30 de dezembro de 2009

A ERA OBAMA – HONDURAS, VIOLÊNCIA E BARBÁRIE


Laerte Braga*



As eleições presidenciais em Honduras, farsa montada pelo governo golpista de Roberto Michelleti e os Estados Unidos não puseram fim à resistência do povo hondurenho ao golpe de estado de julho deste ano e muito menos à boçalidade das forças que tomaram o poder e depuseram o presidente do país Manuel Zelaya.

Serviram para mostrar a verdadeira característica do governo Obama. Não há mudanças em relação ao período de George Bush quando se trata de impor a ferro e fogo o império norte-americano.

Os acontecimentos dos dois últimos dias em Honduras, não noticiados pela mídia brasileira e a dos países sob controle político dos EUA, são chocantes, sinônimos da estupidez e da boçalidade de militares golpistas e elites daquele país (não diferem nos outros países latino-americanos alinhados com Washington), tanto quanto mostram que Honduras é de fato a síntese da América Latina e da visão de Obama sobre democracia, liberdade, direitos humanos, toda a parafernália mentirosa de uma embalagem negra de sabão em pó e que, no governo, se mostra branca, cruel, perversa e cínica.

Militares e polícia perseguem, prendem, torturam, estupram mulheres, invadem casas para garantir o que aqui a GLOBO chama de “fim da crise”, escondendo que os hondurenhos não aceitam a farsa em curso.

Só nesses últimos dois dias, passado o período do Natal, aquele que o terrorista Barack Obama iluminou com uma árvore em sua cidade, Washington, na hipocrisia do cristianismo travestido de “trinta mil homens para completar o serviço”, só nesses dois últimos dias, mais de dez mortos e centenas de presos.

O governo eleito por um comparecimento mínimo e forçado (funcionários públicos coagidos a votar, militares e trabalhadores de empresas estrangeiras) está se constituindo sob o sangue de cidadãos hondurenhos num país controlado por organizações terroristas dos EUA e a cumplicidade covarde e desumana de seus militares e suas elites.

O que Honduras mostra, o povo hondurenho, para além da capacidade de resistir e lutar à custa de vidas, como mostram noutro canto os palestinos, os afegãos, os iraquianos, povos oprimidos pelo cavalo de Obama (“por onde passa não medra grama”), é que a luta dos trabalhadores transcende a essa grotesca estrutura proporcionada pelo capitalismo e pelo centro de todo esse tipo de ação, num mundo globalizado (“globalitarizado”) sob a égide de tacões nazistas, abençoados pelos cardeais ressurretos dos tempos de Pio XII (quando judeus eram entregues aos nazistas para preservar o Vaticano e a pompa de “sua santidade”).

O que acontece em Honduras, a despeito do tamanho do território daquele país só tem paralelo nas ditaduras de Pinochet, de Vidella, de tiranos como Médici, Costa e Silva, Somoza, Trujillo, Batista, tantos outros, que encheram a história de seus países com o sangue de inocentes.

E nas câmaras de tortura onde pontificavam os tipos “brilhante ulstra”.

A política de Obama é pura violência. É a estupidez em sua forma mais abominável, porque disfarçada de prêmio Nobel da Paz. Deve ter custado milhões de dólares. Esse tipo de gente que decide esse tipo de coisa é fácil de ser comprada.

A reeleição do presidente boliviano Evo Morales na Bolívia, a presença de Chávez na Venezuela, de Corrêa no Equador, de Ortega na Nicarágua, de Lugo no Paraguai, de Castro em Cuba, de tantos que resistem a essa nova Idade Média, a do poder avassalador e predador da tecnologia em sua forma destrutiva quase que absoluta, mas com arsenais absolutos, transforma Honduras e a base militar dos EUA lá existente (escola para militares golpistas em toda a América Latina) em centro do terrorismo capitalista contra toda a América Latina.

Não é uma luta só de hondurenhos e perceber essa dimensão é de suma importância.

É literalmente aquela história de arrancar uma flor do jardim e depois o jardim inteiro.

Crianças, filhos de resistentes, estão sendo assassinados como forma de tentar intimidar os pais. Trabalhadores, camponeses.

A sanha sanguinária desse tipo de gente (por aqui existe aos montes, aglomeram-se no esquema FIESP/DASLU e com cúmplices militares, braços políticos como PSDB e DEM) ultrapassa a noção de sanidade.

Organizações internacionais de direitos humanos estão denunciando em todos os países da Europa e o governo da Espanha tem veiculado essas denúncias, o horror de todos os dias em Honduras.

A posição do governo brasileiro tem sido correta e não sofre, por essa correção, censuras de Washington. Sofre pressões diretas de embaixador, de secretária de Estado e declarações intempestivas e ofensivas do presidente terrorista da Cervejaria Casa Branca. Com a cumplicidade de grupos de militares e das elites econômicas.

Os discursos de Evo Morales e Hugo Chávez em Copenhague transcendem a questão ambiental (Obama ficou lá doze horas para fazer marketing, as tomadas para os noticiários fétidos à semelhança do JORNAL NACIONAL). Estendem-se à imperiosa necessidade de reagir para sobreviver, pois outro não é o objetivo, por exemplo, da CPI do MST entre nós. Encurralar a luta dos trabalhadores e camponeses.

Quando os dois presidentes, únicos a dialogarem com os milhares de cidadãos de todo o mundo, europeus principalmente, que foram à Dinamarca protestar contra os crimes dos donos, denunciaram a impotência de organismos como a ONU, estavam apenas mostrando a dura realidade de um mundo em conflito, de uma nova forma de guerra fria, coberta pelo sangue inocente de hondurenhos, palestinos, afegãos, somalis, trabalhadores de um modo geral.

Não há saída no aceitar esse horror que pode ser sintetizado em Honduras. Nem há saída na democracia como a vendem, pois o mundo tem um centro de atrocidades em Washington e um terrorista diferente de Bush. Sorri e vende a imagem de um novo mundo.

É o mesmo, só que as balas de urânio empobrecido que usam para assassinar resistentes parecem ter sido coloridas, para que as redes mundiais da mídia venal as exibam com o requinte da chamada tevê digital.

É barbárie pura.

Ou lutamos com Honduras, ou breve essas legiões de SS estarão marchando por nossas ruas.

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Laerte Braga, jornalista, colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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