6 de agosto de 2007

O papa do golpismo e seus discípulos tupiniquins

Dick Morris, o papa Os serviçais:
Nizan Guanaes

João Dória Jr.

Quando o deputado Fernando Gabeira tirou férias de sua coluna na Folha de S. Paulo, terminou o texto dizendo que agosto seria um mês de muitas novidades.
Ou ele sabe mais do que nós ou tem o faro fino e percebeu para que lado o bonde toca.
Ou melhor, é tocado.
Agosto será o mês dos golpistas.
Quem acha que o presidente da Philips, um dos idealizadores da campanha Cansei, é fanfarrão, está muito enganado.
Vocês realmente acreditam que o presidente brasileiro de uma gigantesca multinacional iria se meter numa campanha de protesto que ele chama de "apartidária" por acaso?
A campanha Cansei só se diz apartidária porque precisa colocar comerciais na televisão convocando a população brasileira a fazer um minuto de silêncio no dia 15 de agosto.
Se a campanha Cansei se dissesse partidiária, como é, as emissoras de televisão poderiam se negar a transmitir os comerciais.

A dupla João Dória Júnior-Nizan Guanaes é apartidária?
Estão zombando da gente, com apoio da OAB paulista.

Fui ontem assistir à manifestação do Fora Lula, na avenida Paulista.
Quer ver os vídeos que gravei?

Teve até protesto contra um morto, o Che Guevara:
http://www.youtube.com/view_play_list?p=1B28CB9C9608D4F3
Estavam lá cerca de duas mil pessoas da classe média branca que não apresentaram nenhuma proposta, além do Fora Lula e da redução da maioridade penal.
Foi um encontro mórbido: culparam o Lula pelo acidente da Gol, da TAM e pelos 50 mil brasileiros que, segundo um dos manifestantes, morreram no ano passado por causa da violência - "contra a qual o governo não faz nada".
O tom da reunião foi a repetição fiel da farofa que a mídia golpista vem servindo a leitores, ouvintes e telespectadores desde o acidente da Gol.
Cansei. Um nome curto e grosso. Fácil de lembrar.
Notem que, na entrevista coletiva de lançamento da campanha, o único negro que aparece está na fotografia.
É uma simulação de "povo":
http://blog.cansei.com.br/fotos-coletiva-de-imprensa/
Quem é que apóia?
OAB-SP2
OAB-DF3
AATSP – Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo
ABERT (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV
ABRAPHE (Associação Brasileira dos Pilotos de Helicóptero)
ABRAPI (Associação Brasileira dos Contribuintes)
ADVB8. AEAGRO (Associação dos Engenheiros Agrônomos do Oeste de Santa Catarina)
AESCON-SP
Associação Brasileira de Odontologia
Associação Comercial de São Paulo
Associação Comercial da Gávea - RJ
Associação dos Antigos Alunos da FAAP
Associação Paulista de Imprensa (API)
BPW Brasil (Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais)
CAEPS - Centro Avançado de Pesquisas e Estudos Sociais
CJE FIESP
Conaje
Conselho Regional de Medicina
CREA
FEBRABAN
FIESP
FIESP - Jovens Líderes
Fundação PIO XII
Grande Oriente Paulista da Maçonaria
Grupo Anglo-Americano
Grupo de Jovens da Associação Comercial
IBGT (Instituto Brasileiro de Gestão e Turnaround)
Instituto Cidadão
Instituto de Estudos Empresariais - IEE
JLIDE
LIDE
LIDEM
Movimento Viva Brasil
SESCON
SINDHOSP
Sindicato Nacional dos Distribuidores de Produtos Siderúrgicos - SINDISIDER
O apoio mais importante, na lista acima, é o da ABERT, o que vai garantir os comerciais "apartidários" na televisão.

[Globo e Band rejeitaram os anúncios; será que farão o serviço nos próprios telejornais?]
Qual foi o refrão da primeira passeata do Cansei?
"Fora Lula".
Como não querem assumir que são golpistas, os apoiadores do movimento gritam "Fora Lula" com a boca dos outros.
Súmate. Um nome curto e grosso. Fácil de lembrar.
http://web.sumate.org/
Kmara. Um nome curto e grosso. Fácil de lembrar.
http://en.wikipedia.org/wiki/Kmara
Cansei é o nome da campanha no Brasil.
Súmate é o nome na Venezuela - com o devido financiamento do National Endownment for Democracy, o NED, o braço civil do governo americano que dá força a "golpes midiáticos" com o apoio da elite local, desde que o resultado seja um governo pró-americano.
Kmara foi o slogan na Geórgia, ex-república da União Soviética, para a campanha que derrubou o presidente eleito George Schevarnadze e levou ao poder um governo pró-americano (significa Basta!).
O modelito de campanhas golpistas vem sendo o mesmo em todo o mundo.
Dispensa a política - pelo contrário, rejeita a politização.
Não há propostas, porque propostas dividem as pessoas.
Há apenas uma mensagem simples, central, CONTRA alguma coisa, com forte apelo emocional.
É óbvio que, neste domingo, você não lerá nos grandes jornais brasileiros: Passeata da classe média atrapalha o trânsito na Paulista.
O mais provável é que o título da Folha de S. Paulo ou do Estado seja mais ou menos nessa linha: Tantos mil pedem saída de Lula em tantas capitais.
Sim, porque esse tipo de movimento alimenta a mídia e é alimentado por ela.
Na Venezuela a diferença é que as emissoras de televisão pregavam abertamente a derrubada de Chávez e convocavam a classe média para ir às ruas insistentemente.
No Brasil, como ninguém quer carregar abertamente a pecha de golpista, os comerciais "apartidários" serão divulgados como um "serviço público".
Afinal, quem é que é contra um minuto de silêncio pelas vítimas do avião da TAM?
O mais importante já foi feito: a mídia golpista bombardeou o público com a versão falsa de que Lula foi o culpado por 200 mortes em São Paulo.
Esses movimentos - tanto o Cansei quanto o Fora Lula - tem dono, endereço e financiadores: é a turma do trio FHC-Geraldo-Serra que "pilota" a classe média ainda inconformada com a vitória do "quatro dedos" em 2006.
Ontem, num dos momentos mais curiosos do protesto, a classe média branca convocava o povão, do outro lado da Paulista, para se juntar à manifestação.
Mas o povão ficou só olhando, de longe.

Porém, isso pode mudar.
O marqueteiro americano Dick Morris ajudou a eleger Vicente Fox no México e, no ano passado, desenhou a estratégia que levou ao poder Felipe Calderón.

Qual a receita do bruxo das campanhas negativas?
"O objetivo do marqueteiro americano não é refundar a ciência política, mas reduzí-la a um espetáculo midiático, com um grande investimento que envolve fundos privados e um gasto estratosférico para dominar e induzir paixões e impulsos sociais.
Morris adverte que não se pode pretender que o eleitor fixe sua atenção por mais de 30 segundos em uma idéia política. Na soma, insiste, meio minuto é o tempo máximo para definir a substância de um assunto.
Para ele, a imprensa tradicional - a reportagem, a entrevista e as notas jornalísticas - são irrelevantes. Em uma democracia moderna, o único que funciona são os comerciais (eficazes e unilaterais), que buscam um impacto emocional. Mais recentemente, Morris deu um peso maior ao ciberespaço e às campanhas negativas por meio da internet."
Esse é um trecho do livro La Guerra Sucia, de Jenaro Villamil e Julio Scherer Ibarra, que dissecou a campanha financiada por entidades "apartidárias" que, através de comerciais, colaram na cabeça dos mexicanos a idéia de que López Obrador, o candidato da esquerda nas eleições presidenciais de 2006, era "um perigo para o México".
Tem razão o deputado Fernando Gabeira, um dos ídolos dos manifestantes de ontem.
Agosto será um mês quente no Brasil.
A estratégia de FHC, com apoio de setores do empresariado paulista, é acusar Lula de tentar dividir o Brasil entre ricos e pobres.
Ele diz isso porque precisa dos pobres para golpear Lula.
FHC e sua turma vão correr atrás do povo que lhes faltou na eleição de 2006 usando a mídia golpista e a versão brasileira da estratégia que já foi aplicada em vários lugares.
Sempre com um dedinho de fora. Nesse caso, com o dedinho da Philips.
Mais um trecho do livro sobre a campanha no México, que se encaixa perfeitamente na estratégia que vem sendo aplicada no Brasil:
"Para ele [Dick Morris, o marqueteiro], os políticos devem deixar de lado as doutrinas e as ideologias para converter-se em 'homens pragmáticos que responderão a cada nova situação com idéia práticas, concretas, desprovidas de cunho ideológico que tem dominado crescentemente nossa vida política'.
Na realidade, o pragmatismo de Morris é uma cobertura do mais vulgar oportunismo. Sua habilidade está em identificar os medos e os ódios em uma sociedade e transformá-los em campanhas negativas nas quais a proposta se torna desimportante.
O importante é chegar ao lado emocional e irracional do eleitorado. Morris explora o desprezo tradicional contra 'os políticos' e 'a política' para criar a idéia de figuras que magicamente transformarão a realidade (como fez durante a campanha de Vicente Fox) ou para aplicar a mão dura, ou "mão firme" que ponha ordem no caos (como fez com Felipe Calderón)".
[Ao ler esse trecho do livro me lembrei imediatamente de Geraldo Alckmin, o homem da mão firme que a mídia tentou eleger. Será que o Dick Morris andou dando assessoria ao Alckmin ou ao FHC?]
Segue o livro, destacando as principais ferramentas de Morris:
- criação de "focus groups", grupos de avaliação que medem o estado de ânimo social dos cidadãos diante de determinadas propostas políticas;
- forte investimento em comerciais;
- "indução" de pesquisas de opinião que se convertem em estratégia de campanha para vencer o inimigo
- transformação da campanha em cenário de guerra, em que tudo vale, desde a mentira até pagamentos para garantir cobertura midiática favorável.
E finalmente:
"As propostas de Morris servem para ganhar campanhas com forte conteúdo midiático, mas são péssimas para governar. Pior: a polarização que geram resultam em crises de governabilidade. Assim foi quando ele deu assessoria ao candidato argentino Fernando de la Rúa, que dois anos depois de eleito teve que deixar o poder em meio à mais profunda crise econômica, política e moral da nação sul-americana".
Saiba mais sobre o cara aqui:
http://www.dickmorris.com/blog/
O Fernando César de Oliveira foi à passeata em Curitiba e escreveu:
"Menos de 50 pessoas participaram de uma manifestação contrária ao governo Lula neste sábado (4/8), em Curitiba — apesar da ampla divulgação prévia do evento feita pela imprensa local.
Veículos de comunicação como a rádio CBN e o jornal "Gazeta do Povo", entre outros, haviam divulgado com destaque e antecedência o local e o horário do protesto, marcado para as 14 horas.
As pessoas comuns que transitavam pelo calçadão da Boca Maldita, no Centro da cidade, olhavam para o pequeno grupo sem saber ao certo o que estava acontecendo por ali.
Durante o ato, dois veículos kombi alugados pela Prefeitura de Curitiba —administrada pelo PSDB — permaneceram estacionados no calçadão, ao lado dos "manifestantes".
Um microônibus da prefeitura também foi fotografado a poucos metros do local.
Aos gritos de “assassino”, adultos brancos culpavam o presidente da República pelo acidente do Airbus da Tam em Congonhas.
Todos muito bem vestidos, alguns ostentando tênis Nike Shocks (R$ 600, em média). Nenhum negro."
Tem um vídeo aqui:
http://br.youtube.com/watch?v=3rVyBhuSgNs

Fonte Viomundo.

Um comentário:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Essa bateu o record da paranóia. Lula foi eleito legitimamente e deve governar até o fim e insira mais e mais brasileiros na cidadania e qualidade de vida. Abaixo qualquer tentativa de golpe.