Marcos Rolim desmoraliza o ghost writer do Cel. Mendes que publicou artigo em ZH, um texto francamente mal intecionado e mistificador, como réplica ao artigo Vocação do Rolim. Aliás, ZH publicaria o próprio Eichmann, se isso representasse a garantia da manutenção do tipo de "ordem" que ela tanto defende.
"Mortos não acessam emails, eu sei. Falamos através de nossos amigos, entretanto. Minha tese de doutorado, apresentada na Universidade de Chicago, em 1958, tratou do raciocínio moral dos adolescentes e procurou demonstrar que os seres humanos atravessam estágios distintos de formação de suas consciências morais. Piaget já havia sustentado, em seu Jugement Morale Chez les Enfants, a universalidade da psicogênese em diferentes fases da infância; uma contribuição genial sobre a qual me apoiei. Nunca fui militar, mas vi de perto o que uma noção moral centrada no apego à ordem é capaz de produzir. Antes de meu doutoramento, integrei como voluntário a tripulação de um navio mercante norte-americano que conduziu ao Estado de Israel dezenas de judeus sobreviventes dos campos de concentração. Aquela gente, Coronel, havia sido massacrada pela ordem, para a qual os nazistas preparam a devida base legal. Nos campos, não havia espaço para reclamações, mas se elas ocorriam, os Kapos se encarregavam de acabar com a “bagunça”.
Em minha teoria, sustentei que há 3 níveis de moralidade (pré-convencional, convencional e pós-convencional), cada um deles marcado por dois estágios. No primeiro estágio, temos o senso moral orientado pela obediência, quando a criança evita certas condutas por receio da punição; no 2º estágio, prevalece uma orientação egocêntrica e as ações tidas como “corretas” são aquelas que satisfazem à criança; no 3º estágio, as condutas são orientadas pelo objetivo de agradar os demais, segundo os estereótipos sociais; no 4º, a orientação moral é a de manter a ordem e a autoridade. O 5º e o 6º estágios são os mais avançados e estabelecem, respectivamente: a) uma orientação contratualista – o que se firma, por exemplo, nos procedimentos democráticos e, b) a orientação por princípios éticos universais, o que assinala o primado da consciência individual e da noção de “dever moral”.
Os direitos humanos habitam este 6º estágio de moralidade, Coronel. Se as pessoas não são capazes de orientar suas condutas com base em princípios universais; se estão, por exemplo, como muitos adultos, no 4º estágio, correm o risco de, em nome da lei, serem simplesmente injustas. Pior: se confrontados com regras arbitrárias ou manifestamente estúpidas, tendem a segui-las como burocratas zelosos. O fenômeno é ainda mais comum nas estruturas rigidamente disciplinadas e não foi por acaso que Adolf Eichmann estruturou sua defesa em Jerusalém invocando o “dever de obediência” e que o lema da SS era "Mein Ehre heißt Treue" ("Minha honra é a lealdade").
Nunca propus o “caos social” e a idéia de um 6º estágio de moralidade expressa minha confiança em possibilidades generosas da agência humana como a construção do que denominei “Comunidade Justa”, projeto para o qual dediquei anos de minha vida, com experiências exitosas em escolas e em uma prisão. Eventualmente, dado seu animador interesse por minha obra, posso lhe explicar em detalhes a idéia toda. Por hora, asseguro-lhe que, em uma Comunidade Justa, a porta de um banco vale menos que o braço de um bancário e carros de som nunca são motivos para bombas de gás e balas de borracha".
Best regards, L.K.
Em minha teoria, sustentei que há 3 níveis de moralidade (pré-convencional, convencional e pós-convencional), cada um deles marcado por dois estágios. No primeiro estágio, temos o senso moral orientado pela obediência, quando a criança evita certas condutas por receio da punição; no 2º estágio, prevalece uma orientação egocêntrica e as ações tidas como “corretas” são aquelas que satisfazem à criança; no 3º estágio, as condutas são orientadas pelo objetivo de agradar os demais, segundo os estereótipos sociais; no 4º, a orientação moral é a de manter a ordem e a autoridade. O 5º e o 6º estágios são os mais avançados e estabelecem, respectivamente: a) uma orientação contratualista – o que se firma, por exemplo, nos procedimentos democráticos e, b) a orientação por princípios éticos universais, o que assinala o primado da consciência individual e da noção de “dever moral”.
Os direitos humanos habitam este 6º estágio de moralidade, Coronel. Se as pessoas não são capazes de orientar suas condutas com base em princípios universais; se estão, por exemplo, como muitos adultos, no 4º estágio, correm o risco de, em nome da lei, serem simplesmente injustas. Pior: se confrontados com regras arbitrárias ou manifestamente estúpidas, tendem a segui-las como burocratas zelosos. O fenômeno é ainda mais comum nas estruturas rigidamente disciplinadas e não foi por acaso que Adolf Eichmann estruturou sua defesa em Jerusalém invocando o “dever de obediência” e que o lema da SS era "Mein Ehre heißt Treue" ("Minha honra é a lealdade").
Nunca propus o “caos social” e a idéia de um 6º estágio de moralidade expressa minha confiança em possibilidades generosas da agência humana como a construção do que denominei “Comunidade Justa”, projeto para o qual dediquei anos de minha vida, com experiências exitosas em escolas e em uma prisão. Eventualmente, dado seu animador interesse por minha obra, posso lhe explicar em detalhes a idéia toda. Por hora, asseguro-lhe que, em uma Comunidade Justa, a porta de um banco vale menos que o braço de um bancário e carros de som nunca são motivos para bombas de gás e balas de borracha".
Best regards, L.K.
Nenhum comentário:
Postar um comentário