17 de setembro de 2009

O comprometimento da mídia guasca com Yeda Crusius

Ontem, o Presidente da Assembleia Legislativa do RS Dep. Ivar Pavan [PT] entregou documento, sobre as razões que embasaram o seu pedido de impedimento da Governadora-Ré Yeda Rorato Crusius, a todos os jornalistas que cobrem a Assembléia, editores e colunistas de política.

E quais são as capas dos jornais que circulam na capital do RS?


ZH: "baderna" dos estudantes, associado à ocupação pacífica do INCRA pelo MST.
Foto da Governadora-Ré ocupa quase toda a capa.

Correio do Povo: a mesma ladainha da "baderna" dos estudantes, como se essa manifestação não tivesse a ver com a situação crítica que atravessa o estado.

O Sul: mesma foto de ZH.
Foto que denota uma pessoa em ação, preocupada, trabalhando, entendida do negócio!

Jornal do Comércio: nada sobre a mobilização dos estudantes e uma Governadora-Ré sorridente!


Diário Gaúcho: um jornal que inventa uma cidade e um estado.
Pautas do dia, apenas novela e futebol.

Apelos para o grotesco, a violência e a futilidade, como se a população de baixa renda, sua principal consumidora, merecesse só esse tipo de "informação".

A considerar pelas capas de jornais, onde estudos apontam que as pessoas costumam ler apenas manchetes, não existe um processo de impedimento em curso contra o desgoverno do RS.

E quem recorrer aos jornais impressos, daqui alguns anos, não poderá avaliar as situação dramática do RS nesse período. Tudo é tratado como se vivêssemos na mais absoluta normalidade.

5 comentários:

Miguel Graziottin disse...

O modo com que a midia está tratando a CPI só me faz penasr que "as empresas jornalisticas envolvidas" como diz o MO são todas e temem afundar junto.
A RBS, em especial, costuma saltar do barco nestas horas e preparar o substituto. Se não o fez é porque está envolvida até o pescoço e deve ter sido "lembrada disto"....

turquinho disse...

Concordo com o Miguel, o comprometimento dessa midia pulha deve ser enorme para,no maior descaramento seguir "blindando" o (des)governo do sul. O que será que os impede da substituição?

Claudinha disse...

Interessante. O que vcs sugerem, é que a mídia está sendo pressionada, chantageada pela quadrilha.
Muito bom!

@heliopaz disse...

Cláudia,

Acho que o princípio é esse. De qualquer forma, no final do post quando dizes que "...Quem recorrer aos jornais impressos, daqui há alguns anos, não poderá avaliar a situação dramática do RS nesse período...", parece que seria normal e necessário que se utilizasse os jornais como fontes históricas.

Porém, muitos historiadores prudentemente tomam um cuidado absurdo para evitar tanto quanto possível essa relação direta. Isso se deve a uma série de fatores:

- Primeiro, porque a informação mediada sempre serve aos patrocinadores da mídia corporativa - que, por sinal, são aqueles que detém o status quo;

- Segundo, porque esse procedimento os leva (aos historiadores) a ter a imprensa como uma referência menos importante (e não poderia ser diferente);

- Terceiro, porque, tanto quanto possível, o processo historiográfico busca reunir, além de provas materiais e documentais, depoimentos de protagonistas, antagonistas e pessoas relacionadas àquele contexto;

- Quarto, porque, dentro de no máximo 20 anos, os jornais e revistas cujo suporte material ora seja o papel ou o plástico serão produtos em desuso (dificuldade de conservação, armazenagem cara, sustentabilidade);

- Quinto, terá que haver uma garantia legal que garanta alguma materialidade para a informação que, desde o começo deste século, está sendo quase totalmente digitalizada: imagina um mundo sem energia elétrica. Nesse caso, perder-se-ia quase tudo o que tem sido feito em todas as áreas do conhecimento.

Aí já entrei em outras questões. Mas elas estão diretamente relacionadas à democratização da comunicação e à possibilidade de acesso a um conteúdo que não pode ser desintegrado ou não pode ficar sem suporte material para ser reproduzido.

Interessante: esse comentário vai me render um novo post! :)

Besos,
Hélio

Claudinha disse...

Helio, pesquisei os jornais de 1964 nos 40 anos da ditadura civil-militar. Estavam em bom estado de conservação. Aliás, no Hipólito da Costa, há relíquias mais antigas ainda, tb em bom estado, para consulta.

De fato, não saberemos o que nos espera no futuro. Mas o impresso tem mais garantia de durabilidade de que bytes. Muitas páginas importantes já estão fora do ar. Além disso, toda e qualquer forma de registro é, e sempre será, material de pesquisa. Caberá à pesquisadora, ao pesquisador, eleger suas fontes, rotina comum.

Abraço!