O jornal O Sul dá mais uma prova, entre tantas que se acumulam, sobre a construção de subjetividades por parte da mídia.
Na edição de hoje, 17/03/07, o jornal estampa na capa foto do Min. Tarso Genro, obtida na cerimônia em que assume o cargo de Ministro da Justiça. Ele aparece olhando para cima, com a boca entre-aberta e com ar aparvalhado. Seria esta a única foto disponível sobre a cerimônia? Certamente que não. Entre tantas, ela foi escolhida propositalmente.Não é a primeira vez que se percebe, na grande mídia, o uso de imagens que passam uma mensagem paralela, de sentido dúbio ou com intenção clara de ridicularizar determinada pessoa. Quem não lembra da foto, publicada no jornal O Globo, durante o processo da nacionalização do gás boliviano, onde Lula aparece sendo segurado por trás por Evo Morales?
Alguém poderá dizer que são meras coincidências, mas são coincidências que, na nossa mídia, tornaram-se rotina, principalmente, quando os personagens envolvidos são do PT. Se a esquerda negligencia a comunicação, a direita vê aí uma questão estratégica e sabe utilizá-la muito bem em todas as suas possibilidades, inclusive, no uso da linguagem subliminar. Tanto é assim, que a charge do Ique na página 2 segue a mesma linha: Genro desce a rampa do Planalto de olhos vendados, segurando nas mãos a espada e a balança, símbolos da Justiça. Mas Tarso está "entrando" no cargo, e não saindo! A mídia parece querer antecipar a derrota de um ministro que ainda nem assumiu.Mas se temos um ministro, recém empossado, já sendo ridicularizado na capa do jornal, na página 3, aparece a foto da governadora do RS com um buquê de flores na mão, ao lado do marido, os dois sorridentes, ilustrando uma matéria com chamada de capa que trata da nomeação de Carlos Crusius para a Presidência do Conselho de Comunicação do Governo. A publicação é tão cuidadosa com esta notícia, que enfatiza, tanto na chamada de capa, quanto no título da matéria, o fato de que o marido de Yeda assume o cargo sem ser remunerado.A comparação entre estes dois fatos que, aparentemente, não tem nada a ver entre si, revela algo muito importante que é forma como a mídia trata os políticos que comungam com seus interesses conservadores. De quebra, um evidente caso de nepotismo, fica mascarado pela imagem de um casal unido e feliz. E para atenuar ainda mais esta irregularidade, o jornal insiste em dizer que o Sr. Crusius não será remunerado.
Que belo contraste!
Para um jornal local, O Sul trata essa questão sem o destaque que ela mereceria. Que prato cheio para os colunista e o humor gráfico, uma governadora que nomeia o próprio marido! Sem falar nas trapalhadas e gafes que ela comete a todo o momento.
Aqui, cabe um parêntesis. Este conselho, a ser presidido por Crusius, teria a função de "unificar" a comunicação do Governo. A ser verdade que os tais conselheiros trabalharão de graça, isto só denota a importância que a direita dá à comunicação, pois ela é tão fundamental, que vale o "sacrifício". O tal conselho, na verdade, foi criado para tratar da imagem do governo. Neste sentido, Yeda já dá lições. As fotos, por exemplo, ou são de Jéferson Bernardes, ou são do Palácio o que, no final das contas, é a mesma coisa. Na mídia amiga, Yeda jamais apareceria exposta numa foto como a que O Sul publicou de Tarso Genro. Mesmo assim, ela não corre o risco e abastece as redações com suas fotos produzidas, num evidente acordo entre o Governo e os donos dos jornais.
E tem mais: podemos lembrar, que, pelo menos, na Zero Hora, ela não corre o risco de ser chargeada, porque é amiga pessoal do principal chargista da casa. Este jornal é tão venal, que não deixou Olívio em paz nem mesmo depois de ele ter encerrado seu mandato no governo do RS.
Enquanto a direita trata desta questão com o cuidado que ela merece, o Sr. Tarso Genro concede entrevista à mídia hegemônica que é uma verdadeira pérola. Tanto é verdade, que fomos encontrá-la, reproduzida na íntegra, no blog do Diego Casagrande.
Sem comentários!!!
Alguém poderá dizer que são meras coincidências, mas são coincidências que, na nossa mídia, tornaram-se rotina, principalmente, quando os personagens envolvidos são do PT. Se a esquerda negligencia a comunicação, a direita vê aí uma questão estratégica e sabe utilizá-la muito bem em todas as suas possibilidades, inclusive, no uso da linguagem subliminar. Tanto é assim, que a charge do Ique na página 2 segue a mesma linha: Genro desce a rampa do Planalto de olhos vendados, segurando nas mãos a espada e a balança, símbolos da Justiça. Mas Tarso está "entrando" no cargo, e não saindo! A mídia parece querer antecipar a derrota de um ministro que ainda nem assumiu.Mas se temos um ministro, recém empossado, já sendo ridicularizado na capa do jornal, na página 3, aparece a foto da governadora do RS com um buquê de flores na mão, ao lado do marido, os dois sorridentes, ilustrando uma matéria com chamada de capa que trata da nomeação de Carlos Crusius para a Presidência do Conselho de Comunicação do Governo. A publicação é tão cuidadosa com esta notícia, que enfatiza, tanto na chamada de capa, quanto no título da matéria, o fato de que o marido de Yeda assume o cargo sem ser remunerado.A comparação entre estes dois fatos que, aparentemente, não tem nada a ver entre si, revela algo muito importante que é forma como a mídia trata os políticos que comungam com seus interesses conservadores. De quebra, um evidente caso de nepotismo, fica mascarado pela imagem de um casal unido e feliz. E para atenuar ainda mais esta irregularidade, o jornal insiste em dizer que o Sr. Crusius não será remunerado.
Que belo contraste!
Para um jornal local, O Sul trata essa questão sem o destaque que ela mereceria. Que prato cheio para os colunista e o humor gráfico, uma governadora que nomeia o próprio marido! Sem falar nas trapalhadas e gafes que ela comete a todo o momento.
Aqui, cabe um parêntesis. Este conselho, a ser presidido por Crusius, teria a função de "unificar" a comunicação do Governo. A ser verdade que os tais conselheiros trabalharão de graça, isto só denota a importância que a direita dá à comunicação, pois ela é tão fundamental, que vale o "sacrifício". O tal conselho, na verdade, foi criado para tratar da imagem do governo. Neste sentido, Yeda já dá lições. As fotos, por exemplo, ou são de Jéferson Bernardes, ou são do Palácio o que, no final das contas, é a mesma coisa. Na mídia amiga, Yeda jamais apareceria exposta numa foto como a que O Sul publicou de Tarso Genro. Mesmo assim, ela não corre o risco e abastece as redações com suas fotos produzidas, num evidente acordo entre o Governo e os donos dos jornais.
E tem mais: podemos lembrar, que, pelo menos, na Zero Hora, ela não corre o risco de ser chargeada, porque é amiga pessoal do principal chargista da casa. Este jornal é tão venal, que não deixou Olívio em paz nem mesmo depois de ele ter encerrado seu mandato no governo do RS.
Enquanto a direita trata desta questão com o cuidado que ela merece, o Sr. Tarso Genro concede entrevista à mídia hegemônica que é uma verdadeira pérola. Tanto é verdade, que fomos encontrá-la, reproduzida na íntegra, no blog do Diego Casagrande.
Sem comentários!!!
2 comentários:
Queria expressar minha supresa positiva com os conteúdos tratados em seu blog, muito convergentes com o nosso próprio ponto de vista - especialmente no que concerne à mídia e seu papel preponderante na política contemporânea. Nós do http://votolula.blogspot.com estamos certos de que, se ainda deixa a desejar em muitos aspectos relacionados ao tema, o Governo Lula, ainda que timidamente e carregado de contradições e dissensos, tem dado contribuições relevantes para a questão - as principais são o constante e renovado estímulo e a abertura de espaço às discussões e debates. Que afinal são os pressupostos para a necessária democratização do setor .
Sem remuneração no papel, mas eu duvido da integridade do ato! Duvido! Não acredito! É mais fácil crer em fantasmas do que numa coisa dessas!
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