Eugênio Neves, "Masmorra", Exposição Somos Todos Bonecos
Estávamos na dúvida em publicar uma nota pelo Dia Nacional dos Jornalistas, esta profissão na corda-bamba da credibilidade e da necessidade de formação específica (ainda que a exigência do diploma garanta um quê de respeitabilidade às empresas privadas de comunicação. Se com tal medida já temos a "barbárie informacional", imaginem o contrário?).
Pois bem, na nossa gira diária nos blogues amigos (ver lista ao lado), deparei-me com a carta enviada por Hélio Sassen Paz à seção "Leitor" da Folha de São Paulo, como parte da mobilização, iniciada pelo blog Cidadania.com, contra a saída de Mário Magalhões do cargo de ombudsman que ocupava naquela empresa.
“Nunca vi tamanha arbitrariedade: a única voz dissonante e o único jornalista com J maiúsculo que trabalhava nas empresas do Grupo Folha foi sumariamente calada. Por que é proibido criticar o pseudo-jornalismo praticado por pseudo-jornalistas que repetem um pensamento único comandado por seus pseudo-editores a mando de seus patrocinadores? Vocês não passam de meros cupinchas e pelegos da pior espécie. Quem trabalha aí e é competente e bem-intencionado deveria repensar seus conceitos. Os poucos bons jornalistas da Folha não são escravos nem de sua direção, nem de seus patrocinadores. Todas as corporações de mídia brasileiras sem exceção estão perdendo credibilidade, abrindo um precedente muito perigoso: o de darem o direito a seus consumidores e ex-consumidores jogarem em uma vala comum centenas de profissionais de Comunicação julgando-os covardes por preferirem achar que fazem um bom trabalho só porque fazem parte de uma das raras corporações de mídia que paga um salário acima da média de mercado para ficarem calados diante do lado da história que vocês não mostram à sociedade. A pretexto de reivindicar uma liberdade de imprensa sem responsabilidade e sem concorrência dissonante quando o Governo propõe uma TV pública nos moldes da BBC; ou de ridicularizar blogs de pessoas responsáveis que sabem que podem pagar caro se mentirem ou se acusarem sem provas (justamente por isso é que falam a verdade), ao blindarem os governos Serra, Kassab, Yeda, Fogaça e Aécio de uma série de escândalos que são de conhecimento público através de fontes alternativas que não possuem o mesmo alcance que vocês estabeleceram através de benesses da ditadura militar. Ao contrário do que pensam, vocês não são nem o primeiro, nem o segundo, nem o terceiro e tampouco o “quarto poder”. Folha, Globo, Abril, Estado, RBS, SBT, Band, Record e outros menos votados… Assim como a Folha, todos esses enormes conglomerados oferecem tão pouca informação capaz de fazer a diferença na rotina da sociedade e de contribuir para a auto-estima e para o crescimento positivo de todos, independentemente de crença ou de ideologia… Parece que ser profissional nessas empresas virou sinônimo de subserviência, peleguismo, puxa-saquismo, parcialidade e má fé. Pelo menos é para esse caminho que vocês estão levando os leitores mais críticos e independentes do agenda-setting do status quo ao qual a mídia corporativa da qual o Grupo Folha faz parte a pensar. E isso é triste demais não apenas para a profissão de jornalista mas, sim, para um país inteiro. Cada vez mais vocês precisam torrar milhões em publicidade institucional e em endomarketing para provarem a si mesmos que fazem um trabalho respeitável. Não vou dizer que veículos de baixa circulação e de maior credibilidade estejam “certos” ou que sejam perfeitos. Afinal de contas, não existe imparcialidade. Essa é a maior falácia do jornalismo. Todavia, seria muito mais justo e honesto da parte de vocês todos que estão mancomunados com seus patrocinadores políticos e empresariais (todos os veículos de todos os meios de comunicação afiliados ou parceiros das corporações Folha, Estado, Globo, Abril, RBS, SBT, Band, Record e outros menos votados) que fizessem como no jornalismo francês: ao invés de enganar as pessoas, lá eles são constantemente informados quais são os veículos de esquerda, quais são os de direita, quais são os que defendem o neoliberalismo, quais defendem o socialismo, quais defendem a pena de morte, quais são contrários a ela, quais defendem o aborto e quais são contra o aborto e assim por diante. Guy Debord dissecou muito bem o fenômeno da Sociedade do Espetáculo, que justifica plenamente o modus operandi da mídia corporativa ao transformar notícia em show e show em notícia: ao invés de utilizarem a batidíssima (e justa) técnica da pirâmide invertida que qualquer macaco lobotomizado que sonhe em ser foca conhece de cor e salteado, vocês editorializam toda e qualquer notícia. Ao invés de deixarem suas opiniões para os editoriais, agem como se fossem velhinhas fofoqueiras que passam o dia inteiro na janela observando a vida dos outros para terem o que “assuntar” com as “comadres” enquanto esperam a morte chegar. Sei que vocês jamais irão entrar em contato comigo e sequer irão publicar esta crítica. Mas quem planta vento, colhe tempestade. Encerro esta longa missiva que, se houver vida inteligente e honesta aí dentro, será pelo menos lida e refletida pela pessoa que abrir este e-mail, com uma citação que faz com que muito mais pessoas do que o “aquário” imagine lembrem que vocês foram porta-vozes que cresceram e enriqueceram com a ditadura militar a qual chamaram de “revolução”: “Atiramos o passado ao abismo, mas não nos inclinamos para ver se está bem morto.” (William Shakespeare)
[]’s, Hélio Sassen Paz Porto Alegre/RS - Brasil
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Por enquanto, nós gaúchos não estamos conseguindo driblar a ZMentira, mas Globo e Folha estão perdendo audiência e assinantes cada vez mais.
Pois bem, na nossa gira diária nos blogues amigos (ver lista ao lado), deparei-me com a carta enviada por Hélio Sassen Paz à seção "Leitor" da Folha de São Paulo, como parte da mobilização, iniciada pelo blog Cidadania.com, contra a saída de Mário Magalhões do cargo de ombudsman que ocupava naquela empresa.
“Nunca vi tamanha arbitrariedade: a única voz dissonante e o único jornalista com J maiúsculo que trabalhava nas empresas do Grupo Folha foi sumariamente calada. Por que é proibido criticar o pseudo-jornalismo praticado por pseudo-jornalistas que repetem um pensamento único comandado por seus pseudo-editores a mando de seus patrocinadores? Vocês não passam de meros cupinchas e pelegos da pior espécie. Quem trabalha aí e é competente e bem-intencionado deveria repensar seus conceitos. Os poucos bons jornalistas da Folha não são escravos nem de sua direção, nem de seus patrocinadores. Todas as corporações de mídia brasileiras sem exceção estão perdendo credibilidade, abrindo um precedente muito perigoso: o de darem o direito a seus consumidores e ex-consumidores jogarem em uma vala comum centenas de profissionais de Comunicação julgando-os covardes por preferirem achar que fazem um bom trabalho só porque fazem parte de uma das raras corporações de mídia que paga um salário acima da média de mercado para ficarem calados diante do lado da história que vocês não mostram à sociedade. A pretexto de reivindicar uma liberdade de imprensa sem responsabilidade e sem concorrência dissonante quando o Governo propõe uma TV pública nos moldes da BBC; ou de ridicularizar blogs de pessoas responsáveis que sabem que podem pagar caro se mentirem ou se acusarem sem provas (justamente por isso é que falam a verdade), ao blindarem os governos Serra, Kassab, Yeda, Fogaça e Aécio de uma série de escândalos que são de conhecimento público através de fontes alternativas que não possuem o mesmo alcance que vocês estabeleceram através de benesses da ditadura militar. Ao contrário do que pensam, vocês não são nem o primeiro, nem o segundo, nem o terceiro e tampouco o “quarto poder”. Folha, Globo, Abril, Estado, RBS, SBT, Band, Record e outros menos votados… Assim como a Folha, todos esses enormes conglomerados oferecem tão pouca informação capaz de fazer a diferença na rotina da sociedade e de contribuir para a auto-estima e para o crescimento positivo de todos, independentemente de crença ou de ideologia… Parece que ser profissional nessas empresas virou sinônimo de subserviência, peleguismo, puxa-saquismo, parcialidade e má fé. Pelo menos é para esse caminho que vocês estão levando os leitores mais críticos e independentes do agenda-setting do status quo ao qual a mídia corporativa da qual o Grupo Folha faz parte a pensar. E isso é triste demais não apenas para a profissão de jornalista mas, sim, para um país inteiro. Cada vez mais vocês precisam torrar milhões em publicidade institucional e em endomarketing para provarem a si mesmos que fazem um trabalho respeitável. Não vou dizer que veículos de baixa circulação e de maior credibilidade estejam “certos” ou que sejam perfeitos. Afinal de contas, não existe imparcialidade. Essa é a maior falácia do jornalismo. Todavia, seria muito mais justo e honesto da parte de vocês todos que estão mancomunados com seus patrocinadores políticos e empresariais (todos os veículos de todos os meios de comunicação afiliados ou parceiros das corporações Folha, Estado, Globo, Abril, RBS, SBT, Band, Record e outros menos votados) que fizessem como no jornalismo francês: ao invés de enganar as pessoas, lá eles são constantemente informados quais são os veículos de esquerda, quais são os de direita, quais são os que defendem o neoliberalismo, quais defendem o socialismo, quais defendem a pena de morte, quais são contrários a ela, quais defendem o aborto e quais são contra o aborto e assim por diante. Guy Debord dissecou muito bem o fenômeno da Sociedade do Espetáculo, que justifica plenamente o modus operandi da mídia corporativa ao transformar notícia em show e show em notícia: ao invés de utilizarem a batidíssima (e justa) técnica da pirâmide invertida que qualquer macaco lobotomizado que sonhe em ser foca conhece de cor e salteado, vocês editorializam toda e qualquer notícia. Ao invés de deixarem suas opiniões para os editoriais, agem como se fossem velhinhas fofoqueiras que passam o dia inteiro na janela observando a vida dos outros para terem o que “assuntar” com as “comadres” enquanto esperam a morte chegar. Sei que vocês jamais irão entrar em contato comigo e sequer irão publicar esta crítica. Mas quem planta vento, colhe tempestade. Encerro esta longa missiva que, se houver vida inteligente e honesta aí dentro, será pelo menos lida e refletida pela pessoa que abrir este e-mail, com uma citação que faz com que muito mais pessoas do que o “aquário” imagine lembrem que vocês foram porta-vozes que cresceram e enriqueceram com a ditadura militar a qual chamaram de “revolução”: “Atiramos o passado ao abismo, mas não nos inclinamos para ver se está bem morto.” (William Shakespeare)
[]’s, Hélio Sassen Paz Porto Alegre/RS - Brasil
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Por enquanto, nós gaúchos não estamos conseguindo driblar a ZMentira, mas Globo e Folha estão perdendo audiência e assinantes cada vez mais.
3 comentários:
O pessoal da mídia alternativa são os que mais assistem a GLOBO para cronometrar tempo de reportagem de assuntos que não lhes interessam. Também escarafuncham diariamente a ZERO HORA, com lupas, para terem assunto em seus blogs.
Assim o PIG vai continuar cada vez mais forte!
Arrumem outros assuntos.
Olegário
Olegário, boa noite.
Acho que teu mundo é muito peculiar. Vives isolado, sem vida, sem criatividade. A vida se constrói na relação. Ora, só existe mídia alternativa porque existe outro tipo de mídia. Neste caso, como bem apontas, existe o PIG.
E nesta relação constrói-se novos saberes, novas aprendizagens a ponto de desestruturar as verdades absolutas criadas pelo PIG.
Estas novas aprendizagens de um outro tipo de comunicação, engajada, posicionada, comprometida com a realidade, é o diferencial que vem a mostrar o quanto Globo e Zero Hora são estas excrescências. Por isso precisamos falar delas e falamos, sem precisar, aí tu te enganas, buscar com lupas. A cada página de jornal, a cada minuto de telejornalismo, a cada segundo de entretenimento, são despejadas tantas barbaridades, que fica difícil saber o que pautar.
No caso específico da TV, o agravante é o fato de que se trata de concessão pública. Se para a tua vida midiotizada, onde não se pensa, não se discute, esta TV está bem, para nós, que sabemos que somos donos desta concessão, exercemos nosso direito e até dever de fiscalizar e de nos manifestar sobre o seu conteúdo.
A tua manifestação é o reflexo de quanto esta mídia te incomoda, turva a água da normalidade construída pelo PIG ao teu bom gosto e aos dos demais que, como tu, pensam.
E, além do mais, se te sentes incomodado, não precisas nos visitar. E, se visitar, argumente de forma a apresentar dados novos, dignos de um debate.
Não com este viés de querer autorizar uma mídia cada vez mais autoritária, anti-demotrática, golpista e infame, bancando o superior ou engraçadinho.
Olá a todos,
Mais uma observação, Olegário: escarafunchar diariamente ZH e afins não tem como objetivo "ter assunto para blog", mas sim fazer o contraponto a abordagens viciadas, ou travestidas de insuspeição ou neutralidade, dos fatos. Esse é, atualmente, um dos principais papéis da mídia alternativa e livre. Assuntos para blogs, hoje em dia, são o que mais há; basta, para chegares a essa conclusão, veres o quanto há de informação hoje disponibilizada da rede virtual, e nada impede que jornalistas profissionais, como muitos já o fazem, usem a internet como principal meio de comunicação para seus veículos.
Também tens que levar em consideração o fato de que muitos que hoje intervêm nesse debate público são estudiosos da comunicação, filósofos e sociólogos, e que, portanto, não têm nada contra o jornalismo em si, mas sim contra o modo como a comunicação, como um todo, está atualmente sendo gerida por monopólios midiáticos. É uma discussão sobre poder, portanto. Assim, muitos desses debatedores sequer têm qualquer obrigação de "arrumar outros assuntos", uma vez que essa não é a atividade principal de muitos deles e o propósito de tal debate não é fazer com que a prática jornalística cotidiana de profissionais deixe de existir, pretensão que até seria um despautério.
Penso, ao contrário do que afirmaste, que é exatamente assim que o PIG pode se enfraquecer.
Abraços.
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