Cada vez mais me convenço de que a internet põe por terra quaisquer limitações legais e quaisquer impedimentos técnicos e discursivos para qualquer um se comunicar.
Obviamente, uma coisa não anula a outra. Isso deve ser feito. Mas é momentâneo e paliativo enquanto a escolaridade for baixa e a banda larga ainda não puder atingir a todos.
Contudo, não creio que a prioridade quanto à resistência pela democratização dos meios de comunicação seja reivindicar mais espaço nas ondas eletromagnéticas ou um canal digital no satélite.
Dentro de muito pouco tempo, a emergência de nichos auto-organizados vai ter um alcance incontrolável até mesmo para quem quiser praticar alguma arbitrariedade.
O grande equívoco de quase toda a esquerda brasileira está em pensar em massa ou em povo e não em multidão. Em pensar em luta de classes ao invés de resistência. Assim, acaba se tornando ou totalitária às avessas, ou pouco produtiva e - pior - pouco transformadora.
Hoje, o poder das 11 famílias está cada vez menor: por livre e espontânea vontade, mesmo sem muito estudo, dezenas de milhões de brasileiros estão se lixando para a mídia corporativa. O que não se pode esquecer é de que, apesar da mídia corporativa, todos têm escolha e ninguém é um receptor passivo.
Hélio, até podem estar se lixando pra mídia corporativa, mas qual é a atuação política dessa gente? Quem é essa multidão, que ora pode estar na mesma luta pela questão ambiental, mas se separa na questão do aborto por ex.? Não podem ser causas a nos unirem como povo, mas projetos políticos que preservem a nossa existência como humanos.
Outra, o triplo dessa gente ainda assiste a mídia corporativa e não discute que há um problema na comunicação, não tem ideia do que sejam os conceitos de monopólio ou oligopólio e, do xampu ao carro, escolhem o que a mídia impõe. Com o livre arbítrio de escolher entre uma marca e outra da mesma porcaria.
Por fim, óbvio que nem todas as pessoas se deixam manipular pela mídia. Nós e tu, bem como milhões de pessoas por ti citatadas, somos exemplos disso. Mas somos minoria, Helio. Sem contar a brutal discrepãncia social que impede a inclusão digital.
Discurso político partidário não funciona. Denunciar e criticar o que a mídia corporativa faz não é suficiente.
Politização não é partidarismo. E quem se envolve com uma determinada causa não precisa se envolver com outras, pois é o conjunto de pequenas ações que faz com que cada uma tenha uma solução.
Quem quer agir, faz como quer e como pode. Não quer ter um líder centralizando, controlando tudo e ditando regras. Não deslegitimizo nenhuma causa ou pessoa em quem acredite. Apenas acho que a dinâmica sociotécnica não está sendo acompanhada por uma agenda de prioridades.
Não dá pra considerar uma maneira diferente de pensar e agir como menos legítima de se fazer política só porque não é a mesma maneira de se manifestar de quem foi às ruas em 1968.
O RS está atrasado demais, tanto na esquerda como na direita. A mentalidade gaúcha é a mais atrasada do Brasil, disparado.
O "gaúcho tudo de bom sempre" não é privilégio dos alienados, dos urbanos, dos ricos ou dos direitistas...
3 comentários:
Cláudia,
Cada vez mais me convenço de que a internet põe por terra quaisquer limitações legais e quaisquer impedimentos técnicos e discursivos para qualquer um se comunicar.
Obviamente, uma coisa não anula a outra. Isso deve ser feito. Mas é momentâneo e paliativo enquanto a escolaridade for baixa e a banda larga ainda não puder atingir a todos.
Contudo, não creio que a prioridade quanto à resistência pela democratização dos meios de comunicação seja reivindicar mais espaço nas ondas eletromagnéticas ou um canal digital no satélite.
Dentro de muito pouco tempo, a emergência de nichos auto-organizados vai ter um alcance incontrolável até mesmo para quem quiser praticar alguma arbitrariedade.
O grande equívoco de quase toda a esquerda brasileira está em pensar em massa ou em povo e não em multidão. Em pensar em luta de classes ao invés de resistência. Assim, acaba se tornando ou totalitária às avessas, ou pouco produtiva e - pior - pouco transformadora.
Hoje, o poder das 11 famílias está cada vez menor: por livre e espontânea vontade, mesmo sem muito estudo, dezenas de milhões de brasileiros estão se lixando para a mídia corporativa. O que não se pode esquecer é de que, apesar da mídia corporativa, todos têm escolha e ninguém é um receptor passivo.
[]'s,
Hélio
Hélio, até podem estar se lixando pra mídia corporativa, mas qual é a atuação política dessa gente? Quem é essa multidão, que ora pode estar na mesma luta pela questão ambiental, mas se separa na questão do aborto por ex.? Não podem ser causas a nos unirem como povo, mas projetos políticos que preservem a nossa existência como humanos.
Outra, o triplo dessa gente ainda assiste a mídia corporativa e não discute que há um problema na comunicação, não tem ideia do que sejam os conceitos de monopólio ou oligopólio e, do xampu ao carro, escolhem o que a mídia impõe. Com o livre arbítrio de escolher entre uma marca e outra da mesma porcaria.
Por fim, óbvio que nem todas as pessoas se deixam manipular pela mídia. Nós e tu, bem como milhões de pessoas por ti citatadas, somos exemplos disso. Mas somos minoria, Helio. Sem contar a brutal discrepãncia social que impede a inclusão digital.
Abraço!
Cláudia,
Discurso político partidário não funciona. Denunciar e criticar o que a mídia corporativa faz não é suficiente.
Politização não é partidarismo. E quem se envolve com uma determinada causa não precisa se envolver com outras, pois é o conjunto de pequenas ações que faz com que cada uma tenha uma solução.
Quem quer agir, faz como quer e como pode. Não quer ter um líder centralizando, controlando tudo e ditando regras. Não deslegitimizo nenhuma causa ou pessoa em quem acredite. Apenas acho que a dinâmica sociotécnica não está sendo acompanhada por uma agenda de prioridades.
Não dá pra considerar uma maneira diferente de pensar e agir como menos legítima de se fazer política só porque não é a mesma maneira de se manifestar de quem foi às ruas em 1968.
O RS está atrasado demais, tanto na esquerda como na direita. A mentalidade gaúcha é a mais atrasada do Brasil, disparado.
O "gaúcho tudo de bom sempre" não é privilégio dos alienados, dos urbanos, dos ricos ou dos direitistas...
[]'s,
Hélio
Postar um comentário