Uma das coisas mais difíceis na vida de uma pessoa é ela saber quando deve parar. É uma situação complicada, porque envolve tudo aquilo pelo que ela lutou e as idéias que defendeu.
Talvez essa hora tenha chegado para o Senador Pedro Simon (PMDB/RS). O seu engajamento na campanha de Germano Rigotto à Presidência da República pode ser um bom indicativo disso.
O Rio Grande do Sul poderia ser poupado desse vexame. Certamente, seremos motivo de riso pelo país afora ao apresentarmos como candidato uma nulidade tamanha como esse "governador" em exercício. Nosso Estado, em sua gestão, cresceu como rabo de cavalo, ou seja, para baixo em todos os indicadores.
O que mais chama a atenção é a questão da segurança que mereceu, no governo anterior, uma escandalosa CPI instrumentalizada pela mídia para desgastá-lo. Hoje, de uma forma sem precedentes, a violência toma conta do Rio Grande e tudo o que o Governador Rigotto consegue fazer sobre isso é brindar a população com um patético "secretário" de Segurança que faz declarações do tipo "não são as armas que matam, mas os homens". Simon, quem sabe, fiado na blindagem que a mídia ergueu em torno do "governo" do Estado e achando que todo mundo é tolo, empresta seu prestígio à ridícula campanha de Germano Rigotto para a Presidência da República.
Boa parte das pessoas da geração que hoje tem 50 anos, alguma vez votou em Pedro Simon. Mesmo não acreditando nas suas idéias também já votei nele, por ser, naquele momento de bipartidarismo, a "alternativa" que se apresentava. Isso só prova a inutilidade do voto útil, pois perpetuamos situações que há muito tempo deveriam estar superadas. Quem sabe, se tivéssemos deixado a ditadura seguir seu curso, ela teria desmoronado sob seu próprio peso? Por tabela, soterraria também políticos que acham que seu papel no parlamento se restringe a fazer discursos acompanhados de gestos frenéticos e falando vagamente sobre ética.
É bom lembrar, que o Senador Pedro Simon tem, em sua carreira política, uma renúncia ao governo do estado para concorrer ao senado federal, largando o RS na mão do ex-interventor da ditadura Sinval Guazzelli. E sem o menor drama de consciência com relação aos seus eleitores que engatinhavam em termos de eleição direta para governador. Tal gesto foi inédito na História do RS.
Hoje, tudo o que se pode esperar dele, é que perceba a hora de parar, ainda mais que Simon declarou, na última eleição para a prefeitura de Porto Alegre, ser "16 anos muito tempo para o PT governar" e que "estava na hora de mudar".
Mas quem sabe não estou sendo injusto com o Senador? Percebendo a catástrofe que foi ter colocado Rigotto no governo do estado, ele, a mídia, o PMDB e a direita precisavam encontrar uma saída honrosa para se descartar do compromisso de reelegê-lo. Chama a atenção que um governo tão "exitoso" não tenha ninguém para defender a sua continuidade. O próprio Simon nunca levantou essa bandeira. E não podendo admitir isso publicamente, inflam o ego de Rigotto e lançam-no nesta insólita aventura de candidato a candidato à Presidência. Basta ler as justificativas de Pedro Simon na defesa do nome de Germano Rigotto como candidato: em nenhum momento, aparece a sua "excelente" administração enquanto governador, coisa que, por si só, justificaria sua reeleição. Como poderia também ser o mote da sua campanha à Presidência do país.
Divagações à parte, esperamos que o Senador não se candidate a um novo mandato, pois 24 anos no Senado está para lá da medida do que seria tolerável para uma população suportar de um político que não tem nada de novo para lhe oferecer, além do seu melancólico engajamento numa infeliz campanha política.
Eugênio Neves
Colaboração de Claudia Cardoso
Nenhum comentário:
Postar um comentário