Eugênio Neves - "Levante", 05/05/93
A sociedade gaúcha, volta e meia, é assombrada por fantasmas do seu passado. Parece que ela não consegue sepultar, definitivamente, certas atitudes e indivíduos que a História mostrou serem incapazes de conviver com um estado de direito. A tampa do sepulcro abriu, dessa vez, no Conversas Cruzadas do dia 12 de abril.
Nelson Marchezan, o Júnior, deputado estadual do PSDB, apertado que nem rato em guampa no debate sobre segurança pública, usando a velha tática da direita, resolveu partir para o ataque, exibindo revistas e cópias de matérias publicadas na IstoÉ e Veja sobre o Governo Lula. E, como não poderia deixar de ser, lembrou o seqüestro da lotação, com o clássico bordão "o Bisol saiu abraçado com o seqüestrador". Todo mundo deve estar lembrado deste episódio e da atitude do Secretário de Segurança de então, que conhecedor da polícia que recalcitrava sob seu comando, prudentemente, interveio na situação para evitar o massacre de uma pessoa que cometeu um desatino. A direita e a mídia nunca o perdoaram por isso, porque queriam ver sangue.
O deputado estadual Adão Villaverde (PT), também presente ao debate, recolocou as coisas no lugar, ao chamar a atenção de Júnior para o fato de que ele estava "terceirizando a responsabilidade", pois atacou os governos Lula e Olívio para não responder sobre o governo Yeda do qual ele faz parte. No entanto, Villaverde poderia ter sido mais contundente e lembrado ao arrogante pimpão de que ele não tem estatura moral nem ética para atacar alguém como José Bisol.
Quem é Marchezan Jr., se não o filho de um dos mais fiéis serviçais da ditadura militar? Parece que Júnior que reeditar os "bons tempos" do autoritarismo. Quem sabe, como seu pai, experimentar a sensação de mandar e desmandar, atropelando os mínimos preceitos de civilidade? Certamente, naquela época, o personagem da lotação seria crivado de balas e os "heróis", que tivessem executado tal façanha, seriam condecorados pelo Marchezan-pai com a Medalha do Pacificador.
Não se pode dizer que Marchezan-pai tenha deixado um herdeiro à sua altura. Até porque, sobre ele, corria uma anedota no tempo que mandava e desmandava. Dizia-se que "Francelino Pereira era uma idéia à procura de uma voz e Marchezan era uma voz a procura de uma idéia".
O que sobrou para o Júnior não foi nem voz, muito menos idéia. Só um sobrenome comprometedor.
Abaixo, dois textos sobre situações que se repetem e que devem estar bem ao gosto do Pimpão Júnior.
Nelson Marchezan, o Júnior, deputado estadual do PSDB, apertado que nem rato em guampa no debate sobre segurança pública, usando a velha tática da direita, resolveu partir para o ataque, exibindo revistas e cópias de matérias publicadas na IstoÉ e Veja sobre o Governo Lula. E, como não poderia deixar de ser, lembrou o seqüestro da lotação, com o clássico bordão "o Bisol saiu abraçado com o seqüestrador". Todo mundo deve estar lembrado deste episódio e da atitude do Secretário de Segurança de então, que conhecedor da polícia que recalcitrava sob seu comando, prudentemente, interveio na situação para evitar o massacre de uma pessoa que cometeu um desatino. A direita e a mídia nunca o perdoaram por isso, porque queriam ver sangue.
O deputado estadual Adão Villaverde (PT), também presente ao debate, recolocou as coisas no lugar, ao chamar a atenção de Júnior para o fato de que ele estava "terceirizando a responsabilidade", pois atacou os governos Lula e Olívio para não responder sobre o governo Yeda do qual ele faz parte. No entanto, Villaverde poderia ter sido mais contundente e lembrado ao arrogante pimpão de que ele não tem estatura moral nem ética para atacar alguém como José Bisol.
Quem é Marchezan Jr., se não o filho de um dos mais fiéis serviçais da ditadura militar? Parece que Júnior que reeditar os "bons tempos" do autoritarismo. Quem sabe, como seu pai, experimentar a sensação de mandar e desmandar, atropelando os mínimos preceitos de civilidade? Certamente, naquela época, o personagem da lotação seria crivado de balas e os "heróis", que tivessem executado tal façanha, seriam condecorados pelo Marchezan-pai com a Medalha do Pacificador.
Não se pode dizer que Marchezan-pai tenha deixado um herdeiro à sua altura. Até porque, sobre ele, corria uma anedota no tempo que mandava e desmandava. Dizia-se que "Francelino Pereira era uma idéia à procura de uma voz e Marchezan era uma voz a procura de uma idéia".
O que sobrou para o Júnior não foi nem voz, muito menos idéia. Só um sobrenome comprometedor.
Abaixo, dois textos sobre situações que se repetem e que devem estar bem ao gosto do Pimpão Júnior.
Nota à Imprensa DO MST DO RIO GRANDE DO SUL
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem a público denunciar as violações de direitos humanos cometidas no Estado do Rio Grande do Sul:
No dia 11 de abril, o Movimento Sem Terra realizou três ocupações de terra no Rio Grande do Sul, como parte da Jornada Nacional de lutas por Reforma Agrária. Uma das áreas ocupadas foi a Fazenda Guerra, no município de Coqueiros do Sul.
Cerca de 800 famílias participaram da ocupação. Esta foi a oitava vez que as famílias mobilizaram-se para ocupar a área e pedir sua desapropriação. A Fazenda Guerra possui 7 mil hectares, ou seja, aproximadamente o tamanho de 7 mil campos de futebol! Esta fazenda ocupa 30% da área do município e a desapropriação é um desejo não apenas dos agricultores, mas da própria sociedade: no ano passado, 23 prefeitos da região entregaram ao Governo Federal um pedido para que desapropriasse esta área para reforma agrária.
Após a ocupação, a área foi congelada pela Brigada Militar, sem que ninguém pudesse entrar ou sair da área. Um aparato de centenas de policiais fortemente armado foi deslocado para o município para fazer o despejo das famílias. Diante da ameaça de conflito, as famílias acampadas preferiram recuar e deixar a área. Ainda assim, o despejo de homens, mulheres e crianças foi feito durante a noite, sob provocações e humilhações dos policiais.
No dia seguinte, 12 de abril, a Brigada Militar aproximou-se da área onde as famílias estão acampadas, fora da fazenda, provocando e ameaçando os agricultores. Tiros foram disparados contra as famílias, que reagiram com pedras. O agricultor Daniel Mafalda Chavez, de 33 anos, foi ferido a bala.
No Hospital de Carazinho, as duas pessoas que acompanhavam o agricultor foram presas. O próprio agricultor, após ter recebido apenas analgésicos no atendimento hospitalar, foi novamente preso, com a bala ainda alojada no corpo e submetido a espancamentos durante a noite. Solto, foi novamente levado a um Hospital, em Palmeira das Missões. E, agora, novamente foi transferido para a capital Porto Alegre, pois a bala permanece alojada em seu corpo.
Em outra ocupação, em Pedro Osório, um grande efetivo de policiais e tropa de choque foi deslocado para o despejo. Apesar da saída pacífica das famílias, cinco agricultores foram feridos com baionestas.
A violência da Brigada Militar não é fato isolado ou novo. O Comandante da Brigada Militar na região tem defendido permanentemente a expulsão das famílias acampadas e a destruição dos acampamentos. A política da Governadora Yeda Crusius para a segurança pública, tem incentivado o autoritarismo e a truculência, criminalizando não apenas os movimentos sociais. No Rio Grande do Sul, em três meses de Governo, cerca de 20 pessoas já foram assassinadas pela Brigada Militar.
Neste mês, em que se completam 11 anos do Massacre de Eldorado de Carajás, quando 19 trabalhadores rurais sem terras foram assassinados pela Policia Militar do Pará, sob ordens do Governador Almir Gabriel do mesmo partido que a Governadora Yeda Crusius, tememos que a violência estatal, o compromisso com o latifúndio e a injustiça social imperem novamente.
MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA - RS
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem a público denunciar as violações de direitos humanos cometidas no Estado do Rio Grande do Sul:
No dia 11 de abril, o Movimento Sem Terra realizou três ocupações de terra no Rio Grande do Sul, como parte da Jornada Nacional de lutas por Reforma Agrária. Uma das áreas ocupadas foi a Fazenda Guerra, no município de Coqueiros do Sul.
Cerca de 800 famílias participaram da ocupação. Esta foi a oitava vez que as famílias mobilizaram-se para ocupar a área e pedir sua desapropriação. A Fazenda Guerra possui 7 mil hectares, ou seja, aproximadamente o tamanho de 7 mil campos de futebol! Esta fazenda ocupa 30% da área do município e a desapropriação é um desejo não apenas dos agricultores, mas da própria sociedade: no ano passado, 23 prefeitos da região entregaram ao Governo Federal um pedido para que desapropriasse esta área para reforma agrária.
Após a ocupação, a área foi congelada pela Brigada Militar, sem que ninguém pudesse entrar ou sair da área. Um aparato de centenas de policiais fortemente armado foi deslocado para o município para fazer o despejo das famílias. Diante da ameaça de conflito, as famílias acampadas preferiram recuar e deixar a área. Ainda assim, o despejo de homens, mulheres e crianças foi feito durante a noite, sob provocações e humilhações dos policiais.
No dia seguinte, 12 de abril, a Brigada Militar aproximou-se da área onde as famílias estão acampadas, fora da fazenda, provocando e ameaçando os agricultores. Tiros foram disparados contra as famílias, que reagiram com pedras. O agricultor Daniel Mafalda Chavez, de 33 anos, foi ferido a bala.
No Hospital de Carazinho, as duas pessoas que acompanhavam o agricultor foram presas. O próprio agricultor, após ter recebido apenas analgésicos no atendimento hospitalar, foi novamente preso, com a bala ainda alojada no corpo e submetido a espancamentos durante a noite. Solto, foi novamente levado a um Hospital, em Palmeira das Missões. E, agora, novamente foi transferido para a capital Porto Alegre, pois a bala permanece alojada em seu corpo.
Em outra ocupação, em Pedro Osório, um grande efetivo de policiais e tropa de choque foi deslocado para o despejo. Apesar da saída pacífica das famílias, cinco agricultores foram feridos com baionestas.
A violência da Brigada Militar não é fato isolado ou novo. O Comandante da Brigada Militar na região tem defendido permanentemente a expulsão das famílias acampadas e a destruição dos acampamentos. A política da Governadora Yeda Crusius para a segurança pública, tem incentivado o autoritarismo e a truculência, criminalizando não apenas os movimentos sociais. No Rio Grande do Sul, em três meses de Governo, cerca de 20 pessoas já foram assassinadas pela Brigada Militar.
Neste mês, em que se completam 11 anos do Massacre de Eldorado de Carajás, quando 19 trabalhadores rurais sem terras foram assassinados pela Policia Militar do Pará, sob ordens do Governador Almir Gabriel do mesmo partido que a Governadora Yeda Crusius, tememos que a violência estatal, o compromisso com o latifúndio e a injustiça social imperem novamente.
MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA - RS
ontactos mstrs@mst.org.br
telefone 51- 3221-9022
As asas do Condor ainda continuam a ameaçar o Cone Sul
por jpereira — Última modificação 09/04/2007 15:21
Martin Almada, jurista que descobriu arquivos da aliança dos aparatos repressivos na América do Sul, revela que militares da região seguem trocando informações sobre "subversivos"
09/04/2007
Mário Augusto Jakobskind, do Rio de Janeiro
O paraguaio e advogado Martin Almada, Prêmio Nobel Alternativo da Paz, é um dos expoentes latino-americanos na denúncia e ação contra as ditaduras na região. Integrante da Associação dos Juristas Americanos, descobriu os arquivos da Operação Condor, a união do esquema repressivo do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Hoje, Almada segue alertando sobre a vigência atual da Condor.
Nesta entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Martin Almada retoma a advertência e mostra que, com exceção do governo argentino, falta vontade política aos demais governos latino-americanos, inclusive o do Brasil, de terminar com a impunidade de figuras que nos anos de chumbo dos anos 70 assassinaram e torturaram jovens combatentes que se insurgiram contra a ditadura. Almada analisa também o atual momento que atravessa o Paraguai e a real possibilidade de vitória no próximo ano da candidatura presidencial do ex-bispo Fernando Lugo, representante dos paraguaios que não têm voz. Lugo enfrenta sérias objeções da oligarquia que não se conforma com o surgimento de um nome que poderá desbancar o predomínio do Partido Colorado, o mesmo partido do ditador Alfredo Strossner, e tenta inviabilizar a sua candidatura alegando que ainda é bispo, o que constitucionalmente o impediria de concorrer. Lugo abandonou a batina para ser candidato à Presidência, o que deixou irritado os setores conservadores paraguaios.
por jpereira — Última modificação 09/04/2007 15:21
Martin Almada, jurista que descobriu arquivos da aliança dos aparatos repressivos na América do Sul, revela que militares da região seguem trocando informações sobre "subversivos"
09/04/2007
Mário Augusto Jakobskind, do Rio de Janeiro
O paraguaio e advogado Martin Almada, Prêmio Nobel Alternativo da Paz, é um dos expoentes latino-americanos na denúncia e ação contra as ditaduras na região. Integrante da Associação dos Juristas Americanos, descobriu os arquivos da Operação Condor, a união do esquema repressivo do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Hoje, Almada segue alertando sobre a vigência atual da Condor.
Nesta entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Martin Almada retoma a advertência e mostra que, com exceção do governo argentino, falta vontade política aos demais governos latino-americanos, inclusive o do Brasil, de terminar com a impunidade de figuras que nos anos de chumbo dos anos 70 assassinaram e torturaram jovens combatentes que se insurgiram contra a ditadura. Almada analisa também o atual momento que atravessa o Paraguai e a real possibilidade de vitória no próximo ano da candidatura presidencial do ex-bispo Fernando Lugo, representante dos paraguaios que não têm voz. Lugo enfrenta sérias objeções da oligarquia que não se conforma com o surgimento de um nome que poderá desbancar o predomínio do Partido Colorado, o mesmo partido do ditador Alfredo Strossner, e tenta inviabilizar a sua candidatura alegando que ainda é bispo, o que constitucionalmente o impediria de concorrer. Lugo abandonou a batina para ser candidato à Presidência, o que deixou irritado os setores conservadores paraguaios.
Leia a entrevista na íntegra AQUI.
Um comentário:
Bordões,capa de Istoé e Veja.É assim q eles,para desviar a atenção,nos atacam.E o pior é que o povão vai nessa...argh!
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