Quem conhece a direita e conhece a Yeda, já sabia o que poderia esperar: um prato cheio de mentiras e contradições. E elas não aguardaram a posse da Governadora para aparecerem.
Iniciaram com as brigas entre Yeda Crusius e o seu vice Paulo Feijó, ele defendendo, escancarada e inoportunamente, as privatizações e ela tentando desmentir exatamente aquilo que fará durante o seu governo.
O desacerto continuou na escolha do secretariado, na qual nem seu vice foi consultado. Também o tal secretariado “técnico” não emplacou.
E para coroar tudo isso, a tentativa da prorrogação do tarifaço, associado ao aumento do ICMS, foi a primeira de uma série de mentiras que virão ao longo dos quatro anos de mandato. Este episódio causou, inclusive, as primeiras baixas do seu governo, com a renúncia de dois secretários de estado antes mesmo de terem assumido.
Tendo levado uma rasteira dos seus próprios partidários na questão do tarifaço, Yeda ensaia uma vingança mesquinha. Alegando falta de recursos, manda voltar para casa os policiais da Operação Golfinho e confirma que atrasará salários do funcionalismo. Além disso, na busca obsessiva do tal “déficit zero”, Yeda anuncia a redução de 30% dos gastos públicos, bem como a “postergação da elevação dos salários”.
No entanto, este festival de mentiras e contradições está passando batido pela “opinião pública”, pois, como era de se esperar, a mídia amiga trata de minimizar o impacto dessas notícias, como foi o caso do Jornal do Comércio ao falar do “pacote do déficit zero” e não de tarifaço. Nos bons tempos do PT, teríamos manchetes do tipo “Fúria arrecadadora ameaça o estado”, “Governador eleito mentiu” e coisas do gênero, diuturnamente e em todas as mídias.
Não bastasse as questões políticas, ainda fomos brindados por Yeda com suas gafes em cadeia nacional. A pantalha, o pão cacetinho, o churrasquinho de mãe (com direito a expressão corporal) e as estátuas de Teixerinha espalhadas por Paso Fundo, nada disso mereceu, por parte da mídia, comentários à altura. Se fosse o Olívio, a mídia sentenciaria que ele não estava preparado a governar o estado, por não conhecer as nossas “tradições”.
Mas qual é a maior tragédia nisso tudo? A mídia amiga proteger a sua eleita, ou o campo da esquerda não possuir um mísero canal de mídia com alcance popular, seja ele jornal, rádio ou TV, que pudesse explorar tudo o que nos está sendo dado de bandeja?
A maioria da população está completamente alheia a esses fatos. Alguma indignação aqui e ali, mas nada que represente uma convicção do desastre que está se anunciando.
Os únicos canais que, até agora, têm batido forte no Governo Yeda são os blogues, onde seus mantenedores informam, analisam e opinam sobre os últimos acontecimentos com a objetividade que eles merecem. É comum haver um cruzamento de informações entre eles, através dos hiper-links, formando uma verdadeira rede alternativa de informação qualificada.
Seria maravilhoso, se houvesse um acesso universal da nossa população à Internet. Os problemas de informação do campo da esquerda estariam resolvidos. Só que não é assim que a coisa funciona. Boa parte da população só tem como fonte de informação o Jornal Nacional, rádios com comunicadores sensacionalistas e jornais impressos do tipo Diário Gaúcho.
Os partidos de esquerda, em particular o PT, continuam negligenciando a tarefa de chamar para si a responsabilidade de organizar mídias de alcance popular, capazes de informar, ao mesmo tempo em que promove formação política, que seria exatamente o contrário da mídia hegemônica, que desinforma e deforma politicamente.
Parece que o campo da esquerda está satisfeito com a mobilização espontânea dos seus simpatizantes, que fazem o contraponto à mídia hegemônica. Por mais promissor e bem-vinda que seja esta atuação, ela tem limites muito precisos. São iniciativas individuais, de pessoas de boa vontade, que disponibilizam algum tempo livre para se dedicar a essa tarefa militante. Só que é preciso muito mais do que isso para difundir as idéias do campo da esquerda.
O que se sobrepõe a tudo isso é a necessidade de uma política de comunicação, por parte dos partidos de esquerda, que possa pensar a informação como questão estratégica na sua relação com a população e repensar a sua relação com a mídia hegemônica.
Esta questão já está se tornando tediosa, tanto pela nossa insistência em tratar do assunto, quanto pela resistência das esquerdas em discutirem este tema. A Igreja Universal tem TV, rádio e jornal; a Igreja Católica, idem. O grande capital domina todas as mídias. Os setores ideologicamente mais atrasados reconhecem a importância da comunicação.
Enquanto isso, a esquerda, através de seus representantes, como foi o caso, por exemplo, de Roberto Amaral do PSB, em simpósio realizado em Porto Alegre, declara que a mídia é autoritária, porque é o reflexo de uma sociedade também autoritária. Amaral é incapaz de inverter os termos dessa equação, porque negligencia, grosseiramente, o papel da mídia na sociedade contemporânea. Ele é um exemplo acabado do pensamento que domina a esquerda em relação aos meios de comunicação. Isso explica muita coisa a respeito da atitude da esquerda e delineia um futuro nada promissor no que diz respeito à compreensão que o campo popular tem do fenômeno mídia.
É por essas e por outras, que o Rigotto elegeu sucessor, Fogaça aniquilou com o projeto do PT e a Yeda está aí para mais quatro anos de engambelação midiática.
Iniciaram com as brigas entre Yeda Crusius e o seu vice Paulo Feijó, ele defendendo, escancarada e inoportunamente, as privatizações e ela tentando desmentir exatamente aquilo que fará durante o seu governo.
O desacerto continuou na escolha do secretariado, na qual nem seu vice foi consultado. Também o tal secretariado “técnico” não emplacou.
E para coroar tudo isso, a tentativa da prorrogação do tarifaço, associado ao aumento do ICMS, foi a primeira de uma série de mentiras que virão ao longo dos quatro anos de mandato. Este episódio causou, inclusive, as primeiras baixas do seu governo, com a renúncia de dois secretários de estado antes mesmo de terem assumido.
Tendo levado uma rasteira dos seus próprios partidários na questão do tarifaço, Yeda ensaia uma vingança mesquinha. Alegando falta de recursos, manda voltar para casa os policiais da Operação Golfinho e confirma que atrasará salários do funcionalismo. Além disso, na busca obsessiva do tal “déficit zero”, Yeda anuncia a redução de 30% dos gastos públicos, bem como a “postergação da elevação dos salários”.
No entanto, este festival de mentiras e contradições está passando batido pela “opinião pública”, pois, como era de se esperar, a mídia amiga trata de minimizar o impacto dessas notícias, como foi o caso do Jornal do Comércio ao falar do “pacote do déficit zero” e não de tarifaço. Nos bons tempos do PT, teríamos manchetes do tipo “Fúria arrecadadora ameaça o estado”, “Governador eleito mentiu” e coisas do gênero, diuturnamente e em todas as mídias.
Não bastasse as questões políticas, ainda fomos brindados por Yeda com suas gafes em cadeia nacional. A pantalha, o pão cacetinho, o churrasquinho de mãe (com direito a expressão corporal) e as estátuas de Teixerinha espalhadas por Paso Fundo, nada disso mereceu, por parte da mídia, comentários à altura. Se fosse o Olívio, a mídia sentenciaria que ele não estava preparado a governar o estado, por não conhecer as nossas “tradições”.
Mas qual é a maior tragédia nisso tudo? A mídia amiga proteger a sua eleita, ou o campo da esquerda não possuir um mísero canal de mídia com alcance popular, seja ele jornal, rádio ou TV, que pudesse explorar tudo o que nos está sendo dado de bandeja?
A maioria da população está completamente alheia a esses fatos. Alguma indignação aqui e ali, mas nada que represente uma convicção do desastre que está se anunciando.
Os únicos canais que, até agora, têm batido forte no Governo Yeda são os blogues, onde seus mantenedores informam, analisam e opinam sobre os últimos acontecimentos com a objetividade que eles merecem. É comum haver um cruzamento de informações entre eles, através dos hiper-links, formando uma verdadeira rede alternativa de informação qualificada.
Seria maravilhoso, se houvesse um acesso universal da nossa população à Internet. Os problemas de informação do campo da esquerda estariam resolvidos. Só que não é assim que a coisa funciona. Boa parte da população só tem como fonte de informação o Jornal Nacional, rádios com comunicadores sensacionalistas e jornais impressos do tipo Diário Gaúcho.
Os partidos de esquerda, em particular o PT, continuam negligenciando a tarefa de chamar para si a responsabilidade de organizar mídias de alcance popular, capazes de informar, ao mesmo tempo em que promove formação política, que seria exatamente o contrário da mídia hegemônica, que desinforma e deforma politicamente.
Parece que o campo da esquerda está satisfeito com a mobilização espontânea dos seus simpatizantes, que fazem o contraponto à mídia hegemônica. Por mais promissor e bem-vinda que seja esta atuação, ela tem limites muito precisos. São iniciativas individuais, de pessoas de boa vontade, que disponibilizam algum tempo livre para se dedicar a essa tarefa militante. Só que é preciso muito mais do que isso para difundir as idéias do campo da esquerda.
O que se sobrepõe a tudo isso é a necessidade de uma política de comunicação, por parte dos partidos de esquerda, que possa pensar a informação como questão estratégica na sua relação com a população e repensar a sua relação com a mídia hegemônica.
Esta questão já está se tornando tediosa, tanto pela nossa insistência em tratar do assunto, quanto pela resistência das esquerdas em discutirem este tema. A Igreja Universal tem TV, rádio e jornal; a Igreja Católica, idem. O grande capital domina todas as mídias. Os setores ideologicamente mais atrasados reconhecem a importância da comunicação.
Enquanto isso, a esquerda, através de seus representantes, como foi o caso, por exemplo, de Roberto Amaral do PSB, em simpósio realizado em Porto Alegre, declara que a mídia é autoritária, porque é o reflexo de uma sociedade também autoritária. Amaral é incapaz de inverter os termos dessa equação, porque negligencia, grosseiramente, o papel da mídia na sociedade contemporânea. Ele é um exemplo acabado do pensamento que domina a esquerda em relação aos meios de comunicação. Isso explica muita coisa a respeito da atitude da esquerda e delineia um futuro nada promissor no que diz respeito à compreensão que o campo popular tem do fenômeno mídia.
É por essas e por outras, que o Rigotto elegeu sucessor, Fogaça aniquilou com o projeto do PT e a Yeda está aí para mais quatro anos de engambelação midiática.
Eugênio Neves e Claudia Cardoso.
5 comentários:
Também fico "P" da vida com esta carência de informação honesta,não tendenciosa e interesseira.Uma medida mínima que fosse,mas visível,que despertasse o interesse pela informação honesta,já seria de grande valia.
Nesta linha existem recursos do tipo arquivo feet,RSS,XML,ATOM,tais os de computador,colocados em fachadas ou alto de prédios.Não faço idéia do custo e da burocracia para instalação de um tréco dêstes,mas o que não podemos mais é contar só com a boa vontade de pessoas,como vcs.Eugenio e Claúdia,correndo risco de serem prejudicados em suas profissões,seu ganha-pão.
Entendo que êste tipo de conversa parece qualquer coisa....,mas também qualquer coisa precisa ser feita.É impossivel que o brasileiro só saiba o que o rei queira que êle saiba.Êste sentimento de colonizado tem de acabar.
Caros Eugenio e Claúdia:
Dias destes eu estava perguntando-me : Que fim levou a "emtempo", o "jornal do trabalhador", o "classe operária" e outros mais?
Pelo que sei nenhum deles existe mais, e se existem não sei por onde andam pois nunca mais os encontrei.
Pô! será que o PT não consegue fazer um jornal com tantos filiados ocupando cargos federais, estaduais e municipais? Pelo que sei não foi abolida a contribuição partidária.
Quem tem Hélio Costa para Ministro das Comunicações, é por que NÃO tem política de comunicação. E não é preciso ir à Brasília para ver que essa política do PT é de norte a sul.
A gente não sabe se fica contente ou morre de desgosto com os comentários. Parece que além de nós, vocês e o Requião que, por incrível que pareça, faz o discurso que o PT deveria estar fazendo, ninguém mais da esquerda consegue entender a mídia como A QUESTÃO POLÍTICA. Quanto aos jornais como o Emtempo, Versus, Coojornal, Classe Operária, infelizmente, na minha opinião, não há, hoje em dia, lugar para eles dada ao estado de indigência mental do nosso eleitorado. Tais publicações requeriam um mínimo de formação política para serem compreendidas. Hoje, depois da devastação do discurso neoliberal, precisamos retomar a formação política do be-a-bá. Precisamos informar, à população, a diferença entre uma municipalidade, um estado, uma nação, o que é o poder judiciário, o que é o legislativo, etc. Quem duvida disso, que puxe um papinho com o motorista de táxi que lê Diário Gaúcho, nas barbearias, no mercadinho da esquina. É de apavorar! É por essas e por outras, que o Lasier Martins conseguiu convencer a manezada que a questão da segurança pública em Porto Alegre era função do prefeito. Lembram desse tema na campanha para prefeitura? Já na campanha para o governo do estado, onde este tema apareceu? Estamos lidando com uma população que não tem a menor idéia de como se constitui uma república. Quanto mais estabelecer diferenças entre direita e esquerda, projeto político e marquetagem, oportunismo e propostas sérias. Podem me chamar de elitista, mas estamos sem pai nem mãe nesta luta. Acho que deveríamos fundar a sociedade dos blogueiros órfãos, pois só temos a nós mesmos.
Lau, é uma idéia e tanto a tua de colocar um painel eletrônico. Podemos levantar essas informações e fazer um consórcio de blogueiros, que bancasse esse painel, onde haveriam chamadas para as nossas páginas.
É algo a se pensar.
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