Foram quase duas horas de uma conversa que deixou vontade de "quero mais". A emoção de ver dois jovens com um conhecimento, digamos, "acadêmico" - sem nunca terem freqüentado uma faculdade - foi de tirar o folêgo, tamanha admiração que inspiraram!
Um conhecimento construído na vivência, num processo educativo que problematiza a realidade como prática da liberdade, não apenas nos bancos escolares do MST, mas no conhecimento passado de pai/mãe para filho/filha.
Não é à toa que Paulo Freire, Florestan Fernandes e Zumbi dos Palmares foram tratados como um perigo à sociedade em pleno Século XXI, por gente carregada de livros e completamente ignorante!
Como a entrevista é longa e poderá ser lida, na íntegra, AQUI, reproduzo algumas partes interessantíssimas da coletiva realizada em 24 de julho de 2008, após a chegada da Marcha em Porto Alegre:
Gustavo: Mudou o perfil do integrante do MST nesses anos?
Gilson (MST): Exatamente. Principalmente na Região Metropolitana. Em outras regiões do Estado, de onde a Cristiane faz parte, Região Sul, Fronteira Oeste, ainda a grande parte dos companheiros tem o perfil de camponês. Agora, na nossa região, tem gente com perfil camponês, mas tem também uma grande parte que não tem esse contato manual com a terra. O que a gente faz é conversar com as pessoas, trazê-las para o acampamento e lá internamente criar as condições de ir trabalhando, mexendo com a terra, iniciar pela horta, tem alguns cursos de agroecologia...
Gustavo: Isso dentro do acampamento?
Gilson (MST): Dentro do acampamento e fora. Às vezes se faz experiências para os acampados nos assentamentos.
Gustavo: Então a pessoa sai de uma periferia da cidade, ela nunca trabalhou com a terra, mas precisa, essa fase de acampamento é também de capacitação da pessoa para depois que receber a terra estar...
Gilson (MST): Exatamente.
Jefferson: Esse é um ponto de incompreensão da sociedade, porque a gente ouve muitas pessoas criticarem o Movimento por conta disso, dizem que não são camponeses, é gente das favelas... E usam isso pra dizer que não é um movimento legítimo, como se a pessoa que está hoje na cidade não pudesse voltar para o campo.
Gilson (MST): Todas as nossas origens são camponesas. Quando nós falávamos de recuperação do ser humano, das pessoas, porque muitas não sabem mexer com a terra... Mas nós também estamos trabalhando a questão do artesanato nos acampamentos e assentamentos, porque às vezes eu vou acampar porque eu não tinha o que comer, entendeu? No que tu sabes trabalhar? Então tu vai fazer brinco, tricô, balaio, o que tu puder fazer. Criar essas condições para que a pessoa se encontre também...
Gustavo: A gente está derrubando alguns mitos nessa conversa, que são clássicos em relação ao MST. Tu disseste que fez um curso em Pontão numa escola técnica, tinha curso de milícia, de guerrilha lá? Fazer bomba? Me diz onde é isso, por favor.
Risos gerais.
Ungaretti: Os instrutores eram das Farcs?
Risos gerais.
Gustavo: Quantas escolas dessas existem no RS e que tipos de cursos são oferecidos? É só pra integrantes do MST?
Cristiane (MST): No Educar, em Pontão, tem principalmente este curso técnico em agropecuária com habilitação em agroecologia, que tem formação política junto, mas não tem ninguém das Farc lá... (risos). Tem o Iterra, em Veranópolis, que oferece vários cursos, por exemplo, o TAC, magistério, curso de saúde, licenciatura... No Educar é pra Via Campesina. No Iterra também. Via campesina é do MAB, MPA... Às vezes um apoiador pode fazer, dependendo da disponibilidade. O curso é subsidiado. Não pagamos. Nós não temos condições financeiras de pagar.
Blogagem coletiva: Blog Ponto de Vista, Subverta, Cão Uivador, Alma da Geral, A Carapuça.
Não é à toa que Paulo Freire, Florestan Fernandes e Zumbi dos Palmares foram tratados como um perigo à sociedade em pleno Século XXI, por gente carregada de livros e completamente ignorante!
Como a entrevista é longa e poderá ser lida, na íntegra, AQUI, reproduzo algumas partes interessantíssimas da coletiva realizada em 24 de julho de 2008, após a chegada da Marcha em Porto Alegre:
Gustavo: Mudou o perfil do integrante do MST nesses anos?
Gilson (MST): Exatamente. Principalmente na Região Metropolitana. Em outras regiões do Estado, de onde a Cristiane faz parte, Região Sul, Fronteira Oeste, ainda a grande parte dos companheiros tem o perfil de camponês. Agora, na nossa região, tem gente com perfil camponês, mas tem também uma grande parte que não tem esse contato manual com a terra. O que a gente faz é conversar com as pessoas, trazê-las para o acampamento e lá internamente criar as condições de ir trabalhando, mexendo com a terra, iniciar pela horta, tem alguns cursos de agroecologia...
Gustavo: Isso dentro do acampamento?
Gilson (MST): Dentro do acampamento e fora. Às vezes se faz experiências para os acampados nos assentamentos.
Gustavo: Então a pessoa sai de uma periferia da cidade, ela nunca trabalhou com a terra, mas precisa, essa fase de acampamento é também de capacitação da pessoa para depois que receber a terra estar...
Gilson (MST): Exatamente.
Jefferson: Esse é um ponto de incompreensão da sociedade, porque a gente ouve muitas pessoas criticarem o Movimento por conta disso, dizem que não são camponeses, é gente das favelas... E usam isso pra dizer que não é um movimento legítimo, como se a pessoa que está hoje na cidade não pudesse voltar para o campo.
Gilson (MST): Todas as nossas origens são camponesas. Quando nós falávamos de recuperação do ser humano, das pessoas, porque muitas não sabem mexer com a terra... Mas nós também estamos trabalhando a questão do artesanato nos acampamentos e assentamentos, porque às vezes eu vou acampar porque eu não tinha o que comer, entendeu? No que tu sabes trabalhar? Então tu vai fazer brinco, tricô, balaio, o que tu puder fazer. Criar essas condições para que a pessoa se encontre também...
Gustavo: A gente está derrubando alguns mitos nessa conversa, que são clássicos em relação ao MST. Tu disseste que fez um curso em Pontão numa escola técnica, tinha curso de milícia, de guerrilha lá? Fazer bomba? Me diz onde é isso, por favor.
Risos gerais.
Ungaretti: Os instrutores eram das Farcs?
Risos gerais.
Gustavo: Quantas escolas dessas existem no RS e que tipos de cursos são oferecidos? É só pra integrantes do MST?
Cristiane (MST): No Educar, em Pontão, tem principalmente este curso técnico em agropecuária com habilitação em agroecologia, que tem formação política junto, mas não tem ninguém das Farc lá... (risos). Tem o Iterra, em Veranópolis, que oferece vários cursos, por exemplo, o TAC, magistério, curso de saúde, licenciatura... No Educar é pra Via Campesina. No Iterra também. Via campesina é do MAB, MPA... Às vezes um apoiador pode fazer, dependendo da disponibilidade. O curso é subsidiado. Não pagamos. Nós não temos condições financeiras de pagar.
Blogagem coletiva: Blog Ponto de Vista, Subverta, Cão Uivador, Alma da Geral, A Carapuça.
4 comentários:
Ainda bem que pouca gente lê este blog.
Dois porra-loucas do mst que não merecem crédito.
Saulo
Mas tu leste, né? Freud explica o teu comentário...
Ato falho, Saulo!
O Dialógico se reserva o direito de excluir comentários fascistas em nosso blog.
Assim como não freqüentamos sítios como Ternuma e Olavo de Carvalho, sugerimos que busquem a sua turma!
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