Saulo Bartini escreve:
A primeira necessidade é admitir: o projeto de Brizola não conseguiu se enraizar nacionalmente e hegemonizar o país. E o PT gaúcho – mesmo reunindo Olívio, Tarso e Raul Pont – nem sempre conseguiu influenciar decisivamente os rumos do PT nacional. Por isto mesmo, um político como Pedro Simon é a cara hegemônica da política gaúcha no cenário nacional.
Afora o período do governo do Rio Grande, que até hoje causa arrepios ao “senador eterno” e ao povo gaúcho, e de um curto período de governo Itamar; Simon esteve sempre na oposição. Governar nunca foi com Simon: gemia, tossia, gesticulava e sofria muitíssimo com todas as dúvidas. O quê fazer, como fazer, por onde ir? Muitas dúvidas, nenhuma solução. Depois deste período – de 87 a 90, onde as sinetas do CPERS atormentavam sua vida – o alívio: o Senado e suas sessões, onde Pedro podia dormir à vontade. E, de vez em quando, bradar, atirar os dedos frenéticos, fazer um teatrinho contra a corrupção e reclamar da saudade do “velho MDB”.
Política com “P” maiúsculo, uma grande articulação nacional, um projeto consistente para o estado ou país, alguma relevância em alguma bandeira como educação, saúde, desenvolvimento, cultura, ciência e tecnologia? Nada! Tudo isto é muito complicado, dá muito trabalho, exige esforço, paciência e vontade. Tudo que Pedro não tem.
E quando alguém o acusa de ser o que realmente é – cansado, falso-moralista, elitista, discriminatório, silente com a direita privatista e duro com o PT – Pedro se atira num canto e murmura: ”este cidadão não tinha o direito de fazer o que fez”. Ao norte de Torres, Simon pontifica: “CPI é um direito das minorias”. Abaixo do Mampituba, CPI é coisa do PT, de briguinha eleitoral, de quem não quer investigar nada, só quer fazer luta política.
Infelizmente Simon é a cara hegemônica da atual política riograndense: enrugada, envelhecida, auto-referente, que se vangloria de um passado que é mais mito do que fato. Uma cara marcada pela irrelevância das propostas e pelo talvez acobertamento e, talvez conluio, com as talvez mais nefastas práticas políticas do último período. Ou será que todos esquecemos do Simon patético elogiando Duda Mendonça na CPI dos Correios quando o mesmo Duda afirmava ter feito a campanha de Pedro gratuitamente quando ele se elegeu senador em 1998?! Ah se as pedras do Piratini e as línguas de Antonio Britto e Eliseu Padilha falassem! Hoje Simon acusa Tarso de vazar gravações que comprometem mais e mais seus aliados políticos. Hoje Pedro defende esta vergonha política chamada Yeda Crusius. Até quando teremos Simon como expressão hegemônica da política gaúcha? Ou será que é isto mesmo que merecemos?
Charge: Eugênio Neves
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