14 de maio de 2007

I Fórum de TVs Públicas

Ocorrido em Brasília, Hotel Nacional, entre os dias 8 e 11 de maio deste ano, a abertura contou com a presença dos Ministros Gilberto Gil e Franklina Martins e seu encerramento, com a presença do Presidente Lula. Cheguei à tarde deste dia, por isso não acompanhei a cerimônia inicial.
Nos três primeiros dias do Fórum, foram expostos os resultados dos grupos de trabalho (GT) que pensaram as bases teóricas para uma televisão pública brasileira, cujos resultados são encontrados nos Cadernos de Debates 1 e 2. A composição das mesas contou com os relatores e a relatora de cada GT, alguns membros destes e convidados especiais.
Eu, em frente a isso, comecei a questionar minha ida a Brasília. A sensação, que tinha, era a de que a tv pública brasileira já estava pensada pelo Governo Federal e o Fórum serviria apenas para referendá-la. Some-se a isso, o fato de que televisão é radiodifusão e o Ministério das Comunicações (MiniCom) teve uma participação tímida - para ser simpática - tanto nos GTs, quanto no próprio Fórum. Isto não significa que eu estivesse contrária à iniciativa do Ministério da Cultura (MinC) ao realizá-lo, pelo contrário. Quando se fala em comunicação, está se falando em cultura, ou seja, uma coisa não é dissociada da outra. E o que o MinC tem feito, até aqui, é o resgate da cultura brasileira naquilo que ela tem de diverso e de criativo, dando voz e espaços aos vários brasis. Por exemplo, há um projeto em que tvs educativas produzem um programa e este fica à disposição das demais. Como são 80 as TVEs que participam, cada uma possui 80 diferentes programas para exibir ao custo de uma produção. Navegando pela página do MinC, encontram-se outras dezenas de trabalhos exibidos em tv aberta, mas que o público tem pouco ou nenhum acesso por puro desconhecimento. Deixo este tema para outro momento.
Ansiosa pela falta de encaminhamentos - cadê a discussão do modelo de gestão? - fui acompanhando os trabalhos. Paralelamente, acontecia outra reunião, após cada debate. Participavam dela entidades fora das plenárias. A idéia era a construção de um texto alternativo à Carta de Brasília, porque muitos estavam temerosos, não apenas eu, dos rumos a serem tomados pelo Fórum...
Apreciei alguns painéis: o da ASTRAL, por exemplo, na qual Rodrigo Lucena discorreu sobre as potencialidades de produção cultural pelas tvs legislativas, voltada às suas especificidades, evidentemente. E as apresentações do Marcelo Zuffo (USP) e do Tadao Takashi (ACERP) merecerão algumas linhas à parte em outro momento.
Chegou o último dia e, com ele, alguns consensos: a tv pública já deve ser pensada em termos da televisão digital a ser implantada no Brasil; produção independente na sua programação; grande aporte de financiamento público; qualidade da programação como busca de audiência, fugindo da lógica da tv comercial. E saí a perguntar, a cinco diferentes pessoas de diferentes locais deste país, sobre suas impressões do Fórum. Elas foram unânimes em afirmar que gostaram muito.
O que me fez acreditar no seguinte: o problema em não ter gostado do Fórum, tanto assim, era meu. Eu é que fui cheia de expectativas, esperando definições e encaminhamentos. Em conversa com uma colega de luta pela democratização da comunicação, daqui de Porto Alegre, concluímos que nossas ansiedades têm muito a ver pela nossa vivência democrática nestes pagos. É perceptível o quanto avançamos, em relação a muitos dos participantes do Fórum, no exercício da cidadania pela democracia direta e participativa nos 16 anos de Administração Popular em Porto Alegre. Não me alongo neste tema, porque comunicação é um problema enorme para determinados partidos ditos de esquerda...
Finalizando, a Carta de Brasília reuniu a produção da coordenação do Fórum e das entidades da sociedade civil - capitaneada pelo Intervozes - e eu gostei dela. Ainda que seja uma diretriz, não um encaminhamento, e ainda que o Governo Federal a ignore - sabe aquele problema da comunicação citado logo acima? - traduziu o anseio de uma programação democrática, portanto plural, financiada, principalmente, com dinheiro público e gerida por um conselho no qual predomine a participação popular, através de suas entidades representativas.
Quero deixar expresso, aqui, a força do Eugênio Neves, meu companheiro, e do amigo Prof. Osvaldo Biz, para que minha ida à Brasília tivesse se materializado; ao Celso Schröder que, inconscientemente, provocou a minha vontade; aos amigos José Torves e à Soraia Mendes (pais do lindo João Henrique), que me receberam carinhosamente em sua casa; e ao Luiz Carlos Azenha que me chamou a atenção para outras potencialidades da tv pública brasileira.
Com José Torves e Ana Rita Marini, do FNDC, durante o I FTVP.

8 comentários:

joice disse...

Belíssimo teu relato sobre o Forum, Cláudia. Entendo perfeitamente esta sensação de desapontamento, concordo que nossos anos de real exercício de cidadania acabaram nos deixando mal (bem!) acostumados aqui no sul.
O Torves é GENTE. Sem me conhecer, apenas falando por email e por telefone, ele me deu uma baita força quando eu estava pesquisando os dados para a monografia sobre a ZMentira. Muito tempo depois eu reconhci ele no último FSM, no lançamento do Observatório Brasileiro de Mídia, e me apresentei para agradecer.
Abração, Cláudia.

Claudinha disse...

O Torves tem um longo histórico de atuação nos movimentos sociais. E não mediu esforços para colaborar com eles. É um grande amigo. Abraço!

Anônimo disse...

Muito me admira vocês do SIVUCA, um site que ajudei a divulgar com empenho e voluntariamente nos últimos meses, que se dizem democráticos me excluíram dos seus blogueiros sem nenhum comunicado sequer, nenhum recado ao menos.
Gostaria que desconsiderassem o meu pedido de volta e informo o meu eterno descontentamento e mágoa.
Pena ter que ser assim, eu apostei muito em vocês e espero que o Azenha não tenha parte nesta discriminação pois admiro o trabalho dele.
Não guardo mágoas do coletivo pois tenho certeza que esta atitude foi uma atitude isolada. Mas ao webmaster prefiro não lhe dirigir minha palavra tamanho o meu desprezo pela sua insensibilidade totalitária e repugnante.
Adeus.

Eder Leonardo

www.ederleonardo.zip.net
msn: ederborborema@hotmail.com

Anônimo disse...

PREZADOS SIVUQUEIROS

RETIRO O QUE EU DISSE, só agora percebí o aviso a mim que o problema foi técnico.. Mas não fui informado a tempo.
DESCULPEM A PASSIONALIDADE
SINTO MUITO

Eder Leonardo


PREZADOS SIVUQUEIROS

RETIRO O QUE EU DISSE, só agora percebí o aviso a mim que o problema foi técnico.. Mas não fui informado a tempo.
DESCULPEM A PASSIONALIDADE
SINTO MUITO

Eder Leonardo

Claudinha disse...

Éder, sem problemas! Abração!

Jens disse...

Claudia: que bom que as coisas começam a andar de fato para a viabilização da TV pública. Que o assunto não se perca nas intermináveis discussões que a esquerda gosta de promover antes de tomar qualquer decisão prática.
***
A Re (Brisa do Sul) quer abandonar o blog. Não podemos permitir.
***
Um abraço.

Anônimo disse...

Claudia,o forum pode estar meio bamba das pernas,mas o Eugenio que me desculpe,a foto esta uma beleza.

Anônimo disse...

Mataste a pau...é isso aí.