Ainda sobre as minhas impressões do I Fórum de TVs Públicas:
Em 2 de novembro de 2006, eu e o Eugênio escrevemos nossas impressões sobre o RBS Debates, ocorrido na PUC/RS em 31/10/06, com o tema “TV Digital. Mais que uma evolução, é uma revolução” e tendo Carlos Brito da Central Globo de Engenharia como painelista. Fizemos a seguinte análise da sua fala a respeito de HDTV no artigo "O Mundo cor-de-rosa da TV Digital":
Carlos Brito ainda defendeu, sem meias palavras, a HDTV como a grande revolução tecnológica da televisão, que “veio para ficar”. Uma temeridade, para quem afirmou, minutos antes, que os ipods brevemente serão capazes de armazenar todos os conteúdos áudios-visuais produzidos pela humanidade em toda a sua História. Se a evolução tecnológica ocorrer de forma tão vertiginosa como ele vaticina, quem garante que o HDTV também não se transforme vertiginosamente nesta peça tecnológica obsoleta, tal qual a TV analógica, antes mesmo da TV digital ser implantada em todo o Brasil? Quem pode afirmar, com certeza, que rumos tomarão a tecnologia das comunicações?
Fiz questão de grifar a frase acima para chamar a atenção às palavras de Marcelo Zuffo, professor da USP (Laboratório de Sistemas Integráveis / Fórum SBTVD-T) durante a sua apresentação no I Fórum de TVs Públicas. Ao falar do H264, 4 canais e esta parafernália técnica, na qual termino por me distrair, duas palavras me trouxeram de volta: "obsolescência do HDTV". Comecei a rir, no meio de um público sério. A lembrança de Carlos Brito, na tribuna, falando que o "HDTV veio para ficar" e minha incredulidade nessas palavras vieram à tona: mas não é que tínhamos razão, eu e o Eugênio? Como não dar risada, cuidando para não explodir numa gargalhada? Mas foi muito, mas muito mais cedo do que acreditávamos!
André Barbosa, Assessor Especial da Ministra-Chefe da Casa Civil, e Igor Villas Boas, Diretor de Indústria, Ciência e Tecnologia do Ministério das Comunicações, afirmaram que o Ginga será integrado ao ISDB, padrão digital japonês adotado no Brasil. Igor foi mais longe: este middleware, desenvolvido pelas universidades brasileiras, resolveu a questão do legado às futuras gerações. Por exemplo, o Japão não tem como agregar esta tecnologia, porque são mais de 20 milhões de televisões HTDV produzidas. Outro exemplo de legado vem da Itália: todos os setup box serão trocados, porque a tv digital italiana não apostou em alta definição, coisa que demais países europeus estão fazendo agora com suas televisões digitais.
Por isso, agora, a interatividade e a multiprogramação voltaram à cena, quando se discute tv digital. De uma certa forma, as radiodifusoras levaram uma bola nas costas. Ainda mais, que não se pode pensar apenas em televisão digital, mas em convergência de mídias. Vem daí, também, a "briga" com as teles (para a interatividade, será necessário canal de retorno), a necessidade de se discutir marco regulatório da Comunicação Social...
Enfim, nem bem chegou e o HDTV, como aposta apenas na alta definição, já era: não basta alta definição, serão necessários interatividade e multiprogramação. Quanto a essa última, o Presidente do Fórum SBTVD-T Roberto Franco já disse, em entrevista recente:
No mundo inteiro veja se alguém faz? É muito próximo ao sistema por assinatura. Quando você quer atender a desejos específicos, só fica viável se cobrar. Quanto mais popular um sistema, mais rentável, por isso a multiprogramação não faz sentido. É o modelo mercado público, que precisa de grandes volumes de audiência, pode fazer sentido à TV educativa, informática, já que a programação por si só é o serviço. Tem que valorizar meios mais ricos de programas, reter o telespectador na frente da TV. Se as emissoras vão conseguir sustentar isso, eu não sei.
Ou seja, corremos o perigo de assistirmos, nas TVs comerciais, a mesma programação que apresentam nos dias de hoje!
As transmissões da tv digital brasileira iniciam em 2 de dezembro por São Paulo. Mas Tadao Takahashi, Presidente do Conselho Deliberativo da ACERP, foi enfático: a ano da tv digital brasileira será em 2010, pois tem carnaval, Copa do Mundo e eleições. E lascou: o grande bum de natal, em 2009, será a venda de set up box que anda, fala, dança, numa divertida alegoria aos diferentes aparelhos disponíveis para a venda, conforme o bolso de cada um/uma.
E quanto ao HDTV que veio para ficar, essa crença no pacote fechadinho do ISDB para dar lucro a quem já engorda com dinheiro público via anúncio governamental?
Chorem, Carlos Brito, radiodifusores e Ministro Hélio Costa!!!
Mais detalhes sobre a Mesa de Debate 4 Migração Digital da TV Pública do I Fórum de TVs Públicas AQUI. E não deixem de acessar os slides das pessoas que participaram desta mesa.
Em 2 de novembro de 2006, eu e o Eugênio escrevemos nossas impressões sobre o RBS Debates, ocorrido na PUC/RS em 31/10/06, com o tema “TV Digital. Mais que uma evolução, é uma revolução” e tendo Carlos Brito da Central Globo de Engenharia como painelista. Fizemos a seguinte análise da sua fala a respeito de HDTV no artigo "O Mundo cor-de-rosa da TV Digital":
Carlos Brito ainda defendeu, sem meias palavras, a HDTV como a grande revolução tecnológica da televisão, que “veio para ficar”. Uma temeridade, para quem afirmou, minutos antes, que os ipods brevemente serão capazes de armazenar todos os conteúdos áudios-visuais produzidos pela humanidade em toda a sua História. Se a evolução tecnológica ocorrer de forma tão vertiginosa como ele vaticina, quem garante que o HDTV também não se transforme vertiginosamente nesta peça tecnológica obsoleta, tal qual a TV analógica, antes mesmo da TV digital ser implantada em todo o Brasil? Quem pode afirmar, com certeza, que rumos tomarão a tecnologia das comunicações?
Fiz questão de grifar a frase acima para chamar a atenção às palavras de Marcelo Zuffo, professor da USP (Laboratório de Sistemas Integráveis / Fórum SBTVD-T) durante a sua apresentação no I Fórum de TVs Públicas. Ao falar do H264, 4 canais e esta parafernália técnica, na qual termino por me distrair, duas palavras me trouxeram de volta: "obsolescência do HDTV". Comecei a rir, no meio de um público sério. A lembrança de Carlos Brito, na tribuna, falando que o "HDTV veio para ficar" e minha incredulidade nessas palavras vieram à tona: mas não é que tínhamos razão, eu e o Eugênio? Como não dar risada, cuidando para não explodir numa gargalhada? Mas foi muito, mas muito mais cedo do que acreditávamos!
André Barbosa, Assessor Especial da Ministra-Chefe da Casa Civil, e Igor Villas Boas, Diretor de Indústria, Ciência e Tecnologia do Ministério das Comunicações, afirmaram que o Ginga será integrado ao ISDB, padrão digital japonês adotado no Brasil. Igor foi mais longe: este middleware, desenvolvido pelas universidades brasileiras, resolveu a questão do legado às futuras gerações. Por exemplo, o Japão não tem como agregar esta tecnologia, porque são mais de 20 milhões de televisões HTDV produzidas. Outro exemplo de legado vem da Itália: todos os setup box serão trocados, porque a tv digital italiana não apostou em alta definição, coisa que demais países europeus estão fazendo agora com suas televisões digitais.
Por isso, agora, a interatividade e a multiprogramação voltaram à cena, quando se discute tv digital. De uma certa forma, as radiodifusoras levaram uma bola nas costas. Ainda mais, que não se pode pensar apenas em televisão digital, mas em convergência de mídias. Vem daí, também, a "briga" com as teles (para a interatividade, será necessário canal de retorno), a necessidade de se discutir marco regulatório da Comunicação Social...
Enfim, nem bem chegou e o HDTV, como aposta apenas na alta definição, já era: não basta alta definição, serão necessários interatividade e multiprogramação. Quanto a essa última, o Presidente do Fórum SBTVD-T Roberto Franco já disse, em entrevista recente:
No mundo inteiro veja se alguém faz? É muito próximo ao sistema por assinatura. Quando você quer atender a desejos específicos, só fica viável se cobrar. Quanto mais popular um sistema, mais rentável, por isso a multiprogramação não faz sentido. É o modelo mercado público, que precisa de grandes volumes de audiência, pode fazer sentido à TV educativa, informática, já que a programação por si só é o serviço. Tem que valorizar meios mais ricos de programas, reter o telespectador na frente da TV. Se as emissoras vão conseguir sustentar isso, eu não sei.
Ou seja, corremos o perigo de assistirmos, nas TVs comerciais, a mesma programação que apresentam nos dias de hoje!
As transmissões da tv digital brasileira iniciam em 2 de dezembro por São Paulo. Mas Tadao Takahashi, Presidente do Conselho Deliberativo da ACERP, foi enfático: a ano da tv digital brasileira será em 2010, pois tem carnaval, Copa do Mundo e eleições. E lascou: o grande bum de natal, em 2009, será a venda de set up box que anda, fala, dança, numa divertida alegoria aos diferentes aparelhos disponíveis para a venda, conforme o bolso de cada um/uma.
E quanto ao HDTV que veio para ficar, essa crença no pacote fechadinho do ISDB para dar lucro a quem já engorda com dinheiro público via anúncio governamental?
Chorem, Carlos Brito, radiodifusores e Ministro Hélio Costa!!!
Mais detalhes sobre a Mesa de Debate 4 Migração Digital da TV Pública do I Fórum de TVs Públicas AQUI. E não deixem de acessar os slides das pessoas que participaram desta mesa.
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