20 de março de 2008

A "preparada"

Quem ainda tem dúvidas sobre o papel da RBS na cobertura da CPI do Detran, ao ler a coluna da Rosane do Oliveira do dia 18 de março de 2008, reproduzida no Diário Gauche, pode formar, agora, tranqüilamente o seu juízo.
A colunista, com a típica arrogância de quem se sente inatingível, setencia que "a falta de preparo dos membros da CPI facilitou a vida do ex-presidente do Detran Carlos Ubiratan dos Santos e permitiu que ele desse um show de retórica no depoimento". Exatamente assim: num tópico, ela resumiu a ação dos deputados estaduais na CPI, deputados da oposição, bem entendido.
Como conhecemos a fama da colunista, fomos buscar outras informações a respeito desse depoimento. Chegamos ao blog do Júlio Garcia e eis que encontramos o seguinte:
1. O indiciado pela Polícia Federal chegou à CPI munido de um habeas corpus preventivo, concedido pelo STF, e acompanhado de dois advogados.
2. O indiciado, amparado por esse habeas corpus, alegou falta de memória para determinadas fatos e se negou a responder perguntas a ele dirigidas. Ficaram sem resposta, por exemplo:
- a pergunta da Dep. Stela Farias sobre a dispensa de licitação na contratação da Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec);
- os detalhes do empréstimo de R$ 550 mil que obteve junto à empresa NT Pereira para a compra de um apartamento em 2006;
- as razões da presença de Lair Ferst na primeira reunião da autarquia com os diretores da Fatec, antes de ter sido contratado pela mesma;
- a relação existente entre o irmão do deputado federal José Otávio Germano com o escritório de advocacia Carlos Rosa Advogados Associados, que prestava assessoria ao Detran;
3. O indiciado citou documentos, mas não os apresentou como prova, durante essa sessão.
É importante salientar, que este depoimento foi tomado rigorosamente dentro das prerrogativas que um estado de direito garante a todo o indivíduo. E mais importante ainda, é dizer que os deputados, que a colunista considera como "despreparados", atuaram fazendo a observância dessas garantias, obtendo tudo o que era possível, do depoente, em tais cirscunstâncias.
O Dep. Fabiano Pereira (PT), por exemplo, declarou "vamos contrastar o depoimento com os documentos que chegaram à CPI, apontar as contradições e ver quem fala a verdade". O Dep. Raul Pont (PT), por sua vez, desmentiu a declaração de Carlos Ubiratan, em relação ao Lair Ferst, ao afirmar: "ele (Lair) foi funcionário da fundação de junho de 2004 a julho de 2006. Só podemos supor que sua presença era para fazer lobby e concretizar o esquema que a Polícia Federal desvendou". Portanto, não há como sustentar a afirmação da colunista de ZH, de que os deputados "não estavam preparados" para interrogar o depoente. O que queria Rosane de Oliveira frente a essa situação? Que os deputados pendurassem o ex-presidente da Arena jovem no pau-de-arara, no melhor estilo dos anos de chumbo, onde a RBS iniciou a sua trajetória rumo ao monopólio midiático?
Assim como nós fomos buscar essas informações, a abelha rainha do colunismo da "Zerolândia" também poderia tê-lo feito. Mas este nunca foi o seu propósito. É possível afirmar, sem sombra de dúvida, que a colunista faz uma campanha aberta pela desmoralização dos deputados da oposição e, conseqüentemente, da própria CPI. E faz isso, não porque esteja despreparada, ou mal informada. Pelo contrário, ela está preparadíssima para levar adiante a estratégia de desinformação, cuja mola mestra é a mentira. O objetivo é neutralizar a CPI de qualquer forma, desviar a atenção sobre a quadrilha investigada pela Polícia Federal e impedir que se faça a relação entre a corrupção no Detran e os governos de Germano Rigotto e Yeda Crusius, que chegaram ao poder pelas mãos da RBS.
Para sermos justos, esta senhora não está sozinha nessa tarefa. Todas as empresas de mídia têm demonstrado, de forma cabal, que não têm a mínima disposição para esclarecer a população no que diz respeito ao escândalo do Detran.

Um comentário:

Anônimo disse...

Análise comparativa nada menos do que excelente, que desmontou objetivamente mais essa blindagem da depuradora de melífluos sabores.