Éverton Rodrigues (Movimento Software Livre) e Pedro Jatobá (http://www.iteia.com.br/) fizeram contato com a Rádio KochFm, a única rádio comunitária do Kenya na África. Pelo ocorrido, a rádio não pode transmitir programas.
Segundo a mensagem enviada por correio eletrônico, Éverton informa: "conhecemos a Rádio KochFm, durante o Fórum Social Mundial que aconteceu no Kenya".
Segue a mensagem que Éverton Rodrigues e Pedro Jatobá mandaram para eles no dia 3 de janeiro deste ano:
Olá amigas e amigos da Rádio KochFm,
Desde que nos conhecemos durante o Fórum Social Mundial em seu país, temos pensado em como conectar as articulações da Rádio Favela com as articulações da Rádio Koch. A troca de informações é dificultosa por causa do idioma, mas não é impossível.
Não podemos nem imaginar o que vocês estão passando por aí nesse momento, e é ruim para vocês e para o mundo o que aí está acontecendo.
Temos falado muito do trabalho de vocês aqui no Brasil, e nos sentimos muito felizes por ter conhecido vocês.
Mas nós queremos mostrar, para os brasileiros, o que aí acontece, de acordo com o olhar e a visão de vocês.
Estamos conversando com nossos companheiros da rádio Favela brasileira, para postarmos as traduções de suas matérias.
Seria muito importante que vocês pudessem nos mandar fotos e pequenos vídeos do que aí acontece, para que possamos mostrar a realidade de vocês.
E, para finalizar, gostaríamos que vocês enviassem uma mensagem ao mundo e, principalmente, para aqueles que participaram do Fórum Social Mundial do Kênia.O que é mais importante ou quais as questões são mais relevantes para vocês nesse momento?
A resposta das amigas e amigos da Rádio KochFm:
Tradução: Pedro Jatobá (Nômade Nordestino)
Agradecemos pela Solidariedade
Estamos, mais uma vez, sendo testados no momento em que nossa habilidade de resolver conflitos é posta em questão. A recente onda de violência no Kenya é lamentável e a Koch FM se une às pessoas defensoras da paz que vêm condenando os atos de violência e desrespeito às leis que já causaram a morte de mais de 300 pessoas na semana passada.
A grande pergunta, obviamente, qual o custo da democracia? O que podemos exigir das pessoas que perderam a fé nos fundamentos constituicionais garantidos pela constituição. Estes que estão tomando as ruas claramente mostram que não acreditam que o poder Judiciário Queniano tenha capacidade de resolver questões relativas a suposta fraude eleitoral.
A segunda mais importante questão é quão piores as coisas precisarão ficar antes da oposição decidir adotar outras abordagens de protesto? Manifestos e presenças nas ruas estão criando oportunidades para tensões e intensificação da violência que testemunhamos.
Uma vez na rua, a massa assume suas próprias vontades e nem o líder da oposição ou a polícia conseguem pacificá-los. Por isso minha observação é que talvez a forma de continuar pressionando o governo deva evitar qualquer ação direta que coloque as pessoas nas ruas. O que me lembra o indiano Mahtma Ghandhi que, ao encarar circunstâncias similares, fez uma greve de fome para provocar mudanças nos corações. Talvez nosso povo em Koch e no Kenya deveria adotar uma postura semelhante ficando recluso e dessa forma pressionando os poderes vigentes.
A última questão é como curar as feridas causadas pela onda de violência pós-eleitoral? Como seguimos em frente como comunidade quando temos tanto vítmas quanto perpetuadores da violência? Será que não criamos uma tensão intríseca que irá nos devorar por dentro, enquanto andamos por uma loja vandalizada ou uma igreja queimada ou vemos uma janela quebrada de uma casa? Quanto tempo se extenderá enterros e lutos pelas vítimas desta violência pós-eleitoral?
Quem irá cuidar de suas famílias? Quem irá explicar a uma criança porque seu pai nunca retornou do trabalho? Ou por que sua mãe nunca voltou das compras, ou seu irmão menor não irá mais correr no quintal?
Estas são as questões que buscamos respostas e eu acredito que o tempo nos dará a habilidade para nos curarmos e seguir adiante na construção de uma vibrante nação baseada na boa vontade que conseguimos estabelecer ao longo dos anos.
Como vocês observam a linguagem será um desafio para nós entre Koch e o Brasil, mas precisamos encontrar formas de fazer o mundo saber que ainda existe no Quênia, apesar da animosidade que vem sendo testemunhada, pilares de esperança. Famílias que alteraram os cursos de suas vidas para ajudar pessoas que, de outra forma, estariam sendo mortas por massas enfurecidas.
Devido a proibição das transmissões ao vivo, a KochFM parou de produzir ativamente programas e atualmente vem tocando músicas em tempo integral.
Vocês podem acompanhar facilmente o que vem ocorrendo através do site http://www.eastandard.net/.
Também sintam-se livres para reproduzir o que está disponível no Blog da KochFM.
E, finalmente, foram vocês que entrevistamos no lado de fora da KochFM, durante o Fórum Social Mundial? Aqui vai uma citação de vocês apenas para relembrar suas mentes. "Eu sinto o mesmo das pessoas daqui, ambos queremos as mesmas coisas, eu me sinto parte disso." O documentário foi finalizado e lançado na Austrália e em Koch em setembro.
Nós sempre estaremos em solidariedade
Nossos cumprimentos
Oti
A resposta original pode ser lida AQUI.
Foto: Boniface Mwangi / AFP, via Celeuma
Segundo a mensagem enviada por correio eletrônico, Éverton informa: "conhecemos a Rádio KochFm, durante o Fórum Social Mundial que aconteceu no Kenya".
Segue a mensagem que Éverton Rodrigues e Pedro Jatobá mandaram para eles no dia 3 de janeiro deste ano:
Olá amigas e amigos da Rádio KochFm,
Desde que nos conhecemos durante o Fórum Social Mundial em seu país, temos pensado em como conectar as articulações da Rádio Favela com as articulações da Rádio Koch. A troca de informações é dificultosa por causa do idioma, mas não é impossível.
Não podemos nem imaginar o que vocês estão passando por aí nesse momento, e é ruim para vocês e para o mundo o que aí está acontecendo.
Temos falado muito do trabalho de vocês aqui no Brasil, e nos sentimos muito felizes por ter conhecido vocês.
Mas nós queremos mostrar, para os brasileiros, o que aí acontece, de acordo com o olhar e a visão de vocês.
Estamos conversando com nossos companheiros da rádio Favela brasileira, para postarmos as traduções de suas matérias.
Seria muito importante que vocês pudessem nos mandar fotos e pequenos vídeos do que aí acontece, para que possamos mostrar a realidade de vocês.
E, para finalizar, gostaríamos que vocês enviassem uma mensagem ao mundo e, principalmente, para aqueles que participaram do Fórum Social Mundial do Kênia.O que é mais importante ou quais as questões são mais relevantes para vocês nesse momento?
A resposta das amigas e amigos da Rádio KochFm:
Tradução: Pedro Jatobá (Nômade Nordestino)
Agradecemos pela Solidariedade
Estamos, mais uma vez, sendo testados no momento em que nossa habilidade de resolver conflitos é posta em questão. A recente onda de violência no Kenya é lamentável e a Koch FM se une às pessoas defensoras da paz que vêm condenando os atos de violência e desrespeito às leis que já causaram a morte de mais de 300 pessoas na semana passada.
A grande pergunta, obviamente, qual o custo da democracia? O que podemos exigir das pessoas que perderam a fé nos fundamentos constituicionais garantidos pela constituição. Estes que estão tomando as ruas claramente mostram que não acreditam que o poder Judiciário Queniano tenha capacidade de resolver questões relativas a suposta fraude eleitoral.
A segunda mais importante questão é quão piores as coisas precisarão ficar antes da oposição decidir adotar outras abordagens de protesto? Manifestos e presenças nas ruas estão criando oportunidades para tensões e intensificação da violência que testemunhamos.
Uma vez na rua, a massa assume suas próprias vontades e nem o líder da oposição ou a polícia conseguem pacificá-los. Por isso minha observação é que talvez a forma de continuar pressionando o governo deva evitar qualquer ação direta que coloque as pessoas nas ruas. O que me lembra o indiano Mahtma Ghandhi que, ao encarar circunstâncias similares, fez uma greve de fome para provocar mudanças nos corações. Talvez nosso povo em Koch e no Kenya deveria adotar uma postura semelhante ficando recluso e dessa forma pressionando os poderes vigentes.
A última questão é como curar as feridas causadas pela onda de violência pós-eleitoral? Como seguimos em frente como comunidade quando temos tanto vítmas quanto perpetuadores da violência? Será que não criamos uma tensão intríseca que irá nos devorar por dentro, enquanto andamos por uma loja vandalizada ou uma igreja queimada ou vemos uma janela quebrada de uma casa? Quanto tempo se extenderá enterros e lutos pelas vítimas desta violência pós-eleitoral?
Quem irá cuidar de suas famílias? Quem irá explicar a uma criança porque seu pai nunca retornou do trabalho? Ou por que sua mãe nunca voltou das compras, ou seu irmão menor não irá mais correr no quintal?
Estas são as questões que buscamos respostas e eu acredito que o tempo nos dará a habilidade para nos curarmos e seguir adiante na construção de uma vibrante nação baseada na boa vontade que conseguimos estabelecer ao longo dos anos.
Como vocês observam a linguagem será um desafio para nós entre Koch e o Brasil, mas precisamos encontrar formas de fazer o mundo saber que ainda existe no Quênia, apesar da animosidade que vem sendo testemunhada, pilares de esperança. Famílias que alteraram os cursos de suas vidas para ajudar pessoas que, de outra forma, estariam sendo mortas por massas enfurecidas.
Devido a proibição das transmissões ao vivo, a KochFM parou de produzir ativamente programas e atualmente vem tocando músicas em tempo integral.
Vocês podem acompanhar facilmente o que vem ocorrendo através do site http://www.eastandard.net/.
Também sintam-se livres para reproduzir o que está disponível no Blog da KochFM.
E, finalmente, foram vocês que entrevistamos no lado de fora da KochFM, durante o Fórum Social Mundial? Aqui vai uma citação de vocês apenas para relembrar suas mentes. "Eu sinto o mesmo das pessoas daqui, ambos queremos as mesmas coisas, eu me sinto parte disso." O documentário foi finalizado e lançado na Austrália e em Koch em setembro.
Nós sempre estaremos em solidariedade
Nossos cumprimentos
Oti
A resposta original pode ser lida AQUI.
Foto: Boniface Mwangi / AFP, via Celeuma
4 comentários:
Com licença e
respeito, acho o
Quenia um somatório de
nações. As fronteiras dessas
nações não passam pelo nosso
Quenia conhecido. Acho
legítimo, por isso, as lutas
nacionalistas locais.
Mas...não tem perspectiva!
Falta lucidez,
nessas ocasiões,o que
me lembra é a iugoslávia
olá,
gostaria de pegar um trecho do seu texto, da rádio kochfm como referência para outro texto.
não encontrei seu email de contato.
espero que não se importe.
em solidariedade ao kenya,
contato por email comigo: nah @ anche.no
ola.
tambem gostaria de veicular a imagem que voce postou a um impresso sobre a situacao do kenya. os creditos sao seus? se a fonte for um outro site tem como me mandar o link? bamzin (arroba) riseup.net
em solidariedade.
Olá pessoal, apenas agora vi o comentário.
Meu email é everton@softwarelivre.org
Podem usar da forma como quiserem. Os autures desse texto são Everton Rodrigues e Pedro Jatobá
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