2 de junho de 2007

AJURIS: Ato contra a corrupção

Ainda penso no Ato Contra a Corrupção promovido pela AJURIS e as várias sensações que tive ao ouvir os Dep. Federais Onyx Lorenzoni e Vieira da Cunha, o Senador Sérgio Zambiasi, o ex-governador Alceu Collares e o Prefeito José Fogaça, aliás, destes dois, tenho registro que vai para o TV Dialógico assim que puder.
Mas não é disso que quero escrever. Das raras manifestações femininas em público, destaco a participação na tribuna livre da Defensora Pública-Geral do Rio Grande do Sul Maria de Fátima Záchia Paludo. Talvez pelo seu dever de ofício, preocupada com a ordem constitucional vigente, ela chamou a atenção para os abusos da Polícia Federal. Disse que, ao promover "mega-operações", a PF agride o direito constitucional da privacidade do indivíduo preso, na medida em que é acompanhada pela mídia no momento da prisão. Além disso, arromba escritórios de advogados. E para justificar mais ainda a defesa da privacidade, invocando a ordem constitucional, também se preocupa com o excesso de permissões concedidas para escutas telefônicas.
Ao ouvir tais palavras, fico imaginando o quanto a Defensora pode estar realmente preocupada com o respeito à Constituição Federal, ou quanto se preocupa com os seus semelhantes de classe social. Não me é possível pensar diferente. Fosse o FBI desbaratando uma quadrilha e todos bateriam palmas! Agora, como não mobilizar um aparato de, no mínimo, 100 policiais federais, se lidamos com quadrilhas, cujas ramificações extrapolam o limite do ambiente em que vivem? Como apreender computadores e documentos valiosos como provas, sem entrar de surpresa num escritório de advocacia ou contabilidade? Como uma quadrilha se sustenta sem este tipo de mau profissional? Como não usar de escuta telefônica para dar conseqüência a uma denúncia? Ouvindo a senhora Defensora Pública falar ontem à tarde, pareceu-me que todos os brasileiros e todas as brasileiras são tratados e tratadas da mesma forma neste país, porém, no caso, pela primeira vez, os empresários corruptores e os políticos que malversam o dinheiro público são vítimas de um abuso policial sem precedentes na história brasileira!
Essa doeu no ouvido...
Das manifestações na tribuna livre, só a dela e a do advogado representante da OAB, cujo nome não anotei, pautaram tal preocupação. No mais, quem citou a PF, só teve elogios para o seu trabalho. A Dep. Luciana Genro lavou a minha alma. Ainda que eu não nutra simpatias pela mesma, foi enfática ao contrapor a diferença de tratamento entre brancos-ricos e negros-pobres-favelados na questão das prisões.
Registro, aqui, meus parabéns pelo discurso da Presidente da AJURIS, Denise Oliveira Cezar, que destacou a necessidade de lutar contra a corrupção e a impunidade, já que são ações incompatíveis com o exercício pleno da democracia. Pena que a platéia, em parte, não esteve à altura de seu discurso.
Aguardem a publicação da carta a ser enviada a ela por mim, com relação ao apoio da ANJ e AGERT neste Ato.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi, Cláudia!

Depois do nosso brevíssimo encontro hoje defronte ao Mercado Público, só tenho uma coisa a dizer - e que eu já previa - dessa manifestação da Ajuris...

Não tinha nenhuma esperança de ver ou ouvir algo positivo vindo de onde vem.

Pelo sobrenome da juíza, ela deve ser irmã ou prima do Luiz Fernando Záchia e do Pedro Paulo Záchia, ex-marido de uma das herdeiras do poderoso grupo Isdralit e dono da Rede Bandeirantes no RS.

Infelizmente, a lei brasileira é burguesa.

[]'s e :*
Hélio