O Marco Aurélio, no RSurgente, foi matador na sua análise sobre o relatório da ONU a respeito do aquecimento global, por isso, merece ser reproduzido na íntegra:
O nome do principal responsável pela degradação ambiental do planeta está sendo omitido. A ação do homem está destruindo o planeta, repete-se por toda parte. Sim, é a ação do homem, mas falta qualificar melhor essa ação. O que não está sendo dito, com todas as letras, é que o atual padrão de produção e consumo é absolutamente insustentável. E esse padrão é alimentado diariamente pela lógica do individualismo, da busca incessante do lucro, da guerra e da mercantilização de todas as esferas da vida humana. São esses valores, princípios e práticas que estão destruindo florestas, envenenando rios, derretendo calotas polares, matando pessoas de fome, transformando as cidades em desordenados aglomerados humanos*. Todos os países querem maior crescimento econômico, mais indústrias, um PIB maior, uma renda per capita mais robusta. Isso é, ao mesmo tempo, impossível e indesejável. No entanto, seguimos firmes nessa marcha da insensatez.
Tudo indica que as coisas vão piorar muito ainda, antes de melhorar, se é que vão melhorar. Não há nenhuma garantia metafísica disso. Espécies e civilizações já pereceram antes e o universo seguiu sua marcha, sabe-se lá para onde. Há alguns elementos positivos neste cenário. Um deles é o privilégio de assistir ao vivo e em tempo real o espetáculo de ignorância, arrogância e soberba que tem como atores chefes de Estado, parlamentares, empresários, cientistas e pessoas “comuns” das mais variadas estirpes. O reino dos empreendedores e dos homens de bem segue sua marcha, erguendo cercas cada vez mais altas, aumentando seu arsenal para defender o próprio patrimônio, cultuando a imagem que vêem no espelho como um ídolo sagrado, buscando um novo negócio para acumular mais lucro e prestígio. Todo esse espetáculo é regido pela lógica do curtíssimo prazo. Que me importa que a mula manque, vou defender o que é meu, o meu palácio, como diria a governadora Yeda Crusius. O resto que se exploda. O desejo está virando realidade.
Tudo indica que as coisas vão piorar muito ainda, antes de melhorar, se é que vão melhorar. Não há nenhuma garantia metafísica disso. Espécies e civilizações já pereceram antes e o universo seguiu sua marcha, sabe-se lá para onde. Há alguns elementos positivos neste cenário. Um deles é o privilégio de assistir ao vivo e em tempo real o espetáculo de ignorância, arrogância e soberba que tem como atores chefes de Estado, parlamentares, empresários, cientistas e pessoas “comuns” das mais variadas estirpes. O reino dos empreendedores e dos homens de bem segue sua marcha, erguendo cercas cada vez mais altas, aumentando seu arsenal para defender o próprio patrimônio, cultuando a imagem que vêem no espelho como um ídolo sagrado, buscando um novo negócio para acumular mais lucro e prestígio. Todo esse espetáculo é regido pela lógica do curtíssimo prazo. Que me importa que a mula manque, vou defender o que é meu, o meu palácio, como diria a governadora Yeda Crusius. O resto que se exploda. O desejo está virando realidade.
*Grifo nosso.
2 comentários:
Um tiro certeiro no coração da matéria: a exploração descontrolada e furiosa da natureza, sob a égide do sistema capitalista, está liquidando com a vida na terra. Interessante ressaltar a postura hipócrita do governo dos EUA, que diz preocupar-se com a questão mas se nega a adotar medidas em direção a solução do problema (por exemplo, recusam-se a assinar o Tratado de Kyoto). Vão morrer ricos e podres - e querem levar o resto da humanidade junto. Um abraço.
muito bom, parou por aí o texto? podia ter desenvolvido muito mais!
saudações estudantis
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