23 de junho de 2007

"Sabotagem Golpista: de Allende a Lula"*

Em 1973, eu estava lá, e sei exatamente o que ocorreu. Os caminhoneiros pararam por parar, conduzidos por uma ala do sindicalismo pelego e pagos pelo esforço golpista de Washington. Lembro-me de uma amigo da época, Juanito Paez, narrando que, nas redondezas de Valparaíso, um homem de terno abriu um saco de estopa e distribuiu dinheiro vivo a duas dúzias de motoristas que atravancavam a estrada.
Santiago, mais que outras cidades, sofreu gravemente com o desabastecimento. A mídia insurgiu-se contra o governo, acusando-o de incompetência ao lidar com a crise. Os setores da classe média encontraram um bom motivo para protestar, e legitimaram o levante militar. Estava criado o ambiente para o golpe que depôs Salvador Allende.
Em 2007, no Brasil, há um Golpe de Estado em andamento, desde 2005, com a participação de empresários privateiros, agentes multinacionais de inteligência, políticos da direita neoliberal, sindicalistas propineiros e o "quadrado sinistro" da mídia, composto pelos quatro impérios da comunicação no País: Globo, Abril, Folha e Estadão. Agora, soma-se a esse grupo a extrema-direita militar do grupo Ternuma e de outros assemelhados.
O golpe contra Lula é conduzido na forma de espasmos. O "quadrado sinistro" apega-se a qualquer fato que possa aterrorizar o País e criar o clima para a derrubada do presidente. Recentemente, tentou-se o caso "Vavá". Como o irmão do supremo mandatário mostrou-se limpo, o comando central do golpe desencadeou imediatamente uma nova sabotagem no setor aéreo.
Está mais do que evidente que o movimento dos tais controladores é estimulado por setores externos à categoria. As justificativas são as mais diversas e disparatadas. Uma hora é salário. Outra hora, são os turnos. Agora, inventaram que são os equipamentos.
Na verdade, sem claro motivo, os sargentos do controle aéreo estão sabotando o sistema, permanentemente, como já apuraram as autoridades do setor aéreo.
A mídia golpista costuma descer o pau em grevistas. Dessa vez, no entanto, há total apoio e simpatia por parte do "quadrado sinistro", especialmente de seus editorialistas e articulistas.
Está um curso um golpe, um enfrentamento grave, e o governo e o povo brasileiro precisam se mobilizar, urgentemente. Acreditar que tudo seria rapidamente contornado foi o erro da esquerda chilena. Que não o repitamos aqui.
* Cabem duas perguntas, agora:
1) O acidente com o avião da Gol, às vésperas da eleição, foi mesmo apenas um acidente?
2) O que matou Abel Pereira? Foi apenas o excesso de gordura na dieta?
*Artigo de Mauro Carrara recebido por endereço eletrônico.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olha a cortina de fumaça ai, gente! O caos aéreo é a demonstração cabal da incompetência administrativa do governo Lula. Isso não é golpismo, mas realidade. O ministro continua o mesmo. Waldir pede para sair. Se Lula quiser o meu voto e dos brasileiros para reeleger seu governo deve fazer em toda a administração federal o que está fazendo na Polícia Federal. Por que a gestão eficaz na PF não pode se estender por todo o governo?

Jens disse...

Muito boa a comparação entre o que aconteceu no Chile e o que está ocorrendo no Brasil.
Em 64 tivemos aqui o cabo Anselmo, o quinta-coluna entre os marinheiros. Agora temos os sargentos da Aeronáutica insuflando rebelião para desestabilizar o país - com a ajuda da mídia golpista. Todo o cuidado é pouco. Olho vivo.