Parte do artigo de Laila Lalami, traduzido pelo Daniel Lopes, sobre duas ativistas islâmicas que o ocidente "adora": Irshad Manji e Ayaan Hirsi Ali, esta última com novo livro na praça. Lalami levanta a questão da compaixão que a mulher muçulmana suscita, mas aponta críticas à forma que o ocidente reage frente a esse sentimento, entre as quais, o "apreço" conveniente a autoras como Manji e Hirsi Ali.
A posição missionária
por Laila Lalami professora da Universidade da Califórnia e autora de Hope and other dangerous pursuits (traduzido este ano no Brasil, pela Rocco, com o título de A esperança é uma travessia)
Nestes dias, ser uma muçulmana significa estar sobrecarregada com o que podemos chamar de “fardo da pena”. Os sentimentos de compaixão que nós muçulmanas parecemos inspirar emanam de correntes distintas e radicalmente opostas: religiosos extremistas da nossa própria fé, e evangélicos e seculares partidários do império no Ocidente.
Os partidos islâmicos radicais defendem que a família é a pedra angular da sociedade e que as mulheres, em virtude de seus poderes reprodutivos, são sua construtora. Uma revisão da sociedade deve portanto começar com a reforma do status da mulher, e em particular com a clara distinção entre seu papel e aquele dos homens. Guiados por sua “verdadeira” interpretação da fé, esses radicais querem que as mulheres resumam sua vida ao tradicional papel de provedoras, enquanto que os homens devem ser fortalecidos para liderar a família. Se protegermos os direitos da mulher no islã, eles nos garantem, a umma, a comunidade de crentes, sairá de seu estado de pobreza e atraso.
(...)
Enquanto isso, a abundante pena que as muçulmanas inspiram no Ocidente em grande parte toma a forma de apaixonadas declarações sobre “nosso apuro” – reservadas, parece, apenas para nós, já que cristãs e judias vivendo em áreas com opressões fundamentalistas similares nunca atraem a mesma preocupação. O véu, o analfabetismo, a violência doméstica, o apartheid de gênero e a mutilação genital tornaram-se questões tão prementes que simbolizam nosso status de cidadãs de segunda classe em nossas sociedades. Essas demonstrações de compaixão são freqüentemente recebidas de forma cínica no mundo muçulmano, o que por sua vez enraivece os missionários da libertação feminina. Por que, eles se perguntam, as muçulmanas não desejam a ajuda do Ocidente para libertá-las do pensamento retrógrado de suas sociedades? As pobres criaturas, elas são tão oprimidas que nem mesmo sabem que são oprimidas.
A simpatia dirigida a nós por ocidentais partidários do império não é nada nova. Em 1908 Lord Cromer, o conselheiro-geral britânico no Egito, declarou que o “obstáculo fatal” para a conquista pelo país “daquela elevação de pensamento e caráter que deve acompanhar a introdução da civilização ocidental” era a degradação da mulher. O fato de que Cromer aumentou mensalidades e desencorajou o treinamento de médicas no Egito e, na Inglaterra, fundou uma organização que se opunha ao direito de voto das mulheres britânicas deveria nos dar um indício de como ele realmente via a igualdade de gênero. Pouco parece ter mudado no último século, pois agora nós temos George W. Bush, líder do mundo livre, nos dizendo, antes de invadir o Afeganistão em 2001, que ele o estava fazendo tanto para libertar as mulheres do país quanto para caçar Osama bin Laden e Mullah Omar. Cinco anos depois, o Taliban está de volta e a nova constituição do país proíbe quaisquer leis que sejam contrárias a uma rigorosa interpretação da Sharia. Mais a frente, entre as inúmeras razões que foram jogadas em cima do público estadunidense para justificar a invasão do Iraque em 2003 estava, claro, a subjugação da mulher; isso, apesar do fato de a maioria das iraquianas serem educadas e ativas em quase todos os setores de uma vida pública secular. Com três anos de ocupação, o único aspecto de iluminismo do regime despótico de Saddam foi desmantelado: sofrendo ameaças de um ressurgente fundamentalismo, tanto sunita quanto xiita, muitas mulheres têm sido obrigadas a abandonar seus empregos e a cobrir seus corpos, sob pena de complicarem-se pra valer. Por que o senhor Bush não advoga em benefício das mulheres da Tailândia, de Botsuana ou do Nepal é algo que ninguém se preocupa em saber.
Esse contexto ajuda a explicar a forte popularidade, particularmente na era pós-11 de Setembro, de ativistas muçulmanas como Ayaan Hirsi Ali e Irshad Manji e o igualmente forte ceticismo com que elas são recebidas dentro da comunidade muçulmana. Elas são apaixonadas ativistas, sem dúvida sinceras em sua crítica ao islã. Mas seriam suas reclamações únicas e inovadoras, ou falham em atingir os mais básicos níveis de intelectualidade? O leitor casual acharia difícil responder a essas questões, porque há muito pouco exame crítico de seus trabalhos. Na maioria das vezes, as respostas mais audíveis têm sido ou perfis hagiográficos dessas mulheres “bravas” e “heróicas”, por um lado, ou ameaças absurdas e completamente odiosas à segurança dessas “apóstatas” e “inimigas de Deus”, por outro.
(...)
Existem notáveis paralelos entre as experiências de Ayaan Hirsi e Irshad Manji. Ambas nasceram, com apenas um ano de diferença, no leste da África – Hirsi Ali em 1969, e Manji em 1968. Ambas foram forçadas, por regimes politicamente repressivos, a se exilar já em idade prematura. Ambas podem traçar sua “emancipação” a um único e significativo evento que mudou suas vidas. Ambas creditam ao Ocidente o fato não apenas de terem liberdade de expressão, mas a própria capacidade de pensar por si mesmo. Hirsi Ali defende que ela é “ a prova viva” de que a cultura ocidental lhe permitiu integrar-se a si mesma, enquanto Manji declara, “Eu devo ao Ocidente minha disposição em ajudar a reformar o islã”. Ambas expressam um inabalável desdém pelo multiculturalismo, que elas acusam de fomentar um clima politicamente correto que proíbe qualquer diálogo ou crítica. Ambas apoiaram as invasões do Afeganistão e do Iraque, dentro da “guerra ao terror”.
(...)
Hirsi Ali parece acreditar que os muçulmanos são deficientes em pensamento crítico: “Poucos muçulmanos são verdadeiramente capazes de olhar sua fé de uma maneira crítica. Mentes críticas como aquelas de Afshin Ellian na Holanda e Salman Rushdie na Inglaterra são exceções”. O trabalho de Khaled Abou El Fadl, Fatima Mernissi, Leila Ahmed, Reza Aslan, Adonis, Amina Wadud, Nawal Saadawi, Mohja Kahf, Asra Nomani e milhares de outros acadêmicos trabalhando em países muçulmanos e no Ocidente facilmente contradiz essa noção. Em qualquer caso, por que a comparação com Rushdie? Teriam as fatwas se tornado a referência pela qual nós medimos uma atitude crítica? Nesse caso, isso sugere que apenas aqueles que ofendem os islamistas merecem ser ouvidos, o que é ridículo. A mais chocante declaração, entretanto, vem do ensaio “A necessidade de auto-reflexão dentro do islã”, em que Hirsi Ali escreve: “Depois dos eventos de 11 de Setembro, aqueles que negam a caracterização do estado de estagnação do islã foram desafiados por estrangeiros críticos a nomear um único muçulmano que tenha feito uma descoberta em ciência ou tecnologia, ou mudado o mundo através de realizações artísticas. Não há nenhum.” Que uma pessoa que aparentemente nunca ouviu falar da álgebra de Al-Khawarizmi, da proeza médica de Ibn-Sina e Ibn-Rushd, ou da música de Nusrat Fateh Ali Khan e Umm Kulthum seja considerada uma autoridade em islã é a prova de uma total falta de discurso inteligente acerca da civilização e das culturas definidas por essa palavra.
E como a imprensa estadunidense premia tão impressionante ignorância intelectual? A revista Time escolheu Hirsi Ali como uma das 100 “pessoas mais influentes” de 2005, pessoas com “a influência e o poder para mudar nosso mundo”. Na outra ponta do espectro, a resposta é ainda mais espetacularmente estúpida: radicais islâmicos pediram a morte de Hirsi Ali repetidamente desde 2002. Sejam quais forem os méritos dos argumentos de Hirsi Ali, uma coisa é clara: ao fazer ameaças contra sua pessoa, muçulmanos direitistas parecem concordar com os conservadores ocidentais que dizem que o islã como um todo (religião, região, cultura) é fraco, incapaz de defender a si mesmo através do raciocínio intelectual. É também bastante irônico que esses radicais muçulmanos sejam culpados por violar o primeiro direito que sua fé lhes garante: o direito de escolher suas crenças. “Não deve haver compulsão em religião”, insiste o Corão. E por boa razão, pois, sem o direito de escolha, não existiria o islã.
(...)
Isso não quer dizer que não existam sérias questões desafiando as muçulmanas. E não quer dizer que devamos justificar a violência e a opressão com idéias relativistas, porque elas realmente ocorrem na região que engloba o islã. Aqueles que acreditam na igualdade de gêneros têm toda razão para estar preocupados acerca dos partidos radicais islâmicos que vêem as mulheres como meras vassalas, definidas por seus poderes de reprodução. Esses partidos islâmicos direitistas resistem a mudanças em códigos civis que garantam às mulheres mais direitos, ou, pior, eles querem impor formas antiquadas e perigosas da Sharia.
Então, o que fazer? Em que posição ficam as feministas de todas as tendências que genuinamente se importam com os direitos civis de suas irmãs muçulmanas? Um bom primeiro passo seria parar de tratar as muçulmanas como uma massa silenciosa e indefesa de seres indiferenciáveis que pensam exatamente da mesma maneira e têm problemas iguais, e, ao invés disso, reconhecer que cada país e cada sociedade tem suas próprias questões a resolver. Um segundo passo seria questionar e avaliar de uma forma crítica os bem-intencionados mas factualmente imprecisos livros que geralmente passam a servir de base para as discussões. Nós precisamos de mais diálogo e menos polêmica. Um terceiro passo seria reconhecer que as mulheres – e os homens – em sociedades muçulmanas encaram problemas de subdesenvolvimento (os maiores sendo o analfabetismo e a pobreza), e que enfrentá-los já faria muito para diminuir as desigualdades. Como a experiência colonial do último século provou, alinhar-se a uma agenda de guerra e dominação não resultará em avanço nos direitos das mulheres. Pelo contrário, tal abordagem está fadada a criar uma contra-reação nacionalista que, como nós temos testemunhado com partidos islâmicos, pode resultar numa completa catástrofe. Ao invés disso, fortalecer organizações locais de mulheres seria uma melhor abordagem e com melhores chances de sucesso a longo prazo. Afinal de contas, não foi assim que as feministas ocidentais fizeram seus ganhos em direção à igualdade?
(...)
[Para ler o ensaio completo, em inglês, clique aqui]
[Leia também a entrevista que fiz ano passado com Reza Aslan]
por Laila Lalami professora da Universidade da Califórnia e autora de Hope and other dangerous pursuits (traduzido este ano no Brasil, pela Rocco, com o título de A esperança é uma travessia)
Nestes dias, ser uma muçulmana significa estar sobrecarregada com o que podemos chamar de “fardo da pena”. Os sentimentos de compaixão que nós muçulmanas parecemos inspirar emanam de correntes distintas e radicalmente opostas: religiosos extremistas da nossa própria fé, e evangélicos e seculares partidários do império no Ocidente.
Os partidos islâmicos radicais defendem que a família é a pedra angular da sociedade e que as mulheres, em virtude de seus poderes reprodutivos, são sua construtora. Uma revisão da sociedade deve portanto começar com a reforma do status da mulher, e em particular com a clara distinção entre seu papel e aquele dos homens. Guiados por sua “verdadeira” interpretação da fé, esses radicais querem que as mulheres resumam sua vida ao tradicional papel de provedoras, enquanto que os homens devem ser fortalecidos para liderar a família. Se protegermos os direitos da mulher no islã, eles nos garantem, a umma, a comunidade de crentes, sairá de seu estado de pobreza e atraso.
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Enquanto isso, a abundante pena que as muçulmanas inspiram no Ocidente em grande parte toma a forma de apaixonadas declarações sobre “nosso apuro” – reservadas, parece, apenas para nós, já que cristãs e judias vivendo em áreas com opressões fundamentalistas similares nunca atraem a mesma preocupação. O véu, o analfabetismo, a violência doméstica, o apartheid de gênero e a mutilação genital tornaram-se questões tão prementes que simbolizam nosso status de cidadãs de segunda classe em nossas sociedades. Essas demonstrações de compaixão são freqüentemente recebidas de forma cínica no mundo muçulmano, o que por sua vez enraivece os missionários da libertação feminina. Por que, eles se perguntam, as muçulmanas não desejam a ajuda do Ocidente para libertá-las do pensamento retrógrado de suas sociedades? As pobres criaturas, elas são tão oprimidas que nem mesmo sabem que são oprimidas.
A simpatia dirigida a nós por ocidentais partidários do império não é nada nova. Em 1908 Lord Cromer, o conselheiro-geral britânico no Egito, declarou que o “obstáculo fatal” para a conquista pelo país “daquela elevação de pensamento e caráter que deve acompanhar a introdução da civilização ocidental” era a degradação da mulher. O fato de que Cromer aumentou mensalidades e desencorajou o treinamento de médicas no Egito e, na Inglaterra, fundou uma organização que se opunha ao direito de voto das mulheres britânicas deveria nos dar um indício de como ele realmente via a igualdade de gênero. Pouco parece ter mudado no último século, pois agora nós temos George W. Bush, líder do mundo livre, nos dizendo, antes de invadir o Afeganistão em 2001, que ele o estava fazendo tanto para libertar as mulheres do país quanto para caçar Osama bin Laden e Mullah Omar. Cinco anos depois, o Taliban está de volta e a nova constituição do país proíbe quaisquer leis que sejam contrárias a uma rigorosa interpretação da Sharia. Mais a frente, entre as inúmeras razões que foram jogadas em cima do público estadunidense para justificar a invasão do Iraque em 2003 estava, claro, a subjugação da mulher; isso, apesar do fato de a maioria das iraquianas serem educadas e ativas em quase todos os setores de uma vida pública secular. Com três anos de ocupação, o único aspecto de iluminismo do regime despótico de Saddam foi desmantelado: sofrendo ameaças de um ressurgente fundamentalismo, tanto sunita quanto xiita, muitas mulheres têm sido obrigadas a abandonar seus empregos e a cobrir seus corpos, sob pena de complicarem-se pra valer. Por que o senhor Bush não advoga em benefício das mulheres da Tailândia, de Botsuana ou do Nepal é algo que ninguém se preocupa em saber.
Esse contexto ajuda a explicar a forte popularidade, particularmente na era pós-11 de Setembro, de ativistas muçulmanas como Ayaan Hirsi Ali e Irshad Manji e o igualmente forte ceticismo com que elas são recebidas dentro da comunidade muçulmana. Elas são apaixonadas ativistas, sem dúvida sinceras em sua crítica ao islã. Mas seriam suas reclamações únicas e inovadoras, ou falham em atingir os mais básicos níveis de intelectualidade? O leitor casual acharia difícil responder a essas questões, porque há muito pouco exame crítico de seus trabalhos. Na maioria das vezes, as respostas mais audíveis têm sido ou perfis hagiográficos dessas mulheres “bravas” e “heróicas”, por um lado, ou ameaças absurdas e completamente odiosas à segurança dessas “apóstatas” e “inimigas de Deus”, por outro.
(...)
Existem notáveis paralelos entre as experiências de Ayaan Hirsi e Irshad Manji. Ambas nasceram, com apenas um ano de diferença, no leste da África – Hirsi Ali em 1969, e Manji em 1968. Ambas foram forçadas, por regimes politicamente repressivos, a se exilar já em idade prematura. Ambas podem traçar sua “emancipação” a um único e significativo evento que mudou suas vidas. Ambas creditam ao Ocidente o fato não apenas de terem liberdade de expressão, mas a própria capacidade de pensar por si mesmo. Hirsi Ali defende que ela é “ a prova viva” de que a cultura ocidental lhe permitiu integrar-se a si mesma, enquanto Manji declara, “Eu devo ao Ocidente minha disposição em ajudar a reformar o islã”. Ambas expressam um inabalável desdém pelo multiculturalismo, que elas acusam de fomentar um clima politicamente correto que proíbe qualquer diálogo ou crítica. Ambas apoiaram as invasões do Afeganistão e do Iraque, dentro da “guerra ao terror”.
(...)
Hirsi Ali parece acreditar que os muçulmanos são deficientes em pensamento crítico: “Poucos muçulmanos são verdadeiramente capazes de olhar sua fé de uma maneira crítica. Mentes críticas como aquelas de Afshin Ellian na Holanda e Salman Rushdie na Inglaterra são exceções”. O trabalho de Khaled Abou El Fadl, Fatima Mernissi, Leila Ahmed, Reza Aslan, Adonis, Amina Wadud, Nawal Saadawi, Mohja Kahf, Asra Nomani e milhares de outros acadêmicos trabalhando em países muçulmanos e no Ocidente facilmente contradiz essa noção. Em qualquer caso, por que a comparação com Rushdie? Teriam as fatwas se tornado a referência pela qual nós medimos uma atitude crítica? Nesse caso, isso sugere que apenas aqueles que ofendem os islamistas merecem ser ouvidos, o que é ridículo. A mais chocante declaração, entretanto, vem do ensaio “A necessidade de auto-reflexão dentro do islã”, em que Hirsi Ali escreve: “Depois dos eventos de 11 de Setembro, aqueles que negam a caracterização do estado de estagnação do islã foram desafiados por estrangeiros críticos a nomear um único muçulmano que tenha feito uma descoberta em ciência ou tecnologia, ou mudado o mundo através de realizações artísticas. Não há nenhum.” Que uma pessoa que aparentemente nunca ouviu falar da álgebra de Al-Khawarizmi, da proeza médica de Ibn-Sina e Ibn-Rushd, ou da música de Nusrat Fateh Ali Khan e Umm Kulthum seja considerada uma autoridade em islã é a prova de uma total falta de discurso inteligente acerca da civilização e das culturas definidas por essa palavra.
E como a imprensa estadunidense premia tão impressionante ignorância intelectual? A revista Time escolheu Hirsi Ali como uma das 100 “pessoas mais influentes” de 2005, pessoas com “a influência e o poder para mudar nosso mundo”. Na outra ponta do espectro, a resposta é ainda mais espetacularmente estúpida: radicais islâmicos pediram a morte de Hirsi Ali repetidamente desde 2002. Sejam quais forem os méritos dos argumentos de Hirsi Ali, uma coisa é clara: ao fazer ameaças contra sua pessoa, muçulmanos direitistas parecem concordar com os conservadores ocidentais que dizem que o islã como um todo (religião, região, cultura) é fraco, incapaz de defender a si mesmo através do raciocínio intelectual. É também bastante irônico que esses radicais muçulmanos sejam culpados por violar o primeiro direito que sua fé lhes garante: o direito de escolher suas crenças. “Não deve haver compulsão em religião”, insiste o Corão. E por boa razão, pois, sem o direito de escolha, não existiria o islã.
(...)
Isso não quer dizer que não existam sérias questões desafiando as muçulmanas. E não quer dizer que devamos justificar a violência e a opressão com idéias relativistas, porque elas realmente ocorrem na região que engloba o islã. Aqueles que acreditam na igualdade de gêneros têm toda razão para estar preocupados acerca dos partidos radicais islâmicos que vêem as mulheres como meras vassalas, definidas por seus poderes de reprodução. Esses partidos islâmicos direitistas resistem a mudanças em códigos civis que garantam às mulheres mais direitos, ou, pior, eles querem impor formas antiquadas e perigosas da Sharia.
Então, o que fazer? Em que posição ficam as feministas de todas as tendências que genuinamente se importam com os direitos civis de suas irmãs muçulmanas? Um bom primeiro passo seria parar de tratar as muçulmanas como uma massa silenciosa e indefesa de seres indiferenciáveis que pensam exatamente da mesma maneira e têm problemas iguais, e, ao invés disso, reconhecer que cada país e cada sociedade tem suas próprias questões a resolver. Um segundo passo seria questionar e avaliar de uma forma crítica os bem-intencionados mas factualmente imprecisos livros que geralmente passam a servir de base para as discussões. Nós precisamos de mais diálogo e menos polêmica. Um terceiro passo seria reconhecer que as mulheres – e os homens – em sociedades muçulmanas encaram problemas de subdesenvolvimento (os maiores sendo o analfabetismo e a pobreza), e que enfrentá-los já faria muito para diminuir as desigualdades. Como a experiência colonial do último século provou, alinhar-se a uma agenda de guerra e dominação não resultará em avanço nos direitos das mulheres. Pelo contrário, tal abordagem está fadada a criar uma contra-reação nacionalista que, como nós temos testemunhado com partidos islâmicos, pode resultar numa completa catástrofe. Ao invés disso, fortalecer organizações locais de mulheres seria uma melhor abordagem e com melhores chances de sucesso a longo prazo. Afinal de contas, não foi assim que as feministas ocidentais fizeram seus ganhos em direção à igualdade?
(...)
[Para ler o ensaio completo, em inglês, clique aqui]
[Leia também a entrevista que fiz ano passado com Reza Aslan]
2 comentários:
Asituação da mulher cada vez ficará mais dificil em todo o mundo, com o crescimento do islao, eles sopram aos setes ventos, que em muito pouco serao a maioria na europa e dominarão a europa, consequentemente a mulher. Imagina quem tem filha mulher e no futuro saber que sua filha estara sofrendo e sendo apedrejada porque a sociendade e a mulher ocidental nao coibiu os abusos do isla e nem lutou por suas semelhantes do isla. Imagina que a mulher ocidental, esqueceu se que tambem e mulher e que poderia estar na situaçao semelhante a essas mulheres do isla que vivem no inferno em vida. Chegou a hora de cobrarmos de todas as autoridades mundiais, o respeito a genitora da vida, a mulher, a lider que pode ser capaz de mudar o mundo , mas para isso precisa nos unir, cobrarmos das autoridades , de nossos maridos que lutam em favor das mulheres e cobrar de nos mesmos que paremos de defender que elas possam estar felizes sim, com essa condiçao de prisao em que vivem, por que nao conhecem a liberdade. Nos precisamos dar o grito de guerra agora ou nunca, precisamos abrir nossos olhos contra o egoismo e misogismo de alguns homens que veem a mulher com objeto , e nao como parte de uma sociedade. Temos ainda que fazer valer nossos direitos de mulher, mas estamos como europeus, esperando que o inimigo venha e nos faça seus reféns eternos. Eu sou islamofobica, tenho pavor de muçulmanso, na minha familia tenho uma irma que esta morando com um muçulmano, ate pouco tempo elas andava a vontade, e ultimamente tem nos dado muito desgosto, ela nem para sair de casa sem consentimento dele, e as suas roupas estao como de padre,sendo que ela o conheceu a menos de um ano e ainda aqui no brasil, eles chegam ditando regras, e nos ou melhor ela obedece, eu perdi as contas a respeito das vezes que tentei abrir seus olhos para ela entender a realidade da mulher no islã, mas ela como todas as mulheres que estao apaixonadas diz que isso e exagero do povo. A verdade e que um dias desses, quando indagado por mim, porque os muçulmanos agridem tanto a mulher, ele me disse que a mulher as vezes precisa apanhar do homem, e o homem bate para educa la porque gosta dela, imagina eu escutar uma coisa dessa dentro de minha familia e ainda ficar calada, ja que a mais incomodada que seria ela pouco se manifestou a respeito da resposta dele.Nosso dialogo comecou quando eu falava da luta de Nariman, a libanesa, para fugir dos maltratos de seu marido, ele a chamou de vagabunda, ja a conhecia e essa e a ideia de todo homem machista tem toda e qualquer mulher . Sou casada com um ortodoxo, mas sou muito respeitada como mulher e como pessoa . Quanta diferença existe mesmo entre as culturas. Desde sempre quis um homem qeu soubesse me respeitar e isso encontrei.Espero que as mulheres de hoje parem de ficar estagnadas, quando um homem tem o direito de lhe bater. Tenho visto muitos videos no you tube onde as mulheres sao mortas apedrejadas e fuziladas no egito, no ira, e na arabia saudita. Sao videos horrorosos , cada um pior do que outro,mas o mais comovente foi ver uma criança de apenas doze anos, mostrandoseu braçinho fragil e pedindo o divorcio do seu marido pedofilo. Que sociedade e essa onde o pai entrega a sua filha para um outro homem fazer o que quer, onde oso pais matam suas filhas em nome de uma falsa honra.No caso dessa menina fiquei bastante comovida,tenho vontade de traze la comigo, mas como posso fazer isso. Estou ate agora me perguntando como uma tao doce criança pode sofrer dessa maneira. como os seu perverso pai a vendeu desde os 6 anos de idade para casar com um homem. Que Jesus, e nao maome, porque esse e misogeno, proteja as nossas crianças e que a façam entender que mulher precisa a todo e qualquer custo apoiar a mulher, a condiçao da mulher de hoje nada mais e do que e maior exemplo de que a mulher precisa se unir. VIVA A JESUS, AQUELE QUE IMPEDIU DESDE AQUELES AUREOS TEMPOS QUE MARIA MADALENA FOSSE APEDREJADA.
ΤΑΜΒΕΜ
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