Os números preliminares do Ibope para a Grande São Paulo indicam um aumento na audiência tanto para a Globo quanto para a Bandeirantes em relação ao jogo anterior do Brasil na Costa do Mundo, domingo passado.
Na estreia do Brasil, a Globo cravou 45 pontos, contra 10 da Band. O número foi bem inferior ao da estreia do Brasil na Copa de 2006, na Alemanha, quando a Globo tinha exclusividade. Naquela ocasião, no jogo Brasil 1 x Croácia 0, a Globo marcou 66 pontos.
No segundo jogo do Brasil na África do Sul, contra a Costa do Marfim, a Globo marcou 41 pontos, contra 10 da Band. O jogo aconteceu em um domingo. A explicação de quem é do ramo para essa queda de audiência é de que havia um número menor de TVs ligadas, já que no domingo mais gente se reuniu para ver os jogos coletivamente, em casa ou em bares.
No terceiro jogo, entre Brasil e Portugal, os números preliminares indicam que a Globo obteve 44 pontos de média, contra 13 da Band. Ou seja, em relação ao jogo anterior, as duas emissoras obtiveram índices superiores de audiência. Tudo indica que os números consolidados vão indicar que a Band bateu seu recorde de audiência, mas também que a Globo teve um número maior de telespectadores em relação ao jogo anterior, apesar da campanha batizada de Dia Sem Globo lançada por usuários do twitter. Ou seja, se o objetivo era reduzir a audiência bruta da Globo, a campanha fracassou.
O consolo para os tuiteiros pode se encontrar no “share” da TV Globo, ou seja, na porcentagem de sintonizados na Globo sobre o número total de televisores ligados. O “share” da Globo no primeiro jogo foi de 75%, caiu para 72% no segundo jogo e, pelos números preliminares desta sexta-feira, foi de 67%. Por sua vez, o “share” da Band passou de 16% no primeiro jogo para 17% no segundo e para 20% na partida contra Portugal.
É preciso acrescentar, no entanto, que os números de Brasil vs. Portugal são preliminares e que se referem apenas à medição automática do Ibope na Grande São Paulo.
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Um comentário:
Cláudia,
Uma das poucas coisas contra as quais não discurdo da linha de pesquisa Economia Política da Comunicação é a de que o padrão técnico-estético pesa demais na escolha das pessoas.
É óbvio demais que a qualidade de som e de imagem, a quantidade de cortes dinâmicos, a sonoplastia e a enorme quantidade de acordos, parcerias e aluguéis junto aos principais players da indústria no mundo inteiro relacionadas às cessões de direitos de imagem, isto é, à retransmissão de eventos importantes, faz a Globo ser anos-luz melhor do que as outras.
A TV Brasil possui som alto e estridente demais. Além disso, os cenários e as vinhetas de abertura de seus programas são demodé, bregas, de mau gosto, descoladas do atual padrão médio de apuro estético e material da sociedade como um todo. Ela não terá audiência relevante enquanto não tiver no mínimo o padrão de uma BBC ou de uma TV5 (que são os únicos no mundo capazes de bater de frente com a Globo).
O investimento em design é fundamental. Muitos consideram frescura, mas a interface também é informação: se um mesmo site me oferecer praticamente a mesma informação com o mesmo viés e nível de credibilidade, eu vou preferir sempre o mais bonito. E é assim com a maioria das pessoas.
Pesquisa divulgada no portal Comunique-se na semana passada antes de explodir o #diasemglobo concluiu que quase 70% dos brasileiros consideram a Globo como melhor emissora e quase 60% consideram o casal William Bonner e Fátima Bernardes como os jornalistas de maior credibilidade do país.
Além disso, a teledramaturgia e os programas de auditório são componentes altamente significativos da cultura midiática brasileira e isso não pode ser deletado da grade assim, do dia para a noite. Afinal de contas, fazem parte do caldo cultural do brasileiro.
Na TV aberta, nenhum canal que se abster de noticiário, programa de auditório, novela, filminhos vespertinos enlatados e futebol terá sucesso.
Pelo menos não enquanto não se passar uma geração inteira de nativos digitais com banda larga que alcance no mínimo 80% de toda a população.
Ainda assim, o fato de haver 75% de analfabetos funcionais contribui sobremaneira para esse quadro desolador.
A cultura de nichos precisa superar a mídia de massa: quando houver infraestrutura, agilidade mercadológica e capacidade técnica suficientemente capacitadas, aí, sim, as pessoas tenderão a preferir assistir canais segmentados por tema como na TV a cabo.
Pra terminar: a dita TV digital que irá vingar pra valer não será essa parafernália via satélite com set top box, software Jinga, padrão EUA, JPN, BRA, etc. mas, sim, transmissões em altíssima velocidade via internet.
Quando isso ocorrer, finalmente, teremos uma mudança significativa de postura. Do contrário...
[]'s,
Hélio
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