3 de dezembro de 2010

Filisteu, traíra e ratazana moral

Do Diário Gauche:
#forajobim

A permanência do fala-fina

O compositor e escritor Chico Buarque na recente campanha eleitoral, ao comentar a política internacional do governdo Lula, disse o seguinte: "É um governo que fala de igual para igual: não fala fino com Washington e não fala grosso com a Bolívia e o Paraguai e, por isso mesmo, é respeitado no mundo inteiro".

Com a divulgação dos documentos diplomáticos feito pelo WikiLeaks ficamos sabendo - sem nenhuma surpresa - que a assertiva de Chico não vale para todo o governo Lula. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, por exemplo, estava fazendo uma fala distinta (fala fina), ainda que particular, zé-com-zé, sussurrada, venenosa e covarde. Chegou a passar informações - acreditem - sobre a saúde pessoal do presidente Evo Morales. Apreciou de forma arbitrária, moralista e subjetiva o modo como colegas seus de governo vêem os Estados Unidos. Jobim, assim, experimentou uma forma particular de lamber-botas e de se colocar de quatro para o que certamente julga serem os patrões do mundo conhecido.

O grande escritor russo Vladimir Nabokov tem um pequeno texto (hora dessas eu traduzo aqui para os nossos leitores) chamado "Filisteus e Filisteísmo". É delicioso e hilário. O grande autor de "Lolita", conceitua o tipo vulgar que está satisfeito com tudo ao seu redor, em especial, o que é falsamente importante, falsamente bonito, falsamente valioso, falsamente inteligente, etc. À medida que se vai avançando na leitura, na nossa imaginação desfilam dezenas de idiotas que podem representar o "filisteu satisfeito e com pretensões". Nossa imaginação, estimulada pelo genial Nabokov, reúne mais ratazanas que o enfeitiçador flautista de Hamelin, vanguardeados - claro - pelo indizível ministro lulista.

Em tempo: A permanência de Jobim no ministério lulo-dilmista tem conexão com as negociações para a compra de uma frota de aviões de caça da França?

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