17 de abril de 2009

Bloguismo ou jornalismo?


Foi muito bacana o debate promovido pela turma do Jornalismo B Bloguismo ou Jornalismo: um novo caminhou ou mais do mesmo?, com os painelistas Marco Aurélio Weissheimer, Roger Lerina e Adriano Santos.

Em tempo real, o Ale Lucchese publicava frases dos painelistas [ler AQUI] no blog.

Impressionou o público diversificado: homens e mulheres de todas as idades, de produtores[as] de conteúdo a leitores [as]. Para quem está acostumada a freqüentar atividades que tratem da mídia, nas quais costuma-se ver as mesmas pessoas, tal dado é muito positivo: já estamos indo mais além; estamos atingindo novo público.
Apesar da aceleração tecnológica, na qual hoje tratamos de blogues, amanhã poderá ser outro meio de produção de conteúdos, os painelistas deixaram claro que a credibilidade é o sustentáculo do jornalismo, credibilidade esta voltada à defesa do público em detrimento do privado.

Ainda que, como princípio, o bloguismo não se contraponha ao jornalismo, e que os painelistas não diferenciaram bloguismo e jornalismo como categorias estanques, arriscamos a defender a tese, de que o bloguismo diferencia-se do jornalismo:
- pela possibilidade de interatividade imediata, via comentários;
- pela produção de conteúdo escrito e áudio-visual, pois a Internet, mais do que um espaço de baixar arquivos, é o espaço para subir produção intelectual e cultural;
- tem, na credibilidade, seu maior compromisso. Um blog perde leitor e leitora, na medida em que a sua seriedade é posta à prova, i) caso algum fato seja publicado sem nexo com a realidade, ii) a orientação ideológica seja escamoteada, iii) uma opinião seja defendida sem argumentos razoáveis [ainda que haja discordância de uma tese ou outra].
- o bloguismo, por ser exercido na Internet, permite a diversidade e a pluralidade de opiniões e pautas, expressões da democracia, com baixo custo operacional.
Os grandes desafios do bloguismo são, sem preocupação de estabelecer prioridades [entre outros]:
- aumentar o público leitor;
- instigar novos produtores de conteúdo;
- trabalhar em rede;
- fidelidade canina à realidade factual [Mino Carta];
- aplicação de ferramentas variadas;
- criar massa crítica;
- formação de opinião;
- manter a Internet livre. Não sabemos até quando teremos liberdade de opinião, ou de pautar conteúdo que se contraponha ao status quo do capital.

Valeu Cris e Alexandres pela possibilidade de reflexão proporcionado pelo painel do dia 16 de abril de 2009!

Imagens: Dialógico

5 comentários:

Anônimo disse...

Oi Cláudia!

Bah, levei um susto (positivo, é claro) quando abri o Dialógico e já estavam aqui fotos e cobertura do debate. Que agilidade!

Gostei muito da da tua síntese de características e desafios do bloguismo. Vou percebendo que o evento atingiu seus objetivos, ajudar a criar um diálogo cada vez maior a respeito do que estamos fazendo.

Grande abraço,

Ale Lucchese

Carlinhos Medeiros disse...

Continuo tirando o chapéu para os nossos irmãos gaúchos, que além de produzir textos com qualidade, sabem muito bem da importância que os blogues vêm desempenhando na sociedade contemporânea.

Sou um pingo no meio de uma ilha. Aqui no Ceará, tirando alguns blogues de jornalistas que escrevem para os principais jornais (gargantas de aluguel)eu só conheço os Rastreadores de Impurezas, depois, restam os vazios.

Parabéns ao Jornalismo B pela iniciativa.

Leandro Bierhals disse...

Parabéns pelo evento. É o bloguismo mostrando que nem só de virtualidade vive a luta por uma comunicação mais justa. Tremei PIG, pois a blogosfera é de carne e osso.

Anônimo disse...

Acredito que os bogs não vieram substituir o jornalismo, mas com certeza darão à eles uma carga maior de responsabilidade, contribuindo pra modificar alguns critérios na hora de definir opiniões. O fato jornalismo deixará de ter uma única interpretação e novas vozes poderão ser ouvidas.

Recentemente, a matéria do Jornal Folha de S. Paulo sobre a suposta participação da atual Ministra Dilma Rousseff no planejamento do sequestro de Delfim Neto, durante a Ditadura teve sua credibilidade questionada por inúmeros blogs, com milhares de leitores. O jornalista Roberto Espinosa, utilizado como fonte para a matéria, denunciou a distorção pela jornalista que o entrevistou, das informações dadas por ele e no mesmo dia da publicação da matéria vários bolgs já denunciavam a armação do jornal. O mesmo acontece agora com a divulgação de que a ficha criminal de Dilma, apresentada pelo jornal, é falsa. E uma falsificação bastante recente.

A imprensa continua tendo muito poder, mas já não pode mais distorcer os fatos de acordo com seus interesses impunemente. Ainda sobre a Folha, é só lembrar o caso da "Ditabranda" e a repercussão negativa que ainda vem tendo para o jornal.

Eduardo Prado

Claudinha disse...

Ale, como tive tempo, pude atualizar o blog em seguida ao debate.
Carlinhos, certa vez, o Weissheimer perguntou, o que seria da informação, se não existissem os blogues, referindo-se à cobertura das eleições municipais. E ele tinha razão: se do ponto de vista prático, em POA, com toda a atuação dos blogues, o Fumaça foi reeleito, como seria a sua vantagem sobre a Rosario sem os blogues? Dá o que pensar. Por isso, mesmo uma ilha num oceano, o teu trabalho é reconhecido e muito importante aí no CE.
Eduardo, creio que somos parentes distantes, pois teu sobrenome é o mesmo de solteira da minha avó materna. :-) Bem, costumo dizer, que os grupos de comunicação do RS não responderam, ainda, aos blogues. No entanto, a Rede Globo, no período eleitoral de 2006, precisou se expor, o Estadão fez campanha anti-blog, se não me engano, em 2007 e, mais recente, a FSP. O que significa que os blogues vieram a atrapalhar a hegemonia do capital no que diz respeito ao tratamento de determinadas pautas. A vida da empresas de comunicação não é mais a mesma, com certeza! Uma mentira, uma manipulação, uma sacanagem não resiste há 30 seg no ar, porque sempre haverá um internauta ligado para denuciat o descalabro.
Mesmo que o meio seja restrito, já é um enorme avanço como ferramenta de denúncia e anúncio de uma comunicação mais democrática e cidadã.