao tema, para conhecer e debater com clareza o assunto.
A solução pode se encaminhar no sentido de que o Projeto de Lei seja devolvido ao Executivo com a recomendação que agregue o conjunto de estudos que orientaram o propósito buscado, sem os quais fica impossível avaliar a real dimensão do empreendimento e os efeitos a ser ocasionados no grupo humano atingido pelas medidas.
Atenciosamente,
José Luiz B. de Azambuja
Diretor Presidente
7 de abril de 2010
Já existe até projeto das casas da FASE
Mas que espetáculo!
O projeto do executivo, que descentraliza a FASE e, ainda por cima, prevê a venda do terreno da Borges de Medeiros para a iniciativa privada: i) não foi apreciado pelas deputadas e pelos deputados estaduais; ii) não traz as especificações das unidades a serem construídas, como número de prédios, acomodações, equipamentos, etc; iii) por não ter sido apreciado nas Comissões existentes, muito menos em Plenário, ainda não foi aprovado; iv) em caso de aprovação, segue-se para a licitação; v) após a licitação, é que se sabe qual empresa foia vencedora [lembrem-se, apenas em caso de aprovação do PL 388]; E A ZERO HORA, versão online, APRESENTA UM MODELO DE UNIDADE DA FASE, com uma singela notinha "Divulgação ZH"?
Mas que gente, arrogantemente, cara de pau!
Porque engana, descaradamente, o público leitor. Trata de um tema como pauta vencida, seduzindo o leitor com esse projeto de arquitetura, como aqueles apresentados em caderno sobre o tema. O desavisado olha o modelito e diz "uau, que coisa legal, como alguém pode ser contra isso". Ou seja, a criatura que leu sobre o assunto ao lado, não registra que o PL 388 ainda passará por uma etapa do rito legislativo, mas já "sente" que o "negócio é bom", porque, afinal de contas, "a casa é bonita, tem até quadra esportiva".
Porque, além de enganar, manipula informações. Não escreve que o PL 388 não contém especificações para o projeto arquitetônico. E, ainda por cima, mente, porque, além da ausência dessas especificações, dá a entender que a ZH é a responsável pela construção das tais unidades.
Não basta legenda com "Divulgação ZH", sem informar quem divulga o que. Neste caso, estamos frente a uma propaganda subliminar do ramo imobiliário da família Sirotsky: a construtora MAIOJAMA [Maurício, Ione, Jaime e mais a MA]. E que, à luz da Constituição Federal, trata-se de uma ilegalidade, porque meios de comunicação não podem manter propriedade cruzada. Como o artigo não foi regulamentado pelo Congresso Nacional, a turma faz pouco caso e segue lépida e faceira.
Ao criar um elemento sedutor - um interessante projeto de casa para acolhimento de jovens em situação de atividades socioeducativas - a empresa midiática escamoteia o seu real interesse em abocanhar o terreno, numa jogada escandalosa, que explicita as suas relações com o gover-ninho de Yeda Crusius [PSDB].
Atenção, Ministério Público! Propaganda mentirosa nas páginas virtuais da RBS, com descarada assunção de ligações nada republicanas entre essa empresa privada e o Governo RS.
5 de abril de 2010
A FASE

Se tudo correr como planeja o governo do Estado, em breve uma área de 74 hectares de elevado valor imobiliário, ambiental e histórico vai deixar de pertencer aos gaúchos e passar à iniciativa privada.
Um projeto de lei encaminhado pelo Poder Executivo para apreciação na Assembleia Legislativa autoriza a Fundação de Atendimento Sócio-Educativo do Estado do Rio Grande do Sul (Fase) a alienar ou permutar o terreno que hoje abriga cinco de suas sedes, na Avenida Padre Cacique. A proposta tem como justificativa o “nobre” objetivo de melhorar o atendimento aos menores, através da descentralização das sedes, mas é preenchida por vácuos de informação.
Não há planejamento de como se daria a reestruturação da Fase. Sabe-se, de antemão, que a instituição não tem profissionais suficientes para atender à demanda do projeto. Na atual estrutura já há uma defasagem muito grande, os servidores recém aprovaram seu Plano de Cargos e Salários e lutam pela realização de concurso público, para o qual não há previsão.
Além disso, lideranças de movimentos sociais argumentam que não é necessário entregar esse terreno, de valor altíssimo, visando à reformulação, já que o PL 388/2009 não prevê quais terrenos seriam entregues na permuta, nem onde, nem de qual valor, deixando em aberto a possibilidade de entregar um patrimônio público a preço de banana.
A região ali é extremamente valorizada. Praticamente em frente ao estádio Beira-Rio, fica na rota da Copa do Mundo de 2014, que vem recebendo atenção e investimentos tanto da iniciativa privada quanto do poder público. Praticamente na beira do Guaíba, tem uma vista deslumbrante, o que encarece qualquer apartamento a ser vendido ali. A não muitas quadras de distância, fica o Museu Iberê Camargo, ponto turístico que valoriza ainda mais o local. Isso sem contar o Barra Shopping Sul, espaço praticamente reservado à elite porto-alegrense.
Ou seja, os cerca de R$ 160 milhões estimados como valor do terreno se mostram irreais. Até porque esse preço corresponde ao índice zero de construção, em que não podem crescer prédios. Considerando os recentes projetos do Pontal do Estaleiro e do Cais do Porto, os porto-alegrenses já estão vacinados para esse tipo de situação, e sabem, por experiências recentes, que aprovar uma legislação que mude os parâmetros de construção é bem fácil com a atual composição da Câmara de Vereadores, em que a maioria tem privilegiado interesses privados em projetos semelhantes.
A questão já seria grave se o seu único aspecto fosse a entrega de um terreno muito valorizado financeiramente, mas há outros. A área abriga 17 espécies com status de conservação em ambiente natural, algumas ameaçadas de extinção e uma enquadrada na categoria provavelmente extinta. Mais da metade de sua vegetação, representativa dos campos do Rio Grande do Sul e de matas naturais, encontra-se bastante conservada. É o último terreno de Porto Alegre a manter características originais do Bioma Pampa. Isso sem contar que construir ali causaria grande impacto na paisagem da região, interferindo inclusive no regime de ventos e prejudicando os bairros do entorno.
Os prédios que abrigam a Fase são considerados patrimônio histórico, construídos no século XIX pelo imperador D. Pedro II como um colégio, que deu nome ao morro Santa Tereza, onde está localizado.
Como se não bastassem todas as questões referentes à valorização da área, ainda há que se considerar um fator social muito importante. Cinco vilas ocupam o terreno, com cerca de 20 mil pessoas. O governo simplesmente não as menciona em momento algum. Ou seja, não se sabe o que vai acontecer com os moradores das vilas, se receberão alguma proposta, se serão simplesmente despejados ou se serão entregues junto com o terreno para que a iniciativa privada os expulse.
Revisto e atualizado pela autora.
1 de abril de 2010
A negociata da FASE
23 de março de 2010
Interesses privados por trás do silêncio da RBS
O projeto de lei 388, que autoriza a alienação ou permuta de um terreno de 74 hectares localizado na avenida Padre Cacique, quase em frente ao estádio Beira-Rio – ou seja, extremamente bem localizado, principalmente se considerarmos a iminência de uma Copa do Mundo -, com um vasto patrimônio ambiental e histórico, seria votado hoje, caso tivesse havido quórum, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do RS.

Além do patrimônio riquíssimo que o governo quer entregar para a iniciativa privada, o terreno tem também pelo menos 10 mil pessoas que moram ali e não estão sendo ouvidas. A ideia é trocar o terreno por outros menores, com o suposto objetivo de descentralizar a Fase, mas não há planejamento para isso, e a imprensa se cala. Mais informações sobre o caso no Somos andando (também aqui e aqui), no RS Urgente e no Jornal do Comércio.
É possível que o governo entregue a última área que ainda conserva vegetação típica de Porto Alegre para construtoras, mas a mídia não diz. Sei que a Band cobriu alguma coisa na rádio. Sei que o Marcelo Noah está se esforçando na Ipanema para fazer alguma divulgação. Fora isso, silêncio (peço perdão se faltou citar alguém, mas não dou conta de rastrear toda a cobertura da imprensa, sei apenas que foram pouquíssimos os que noticiaram).
A explicação óbvia seria por si só bem plausível diante do que estamos acostumados a ver na imprensa: interessa mais valorizar a iniciativa privada nos meios de comunicação. Não interessa o que pode ser bom para a população. Ainda mais se quem tiver proposto o projeto for um governo amigo. É sempre bom preservar esse tipo de amizade. Amizades poderosas.

Mas a coisa vai mais longe: os Sirotsky, a quem pertence o maior, quase único, grupo de comunicação do Rio Grande do Sul, a RBS (conhecido por alguns como PRBS, por conta de suas características de partido político nas atitudes que toma), são também donos de uma empresa chamada Maiojama (uma mistura breguíssima dos nomes MAurício; IOne, mulher de Maurício; JAyme; e MArlene, mulher de Jayme). A Maiojama é uma construtora, ou melhor, como diz em seu site, “atua no planejamento e desenvolvimento de edificações residenciais, comerciais, flats e shopping centers”.
Agora peço um esforço mínimo de dedução lógica dos leitores: o governo do estado quer entregar um terreno por um valor muito abaixo do de mercado; o terreno é gigante, muito bem localizado, num dos pontos atualmente mais disputados de Porto Alegre; seria perfeito, do ponto de vista empresarial, para construir um grande complexo, que poderia envolver dúzias de torres de apartamentos, comércio, shopping, mil coisas; quem faria isso seria uma construtora; os Sirotsky têm uma construtora; os Sirotsky têm um grupo de comunicação; o grupo de comunicação se cala diante de um empreendimento que pode prejudicar a população. Logo, há um grande interesse por trás que orienta o silêncio absolutamente antiético da empresa de comunicação.
A ética jornalística manda colocar o cidadão em primeiro lugar e não se deixar corromper. Os interesses privados não podem transpor os coletivos. Ou seja, a RBS adota uma postura nitidamente, escancaradamente, maldosamente antiética.
* Peço aos blogueiros que ajudem a divulgar o roubo que está sendo tramado ao patrimônio público. Diante do silêncio da grande imprensa, nós temos a obrigação de nos unir e lutar pelos interesses da cidade.
Postado por Cris Rodrigues no blog JornalismoB.
6 de janeiro de 2010
E a FASE?

Escreve o Animot:
Yeda, ACM, e o terreno da ex-Febem

ACM, quando Prefeito biônico de Salvador, entregou à especulação imobiliária 25 milhões de metros quadrados de terras, ou seja, quase 10% da superfície de Salvador, através da Lei da Reforma Urbana, promulgada às vésperas do natal de 1968. Com isso, o ACM liquidou os estoques de terras públicas da capital baiana, inviabilizando qualquer possibilidade de a cidade criar planos de habitação. As terras foram vendidas ao preço de CR$ 2,35 o metro quadrado. Terras preciosas situadas no núcleo de expansão da cidade, entre a BR 324 e a orla, sobretudo aquelas que se encontravam onde viria a ser a Avenida Paralela e que se mantinham imunes aos especuladores, por força das clausulas de aforamento, foram para eles transferidas da noite para o dia.
A governadora Yeda Crusius sempre ficará atrás de Antônio Carlos Magalhães, pois ACM ao menos era um político capaz e articulado, ainda que usasse sua capacidade e sua articulação para seus fins enviesados. Mas o caso do terrenão da Fase (foto acima) nas vizinhanças da Av. Padre Cacique que será vendido para alguma construtora de imóveis é aceêmico ao menos no quesito da transferência de terras públicas preciosas para privados. Talvez seja aceêmico também no quesito cruzeiros/m².
A que vem esse negócio nessa hora? É desconsiderar o interesse público vender um patrimônio desses às pressas, sem maiores esclarecimentos ou debates transparentes, profundos e multilaterais.
O governo do estado diz, pelo secretário Fernando Schüler, em entrevista realizada segunda-feira, que (1) a discussão sobre a descentralização da Fase (ex-Febem) tem ao menos 15 anos, e que é preciso fazer com que os menores fiquem mais próximos das suas famílias, muitas das quais são de cidades do interior do estado. Isso justificaria, segundo o governo Yeda, (2) a permuta do terreno da Fase em Porto Alegre por áreas públicas ou privadas em cidades do interior.
Mas não tal há justificação. Se o governo quer terrenos no interior do estado, isso não exige a venda de terreno na capital. São duas coisas muito diferentes, e não há necessidade alguma de vincular a aquisição de terrenos no interior à venda do terreno na capital.
Ou seja, a justificativa do governo Yeda para vender o terreno da Fase em Porto Alegre não cola.
Há um terceiro elemento, ainda da entrevista do secretário de Yeda:
Apresentador André Machado: Para entender como funciona, essa área extremamente valorizada da Padre Cacique, especialmente agora com a Copa do Mundo chegando e o Beira Rio vai ser o palco dessa área, uma empresa, possivelmente uma construtora, tem interesse ali e ao pegar aquela área, ela vai construir unidades da Fase em outros municípios. É isso?
Secretário de Justiça e Desenvolvimento Social do Estado, Fernando Schüler: Exatamente. É uma permuta por licitação. Teremos um comitê de acompanhamento externo amplo, mas essencialmente há uma concorrência direta e o vencedor terá a obrigação de construir no padrão determinado pelo Estado, com controle bastante forte, essas unidades adaptadas dentro do padrão. O projeto arquitetônico é feito pelos técnicos da própria Fase, a empresa que ganhar a licitação faz a construção e evidentemente a melhor proposta a partir da construção das unidades e dos valores que forem oferecidos será a vencedora. Um ponto central do projeto é que todo o recurso obtido ou toda permuta direta será utilizada apenas na construção das unidades descentralizas. Ou seja, é uma forma que o Estado encontrou de preservar o seu patrimônio. Hoje é um patrimônio que não serve para sua finalidade, nós teremos um outro patrimônio público, ele será todo público, tombado para o Estado, mas adequado à finalidade que é a recuperação socioeducativa dos adolescentes infratores.
Ou seja, (3) uma construtora leva um terreno valorizado na capital, em troca constrói unidades
da Fase no interior. Aqui o risco de se criar uma aceêmica mãe de todas as bandalheiras é enorme. Talvez estejamos para ver, no RS de hoje, aquilo que os soteropolitanos viram no final dos anos 60: terrenos públicos vendidos a 2 cruzeiros o metro quadrado.
É verdade que as crianças e adolescentes recolhidos nas unidades da Fase precisam ficar próximos das suas famílias, e é nobre que se busque meios de aproximá-las. Mas é torpe vender patrimônio público como se fosse realização de uma causa nobre. E realizar o negócio em tais bases, envolvendo uma construtora que colocará as mãos em uma área nobre, é menos do que torpe. É aceêmico.
Sobre o projeto de venda do terreno nobre nas vizinhanças da Av. Padre Cacique em troca da construção de unidades da Fase no interior, o secretário de Yeda diz:
Sem tirar recursos do orçamento, será uma pequena revolução no sistema da Justiça Juvenil.
Esse simplesmente não é o ponto. Não vamos nem discutir o exagero retórico da "pequena revolução", o que me parece abuso verbal sobre um público que está sendo abusado de diversas formas. Vamos focar no "sem tirar recursos do orçamento". Ora, o ponto que preocupa não é esse, mas sim o neoaceemismo.
O aceemismo estilo vésperas do natal de 1968 faz duas coisas erradas. Primeiro, vende um bem público que faz falta no presente, e fará mais falta ainda no futuro. Segundo, o vende por meros 2 cruzeiros/m². O que mais preocupa é o primeiro erro, pois o futuro tem o hábito de virar presente. Aliás, é por isso que escolhemos governantes, os quais devem ser guardiões do futuro.
Há um quarto ponto a ser considerado. O secretário de Yeda diz, no trecho da entrevista reproduzido acima, que (4) o patrimônio público é preservado com essa proposta. Seu raciocínio parece ser o seguinte: (4.1) a Fase manterá sua capacidade de atendimento, (4.2) estará mais próxima da população atingida, e (4.3) a aproximação se fará com dinheiro privado.
Temos que admitir que, se um serviço se torna mais acessível, o serviço foi melhorado. Isso nos leva a desejar a construção de unidades da Fase no interior do estado, pelos motivos indicados pelo secretário: os pais de muitos menores são do interior.
Mas serviço público é uma coisa, patrimônio público é outra. Ninguém discute a necessidade urgente de melhorar os serviços públicos. Aliás, é o que mais exigimos do governo Yeda. Considerando tudo, seria ótimo se Yeda pelo menos não tivesse piorado os serviços públicos, fechando dezenas de escolas no RS, por exemplo. Que se melhore os serviços é dever e promessa de políticos, mas que se confunda serviço com patrimônio ou é erro puro e simples, ou é má-fé.
Não há nenhuma relação entre o serviço prestado pela Fase, o qual deve melhorar, e a necessidade de vender o terreno da Fase. Imaginação contrária é confusão, ou engodo.
Claro, poderíamos perguntar: mas, de onde virá o dinheiro para construir as novas unidades da Fase? A resposta é simples: do mesmo lugar de onde Yeda tirou R$150.000.000,00 para dar à fábrica de cigarros Souza Cruz, em troca da geração de 250 empregos. Sobre este negócio, o economista Roberto Iglesias disse:
É vergonhoso dar R$ 150 milhões para um empreendimento que gera 250 empregos. Qualquer que seja o ponto de vista que se olhe, isso não faz sentido.
Eis os custos públicos de cada emprego gerado, segundo o economista Clóvis Panzarini:
Cada emprego custou R$ 600 mil. Com esse dinheiro, você poderia pagar R$ 1.300 por mês para um professor por 35 anos. E ele daria aula, não fabricaria cigarro.
Tânia Cavalcanti, do Instituto Nacional do Câncer, complementa:
A indústria lucra e deixa o prejuízo do tratamento para a sociedade como um todo. Não tem o menor sentido essa política. O governo gaúcho está na contramão das boas práticas contra o fumo.
O governo Yeda deu 150 milhões de reais em isenções fiscais a uma fábrica de cigarros, a qual gera 250 empregos, os quais saem mais caro para nós do que os empregos de funcionário públicos como professores e policiais. Isso não quer dizer apenas lucrar às custas do público, pois se trata da geração de gastos públicos: cigarros geram doenças, e os governos gastam no tratamento dos males do cigarro uma vez e meia o que arrecadam, isso quando arrecadam, o que não é nosso caso.
É claro que o dinheiro tem que vir do estado, pois se trata de um serviço estatal. Não se deve iludir o público com o oximoro do serviço público sem custo algum. No caso, estamos tratando do patrimônio público, o qual pode ser construído com dinheiro privado. Isso era comum em Roma, isso acontecia na São Paulo de Chateaubriand e famílias concorrentes. Mas a proposta do governo Yeda não entra nessa categoria, visto que mistura construção de patrimônio com abdicação aceêmica do mesmo.
Há um quinto elemento na discussão: (5) é o público, e não uma construtora privada, quem deve decidir o que fazer com o terreno da Fase. Digamos que o público escolha que devam ser construídas escolas e hospitais públicos, além de museus, zonas de preservação e moradias populares. A construtora vencedora da licitação construirá tudo isso e se sentirá paga pelos sorrisos? Certamente não. De modo que é bom deixá-la de fora disso. O secretário de Yeda tem razão quando diz que o terreno não serve para abrigar a Fase, mas é o público e não uma construtora quem deve dizer qual sua serventia.
Em resumo, inaptidão política de Yeda Crusius à parte, teríamos na Porto Alegre das vésperas do natal de 2009 a triste reprise dos eventos aceêmicos das vésperas do natal da Salvador de 1968 --- e também uma evidência de que as maldades natalinas de Yeda vão além da mão nos bolsos de professores e policiais.
Atualizado em 7/01/2010, 1h18min.