14 de junho de 2009

CPI da Corrupção

Estivemos, hoje à tarde, no Brique da Redenção para aderirmos ao abaixo-assinado que pede a convocação da CPI da Corrupção. Enquanto assinávamos o documento, ouvimos uma mulher, ao ser abordada por um dos responsáveis pelo abaixo-assinado, perguntar: "Que CPI?" Foi-lhe explicada e a vimos assinar.
A imagem de uma mulher classe média, em torno dos 40 anos, com seu chimarrão na mão, óculos escuros da moda, associada à pergunta que CPI, é a típica imagem da classe média que se tem na conta de bem informada, porque possui acesso aos meios de comunicação. Não perguntamos, mas podemos especular, que esta pessoa tenha TV, rádio, celular, leia jornais e revitas, tenha um computador e acesso a Internet, provavelmente, tenha nível superior. MAS NÃO SABIA QUE HÁ UM MOVIMENTO DE PARLAMENTARES OPOSICIONISTAS PARA A CRIAÇÃO DE UMA CPI NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO RS [ALERGS]!!!
Mais do que uma CPI da Corrupção, achamos que está no momento de uma CPI da Mídia, e esta idéia já é antiga. A importância da CPI da Corrupção se mede, na medida em que a mídia corporativa informa pouco ou nada obre a importância de sua instalação pela ALERGS. Quanto mais silêncio ou letras minúsculas na RBS, Record, Band, Pampa, etc., mais grave é a situação da corrupção no Governo Yeda Crusius [PSDB/PRBS].
Está no momento da população gaúcha admitir que foi um erro votar na Sra. Yeda Rorato Crusius e compreender que, por alienação, foi induzida ao erro pela mídia corporativa. Vamos lá por o nosso nome neste abaixo-assinado, vamos cancelar assinaturas de jornais que não cumprem com o seu papel de bem informar e vamos parar de assistir programas mistificadores, que alçam políticos corruptos como os mais bondosos dos mortais e desqualificam políticos que fazem valer o seu papel público na sociedade.

Aliás, neste quesito, ainda sonhamos com o dia em que políticos sérios, que fazem do seu mandato um trabalho público consequente, ignorem, solenemente, programas em rádio e TV das empresas de comunicação que operam na ilegalidade [monopólio, propriedade cruzada].
E, acima de tudo, participem da I Conferência Nacional de Comunicação! Informações AQUI.

Imagem: blog Zero Corrupção
Atualizado às 19h58min. Nova atualização em 15/06/09, 23h01min.

3 comentários:

Flavia disse...

Agora o que não deixei aqui antes por ser anta com o google:

Vi este post e os de baixo, e me dá a impressão...que estamos sempre no momento de crise. Este continente é a crise perpétua. E neste momento, quando sinto como se a grande represa estivesse para despencar sobre nossas cabeças, sendo que isto não é, não se trata de mitologia gaulesa na qual crê Panoramix, o chefe da tribo que resiste sempre aos romanos, mas realidade, pura realidade, pois se eu fico fazendo um esforço quase que vão, fica estourando por todos os lados múltiplos buracos nesta grande represa que ameaça desabar sobre nossas cabeças, e eu, com todos os dedos comprometidos, pois estão enfiados com fé de davi contra o golias, nos buracos que irrompem nas minhas proximidades - meandros da confecom e usp - vejo que você, como tantos outros, se encontrando em outros lugares, enfiam seus dedos com fé de davi nestes outros buracos que surgem na represa, peru, petrobrás, amazônia vendida, etc...

E vejo que ao mesmo tempo em que é tudo demais para um só ser humano, talvez eu devo, ou devamos ler drummond "tenho duas mãos e o mundo" para que possamos nos curar, que seja psicologicamente dessa mazela que nos ataca o caráter, que ameaça derrubar nossa psicologia na frustração, no desespero, e na saudade de nossa infância simples, que ameaça que nos tornemos seres místicos (como disse Weber, aquele que se retira do mundo impuro). Só há duas curas possíveis, pelo que pude perceber até o momento, e segundo Freud, com quem concordo: uma é pela mentira: curamos o sofrimento psicológico pela invenção de uma estória que nos explica o nosso sofrimento, nos torna vítimas de uma estória que de fato não ocorreu, mas põe a culpa em outros, fora de nós para que assim possamos omitir à nossa consciência a nossa própria culpa e permite começar a viver em paz - tornar a vida algo possível contra o mal psicológico que vem sempre da culpa e que está a ponto de nos aniquilar.

A segunda via de cura é pela verdade radicalizada, pois ao percebemos que somos seres humanos como os outros, e que o mal que nos atinge a cada um de maneira singular, é uma variação possível do mal que atinge a toda a humanidade. Pela mentira retira-se a necessidade do sugeito se perdoar a si próprio, pois por via deste truque a culpa é colocada no outro. Já pela segunda via, a verdade radical, torna-se possível colocar a sua própria culpa numa perspectiva segundo a qual o culpado pode assumir sua culpa, mas ao mesmo tempo deixa de ser um monstro e se vê como humano como os outros, e é capaz, assim de se perdoar. Essa é a cura mais bonita.

Flavia disse...

E vejo como podem ser políticos quaisquer discursos neutros, como, tomemos como exemplo, a cosmologia. É comum que ela nos ensine que somos apenas como um grãozinho de areia frente ao universo. Quantas vezes você já não assistiu Carl Sagan em Cosmos e não se sentiu assim? Um grãozinho de areia frente ao universo, muito maior, muito mais potente, muito mais longevo. Vejo nisso um discurso político, pois um mero grãozinho jamais se rebelará e tentará mudar o rumo desta estrela que seguimos, à qual estamos presos pelos efeitos de sua gravitação, estrela que chamamos de sol. Mas o que vejo? Muitos grãozinhos lutando bravamente para que a terra pare de girar pra um lado e gire pro outro. Seremos grãozinhos ridículos que tentam o impossível segundo a cosmologia? Mas será que ela se aplica à nossa situação?

E quantas vezes você olhou o Carl Sagan nesse programa de TV e se perguntou: Mas afinal, qual é o sentido da vida? E o autor do guia dos mochileiros das galáxias te respondeu, poucos anos depois, que o sentido da vida era 42, e que você agora precisa é encontrar a vã pergunta, cuja resposta é essa. Monthy Pyton fez o filme "O Sentido da Vida" e é um filme muito político, pois creio que eles respondem que o sentido absolutamente não está em sermos meros apêndices de genes egoístas. Quanta punhetagem, né flavia? É que só a punhetagem vem me resolvendo o drama psicológico que tudo isto causa. Se eu fosse a Tica, minha gata (que jamais para de me ensinar a vida simples), nada disso ocorreria. Eu seria simples, realizaria o retorno à infância. Tarde demais. Mas se em algum momento eu escolhi ser humana, deve ter sido por alguma razão, mesmo que ela me fuja no momento.

Talvez eu tenha vislumbrado a oportunidade que não tem nem a Tica nem nenhum cão, de que eu possa ter um gozo a eles vedado, por não serem um animal político. Isso mesmo, o gozo político, que como todo gozo tem que vir da frustração de uma necessidade vital. Respirar, por exemplo, não é gozo. O ar tá sempre aqui, e me sacio dele sempre que quero, sua falta nunca é uma questão, por isso nunca se torna desejo, libido. Comer é muito bom quando se tem fome, e de sexo, nem se fala, as múltiplas frustrações (encontrar uma pessoa, se relacionar com ela, encontrar em dois alguma porção de seus tesões que seja compatível com o tesão do outro, e que isso ocorra em mesma hora e local...). São os meandros da frustração que geram o gozo. Assim como nós, que queremos ter o gozo político. Talvez esteja ai a resposta da pergunta sobre o sentido da vida. Se fossemos a Tica jamais seria possível vislumbrar que algum momento poderiamos ter esse gozo.

Claudinha disse...

Olha, Flavia, é de um grão de areia que se forma a pérola. E não dá para ignorar a sua beleza [pode ser que tenha gente que não goste, né? :-)]. Mesmo assim, as grandes extensões de areia necessitam de cada grão único. Pode ser que, na perspectiva do Universo, a gente pareça seja um item insignificante do conjunto. Mas não é. Se a Confecom não está na boca do povo - assim como essa CPI da Corrupção - é porque não está na mídia corporativa. Mas, no caso da Confecom, foram essas incansáveis vozes "minúsculas", que há mais de 20 anos gritam pela democratização, que a provocaram. E, no caso da CPI, são os incansáveis lutadores que pressionam a população, no corpo a corpo, que talvez consigam "convencer" dois parlamentares gaúchos a assinarem o documento. Quer dizer, numa sociedade do século XXI, na qual a Informação é o bem político maior, é preciso furar o bloqueio da mídia corporativa de tudo que é jeito. E, quem faz isso, são os tais pequenos grãos de areia desse Universo. No blog da Comissão RS, tem um texto do Altamiro Borges sobre a Confecom.
Não estamos sozinhas! :-)