Apesar de ainda não termos lido o livro de Pascual Serrano "Pérolas 2. Balelas, disparates e trapaças nos meios de comunicação", permitimo-nos uma pequena observação. Ele fala de três poderes, mas, achamos que podemos falar em dois, já que os interesses da mídia e do capital praticamente se transformaram numa coisa só. Tanto que nos permitimos cunhar um neologismo: poder midionômico, que é a relação direta entre mídia e capital. Falar em mídia corporativa e poder econômico, nos dias de hoje, é redundante. O segundo poder, que seria o político, perde cada vez mais espaço para este primeiro. Um bom exemplo, é que acontece bem embaixo do nosso nariz: a derrubada do zoneamento ambiental na questão dos ecualiptos, como prova da articulação dos interesses capital-mídia contra o poder político. Entenda-se poder político, nesse caso, como o papel do estado nacional regulador e não como o desgoverno Yeda, um mero apêndice dos interesses "midionômicos". Segue parte do epílogo de Ignacio Ramonet no livro de Pascual Serrano, publicado na Carta Maior dom o título "O desastre midiático" e repercutido também no RSurgente.
[...] Em nome da necessidade de ganhar um número de clientes cada vez mais amplo e ter mais consumidores, os meios de informação massiva estão integrando três características: Primeira característica: cada vez mais o discurso, a mensagem jornalística, é mais simples, mais básica. Uma mensagem simples quer dizer que utilizará muito poucas palavras, um número de palavras muito limitado. [...] A segunda característica é a rapidez. A informação deve ser consumida rapidamente, quer dizer que seja qual for o valor da informação se tentará passá-la em um espaço muito curto. [...] Finalmente, a terceira característica destas informações de palavras simples, maniqueísta e rápidas: suscitar emoções. [...] Ou seja, do que se trata, na verdade, é de construir informações que sejam simples, rápidas e divertidas. Essa é uma característica geral e universal. A mídia norte-americana é, de certa maneira, o modelo e o motor deste tipo de informação que está se impondo em todas partes e que triunfa também na Internet. Com essas características, a informação muito dificilmente pode construir consciência cidadã, construir um sentimento cívico, construir coesão social, ou coesão nacional. Há uma imensa distância entre este projeto, que teoricamente deveria ser o da informação, e a prática real que Pascual Serrano constata neste livro, no qual, de certa maneira, graças a tantos exemplos insólitos, se pergunta: o que é um discurso cujas características principais são a simplicidade, a rapidez e a distração-emoção? A resposta aparece muito claramente: um discurso infantilizante.[...]
[...] Em nome da necessidade de ganhar um número de clientes cada vez mais amplo e ter mais consumidores, os meios de informação massiva estão integrando três características: Primeira característica: cada vez mais o discurso, a mensagem jornalística, é mais simples, mais básica. Uma mensagem simples quer dizer que utilizará muito poucas palavras, um número de palavras muito limitado. [...] A segunda característica é a rapidez. A informação deve ser consumida rapidamente, quer dizer que seja qual for o valor da informação se tentará passá-la em um espaço muito curto. [...] Finalmente, a terceira característica destas informações de palavras simples, maniqueísta e rápidas: suscitar emoções. [...] Ou seja, do que se trata, na verdade, é de construir informações que sejam simples, rápidas e divertidas. Essa é uma característica geral e universal. A mídia norte-americana é, de certa maneira, o modelo e o motor deste tipo de informação que está se impondo em todas partes e que triunfa também na Internet. Com essas características, a informação muito dificilmente pode construir consciência cidadã, construir um sentimento cívico, construir coesão social, ou coesão nacional. Há uma imensa distância entre este projeto, que teoricamente deveria ser o da informação, e a prática real que Pascual Serrano constata neste livro, no qual, de certa maneira, graças a tantos exemplos insólitos, se pergunta: o que é um discurso cujas características principais são a simplicidade, a rapidez e a distração-emoção? A resposta aparece muito claramente: um discurso infantilizante.[...]
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Um comentário:
Cláudia e Eugênio,
SENSACIONAL!!!
Mais adiante, quando tiver mais tempo, vou ler esse livro!
Bela indicação!
Sugiro que um de vocês ou ambos entrem no mestrado em Comunicação.
A hipótese que vocês denominaram de PODER MIDIONÔMICO encontraria interesse no trabalho do prof. Valério Brittos da UNISINOS, um dos poucos especialistas em ECONOMIA POLÍTICA DA COMUNICAÇÃO, que é uma disciplina que estuda as relações econômicas e discursivas entre grupos midiáticos e empresas, verificando as práticas sociais relacionadas a essa articulação.
Bem interessante. Acho que há espaço pra vocês darem aula!
[]'s,
Hélio
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